quarta-feira, novembro 11, 2009

A estatística e o apagão de ontem!

Acho que está havendo muita onda com o apagão de ontem. Somos dependentes de energia, não ficamos nem 5 minutos mais, o mundo para, é quase o ar que respiramos, sem exagero. Vamos tentar esclarecer algumas coisas:
  1. Não devemos politizar a questão, nem comparar o ocorrido em 2001 com o apagão de ontem. Em 2001 havia falta de água nos reservatórios do Sudeste, e o Sul vertia água. Hoje o sistema é interligado e não aconteceria novamente. Diga-se de passagem, mesmo com um custo altíssimo, a gestão do racionamento foi muito competente e ninguém pode negar isso.
  2. Hoje, por fatores naturais, temos um excelente momento no setor elétrico. A água dos reservatórios atingiu níveis históricos, o país perdeu força no crescimento do consumo por conta da crise de 2008, enfim, é tudo favorável. Muita sorte, em janeiro de 2008 a situação sinalizou um problema grave. Na época Jerson Kelman, então diretor da Aneel, alertou para o risco iminente de falta de energia.
  3. As projeções em 2008 estavam corretas, mas a estrela de Lula brilhou e o regime pluviométrico aliviou o setor. Projeções davam problemas sérios em 2011, ou até em 2010 se a economia crescesse.
  4. Hoje temos uma situação relativamente tranqüila, mas energia deve preceder desenvolvimento. Os aproveitamentos do Rio Madeira ( Santo Antônio e Jirau) e ainda Belo Monte no Rio Xingu, além de PCHs, biomasssa e eólica podem dar uma certa tranquilidade até 2013 talvez, mais precisará ser feito. Na minha opinião a saída é usina nuclear, mas isso é papo para outra postagem.
  5. Escrevam ai: Os aproveitamentos da Amazônia vão enfrentar muitos percalços, ambientais principalmente, mas não se esqueçam da linha de transmissão que deverá cortar o país para trazer a carga ao centro de consumo. Infelizmente vejo que cronogramas podem furar e comprometer a margem de risco.
  6. O setor elétrico é complexo, além da qualidade do serviço ao consumidor, as questões de balanço de cargas, despacho de carga, etc. têm complexidade tremenda. O setor trabalha com margens de segurança e administração do risco com muito conservadorismo.
  7. O setor é interligado e bem administrado pelo ONS. Vejam os países vizinhos ao nosso, inclusive o Paraguai, o problema de energia. As empresas no Brasil têm problemas, mas operam bem, nosso sistema tem melhorias a serem feitas , mas funciona a contento. O marco regulatório é questionado em alguns pontos e tem falhas, mas ainda assim está ai.
  8. Aproveito a deixa do apagão para insistir na tese: A saída para o setor é a geração distribuída e as fontes renováveis e limpas. O mundo pede este caminho.
O apagão de ontem foi um acidente raro. O sistema trabalha contingenciado e manobras podem ser feitas para minimizar problemas de sobrecarga ou perda de conexão. O fato ontem, tudo indica até aqui, foi uma série de coincidências que estatisticamente não se repetem, ou a probabilidade de ocorrência é muito baixa. O MME explica: Clique e leia

Vamos lembrar o conceito de probabilidade:

Conceito de probabilidade

Se em um fenômeno aleatório as possibilidades são igualmente prováveis, então a probabilidade de ocorrer um evento A é:

Dizemos que um espaço amostral S (finito) é equiprovável quando seus eventos elementares têm probabilidades iguais de ocorrência.

Num espaço amostral equiprovável S (finito), a probabilidade de ocorrência de um evento A é sempre:


Isso nos mostra que para determinadas coisas acontecerem, as chances são mínimas.

Não sei o cálculo exato das chances de ocorrência do fato de ontem, mas garanto que é muito pequeno e com certeza existem os planos de operação para manutenção da margem de risco.

Acidentes ocorrem, nos EUA e Canadá são relativamente comuns pelas condições climáticas de lá. Aqui já aconteceu, não nesta proporção.

Não tenho procuração para defender a administração do setor , sou ligado na área, tenho amigos e conhecidos e conheço um pouco do assunto, mas tenho isenção e assim como elogio algumas ações, critico outras.

Digo sem dúvida que tudo leva a crer que o evento foi fortuito e raro de acontecer. Pode ter havido falha humana? Pode, sempre. No conceito de Risco vemos que sempre é preciso existir uma sucessão de erros para desaguar em um problema na dimensão do corrido ontem.

Sinceramente , não acho que a questão precisa ser politizada. A oposição não deveria se alegrar e a situação não deve comparar o fato de ontem com o que ocorreu em 2001.

Até onde me informei, na mídia e com "insiders". Caíram todas as 5 torres simultaneamente cortando a energia que vinha de Itaipu para cá, Sudeste.

Não houve 100% de blecaute porque Itaipu representa 30% do suprimento da região. Outras fontes seguraram e as manobras dos centro de operações das concessionárias trabalharam forte e pelo jeito bem.

Nenhum comentário: