domingo, setembro 20, 2015

O impeachment sai?


Acho que a madame dançou, de uma forma ou de outra.
Se fizermos um gráfico, como diz um amigo, da crise do país desde a eleição até hoje, será uma exponencial. Tirando alguns momentos em que Dilma e sua trupe acertou alguma ação política, só assistimos trapalhadas, uma atrás da outra.
Quem parece comandar de fato é ela, como sempre fez. O parlamentarismo "de fato" que vivemos pela reação do congresso é que vai colocar as coisas no lugar.
Antes de falar de impeachment, gostaria de dizer que não sou a favor de impeachment. Não vai resolver o problema emergencial do Brasil, mas reconheço que a saída dela pode ser uma alento aos atores econômicos do mercado com a sinalização da quebra deste ciclo de indefinições e problemas que precisam ser atacados, para colhermos os frutos mais na frente, daqui há 2 ou anos anos.
O processo está na lei, clique e leia, não é golpe como alegam algumas, inclusive ela.
Não é processo fácil, demanda 2/3 do congresso. A CD dá autorização de abertura do processo e o SF é que efetiva o impeachment. Conseguir 2/3 daquelas duas casas não é fácil.
Ela deverá ter todo direito de defesa, e deverá recorrer inclusive ao STF, que na tese de alguns, estaria aparelhado. Eu não acredito, até porque já deram mostras alguns ministros que são independentes e magistrados de verdade. Claro, que 2 figuras de lá são carimbadas e conhecidas, mas não acredito que podem conduzir a casa magna da justiça brasileira.
Existem 17 processos em análise, elementos para abrir a discussão não faltam e devem se consolidar agora em outubro.
Dinheiro do "Petrolão" na campanha dela e as tais "pedaladas" são as principais motivações que legitimam um eventual pedido de impeachment.
Alguns ainda dizem que as tais "pedaladas" ocorreram no passado e não são ilegais, mas porque ilegalidades foram cometidas no passado e por qualquer motivo não foram punidas, recebem atestado de legalidade? Claro que não. Abusaram dos equívocos, as contas públicas e a desorganização corroboram isso, não acho que precisa ser mais discutido o tema.
Ouvindo todos analistas políticos e jornalistas, inclusive alguns que foram defensores do governo e têm explicitas simpatias por eles (ou tinham) são unânimes em considerar que o impeachment está na pauta politica. Até Dilma tem recorrentemente abordado o assunto, para pavor de sua assessoria, que teme a banalização de uma tema tão complexo.
Para falar de previsão, reiterando que sinceramente não sei se é a melhor opção para o país, o impeachment deve seguir o seguinte cronograma:

  1. Outubro - Existe chance de abertura do processo, ou o plenário avaliar esta situação.
  2. A oposição vai mobilizar as ruas, que já pedem isso na maioria e pela popularidade dela, será fácil. Alguns esperam uma nova pesquisa onde ela deve despencar mais alguns pontos. Vale lembrar que Collor no seu pior momento ainda tinha 15% de aceitação, Dilma não passa de 10%.
  3. Até dezembro podemos ter o desfecho deste processo. Acredito que a CD, se começar o trâmite, vai ter grandes chances. Eduardo Cunha que deve conduzir isso, não entraria em aventura de colocar um processo destes sem ter alguma garantia de sucesso.
  4. Temer assumiria porque é outra opção que seria a anulação da chapa de ambos pelo dinheiro sujo, demoraria mais e quando escolhido um caminho, este terá foco das forças políticas, contra ou a favor do impeachment.
Conclusão: Ontem ouvindo um programa, um analistas catedrático disse uma coisa: Existem hoje dois grupos de políticos, os que estão a favor do impeachment e os que estão contra. Os exércitos estão na rua, e a batalha vai começar.
O movimento será suprapartidário com a participação do PT. Por mais que a mídia tenha dito que Lula pediu Eduardo Cunha para segurar os processos de impeachment , eu não acredito. Lula e o PT seriam beneficiários em 2018 da saída dela desta forma. Isso se o PT resistir a eleição do ano vem, porque o estrago na imagem é grande, e muitas lideranças boas que estão lá, devem e podem trocar de partido.
Aliás, em um eventual impeachment e um governo de coalização que deve sair, veremos uma grande reorganização partidária.
Alguma coisa precisa ser feita. A economia não aguenta este mar de indefinição e erros seguidos, o pacote com a CPMF tem chance quase nula de passar no congresso e não existe nenhuma sinalização de medidas mais concretas por parte do governo. Corte de gastos, premissa do ajuste fiscal necessário, foi pífio. Se tivessem dado o exemplo, enxugando pra valer a máquina mastodonte pública, a sociedade até poderia aceitar mais carga tributária, mas não é o caso.
Vários países que viveram crises fiscais como esta, tomaram outro caminho, reduzindo carga tributária e retomando o caminho privado para gerar riquezas. 
Hoje os governo e o setor financeiro sugam as riquezas e sufocam o país, é preciso virar o jogo.
A renúncia dela, especuladas por alguns, seria possível? Sinceramente, a luz do temperamento dela não, mas, a rigor, não podemos dizer que ela não vai renunciar. Acho que é uma possibilidade real considerando o agravamento da crise política e econômica. Aliás, alguns colunistas políticos bem informados disseram que ela já redigiu uma carta de renúncia, é esperar para ver.
Vamos aguardar os próximos lances, mas até dezembro teremos uma visão clara, se ela sai, ou se ela fica e o país viverá analogamente como o governo Sarney, que foi tocado pelo PMDB. A diferença é o animal político Sarney que soube levar o barco, Dilma tem lá suas qualidades e aptidões (deve ter, todo mundo tem), mas uma que ela não tem é saber fazer política, e esta é uma das principais razões da crise. Os erros da economia ainda são imensuráveis, mas estão ai, claros como a luz do sol.
Dilma deveria saber que a economia, principalmente as crises, se antecipa ao cenário político orientando o rumo a ser seguido. Sempre foi assim, sempre será assim.

segunda-feira, setembro 14, 2015

A nova CPMF e o déficit das contas públicas, e ai?







Imagens dizem mais do que palavras.

Figura 01

Vamos aos fatos:
  1. O governo apresentou um orçamento no Congresso Nacional com déficit de R$ 30,5 bilhões, mas tem gente que acha que será maior porque as projeções de receita estão furadas, mas as despesas não. Clique e leia
  2. Desde 2002 as despesas crescem e as receitas não batem com as projeções. Com o crescimento médio nos primeiros governos petistas, a média de crescimento do PIB ( 4,2% e 2,7% nos 2 governos Lula e 1 de Dilma) mascarou esta questão do crescimento do gasto público.
  3. Tenho acompanhado o debate deste grave problema e podemos constatar que a origem deste descontrole começa na Constituinte de 88 que criou uma série de despesas sem a correspondente fonte de receita para cobrir os gastos. O PT agravou muito o problema, principalmente quando agravou-se o problema da inflação e o mundo arrefeceu sua prosperidade em 2008 com a crise mundial, que aliás acabou para a maioria dos países em 2010.
  4. O descontrole dos gastos e os equívocos do modelo petista (consumo+crédito) sem a gestão nos momentos que deveria intervir , agravou o problema.
  5. Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do planeta, hoje em torno de 30% do PIB. Somos o INGANA, impostos da Inglaterra e serviços de Gana. Clique e veja o Impostometro. Trabalhamos 5 meses do ano para pagar impostos.
  6. Os juros hoje consomem 8% do PIB . Clique e veja
  7. Se somamos a carga tributária + Juros somos extorquidos pelo governo + sistema financeiro e estes recursos saem da poupança e investimento, para onde deveriam ir, e concentram nas mãos do governo perdulário e do sistema financeiro da usura. Este é dos mais graves problemas para o não crescimento de economia.
  8. Pela figura 01 desta postagem podemos ver os maiores problemas são: Juros + amortização e a previdência social, com problemas estruturais que demandam uma reforma URGENTE, há muito tempo. Clique e veja as despesas de 2015. Dá pra ver o tamanho da amortização + juros que suga nosso orçamento.
  9. Acrescento ai os cargos comissionados (quase 120 mil) e os 39 ministérios. O Brasil tem mais funcionários do que a Alemanha e EUA, será que estamos certos? Clique e leia

O Brasil gasta muito e mal, estado perdulário com  desperdícios e corrupção que sangra nosso tesouro e no final das contas nosso Bolso.
Esta gastança é a causa principal do baixo crescimento econômico e da ameaça inflacionária que corroí a renda e destrói a nossa estabilidade conseguida a duras penas com o Plano Real.
Perdemos o Grau de Investimento e tudo indica que vai piorar.

A nova CPMF e as medidas anunciadas hoje:

Vou deixar minhas considerações:
  1. O Governo anuncia que cortará R$ 26 bilhões. A pergunta que fizeram vários analistas: Porque não cortaram isso antes de mandar o orçamento deficitário e acelerar a perda do grau de investimento?
  2. Jogaram na mídia a volta da CPMF. Apanharam de todo lado e insistem no tema. A CPMF ( 0,2% por 4 anos....será?) é um imposto cumulativo que incide por toda cadeia produtiva, é justo no sentido de pegar todo mundo, mas será péssimo neste momento de inflação arrebentando as metas e beirando os 2 dígitos, aliás em algumas cidades já esta acima de 10% e quem vai ao supermercado sabe o que falo.
  3. Lançaram impostos sobre a renda na alienação de bens. Em tese pegaria os mais ricos, mas vamos ser francos, o que pode ser na prática esta medida é ainda uma maior redução de transações comerciais que envolvam bens declarados no IR das pessoas físicas, já que este impostos só pega a PF. Outra coisa, qual é o impacto disso na arrecadação? 
Conclusões minhas:
  • O governo meteu os pés pela mão mais uma vez, tomou medidas corretas no tempo errado, poderia ter feito isso mais atrás.
  • Quero ver os cortes anunciados acontecerem na prática, governos populistas não cortam nada, acham que dinheiro cai do céu ou dá em árvore.
  • A medida de suspensão da correção do salário do funcionário público vai azucrinar os executivos do governo e o congresso e pergunto novamente: Qual é o efeito prático desta medida? Reduz quanto?
  • Os juros desnudados já trazem graves problemas a estados e municípios. A perda da arrecadação pela queda do crescimento e a excessiva concentração em Brasília dos recursos nos leva a pensar IMEDIATAMENTE no Pacto Federativo. Prefeituras e estados já têm problemas para pagamento de pessoal.
  • A concentração na mãos da súcia bancária e a atração do capital especulativo para renda fixa joga lenha na fogueira do ciclo perverso que vivemos: Baixo crescimento + Inflação, a terrível Estagflação, cansei de falar isso aqui.
Minha projeção para este momento:
  • A governabilidade de Dilma fica ainda mais comprometida. Acho muito improvável o congresso aceitar e votar aumento de impostos. Já disse: Governo forte tem dificuldades de aprovar aumento de impostos, governo fraco então, sem chance. É o nosso caso atual.
  • Mesmo que venham medidas provisórias (e devem vir) o congresso vai barrar, anotem ai.
O que nos resta então? Rezar, porque é tudo imprevisível no momento. Renúncia, Impeachment, Parlamentarismo? Acho que pode acontecer qualquer um dos 3, sem previsão de quando isso acontece.
Para mim, modestamente opinando, estas medidas foram a pá de cal no governo dela. Infelizmente o Brasil não precisava passar por isso.


quinta-feira, setembro 10, 2015

A origem e a essência do problema econômico do Brasil (2)


Ainda querem aumentar impostos? Temos é reduzir a carga tributária e fortalecer o setor produtivo para gerar emprego e renda. NÃO EXISTE JUSTIÇA SOCIAL SEM GERAÇÃO DE RIQUEZA E RENDA.


Clique na figura e veja como estamos diminuindo a capacidade da sociedade e do setor produtivo gerar riqueza e renda. O estado é um parasita e só vem aumentando sua gula.


Imagina que 45% de tudo produzido é revertido para o estado. Clique na figura e veja s dados.
Soma-se a isso 8% do PIB (clique e leia) gastos em juros e assistimos 53% da riqueza, bens e serviços produzidos irem para o ralo.
O setor financeiro nada de braçada, mete a mão com juros escorchantes, de usura, spreads criminosos e o governo gasta mal, muito e usa os recursos que deveriam ir para saúde, educação, infraestrutura e o bem estar social básico para politicagem e nem vamos abordar aqui, mas a corrupção que chegou a níveis astronômicos e nos remete a crise moral somada a política e econômica.

Quando mais se arrecada, parece que menos "capital social básico" que deveria ser provido pelo governo aparece e trabalhamos já 5 meses para pagar impostos. Querem aumentar mais?

Curiosidade neste site acima, o Impostometro, medidor de imposto atualizado. Hoje estamos em 1, 3 trilhões, Clique e veja


Pasmem os leitores deste Blog, isso vem deste o governo FHC. 

No livro que cito e menciono várias vezes há exemplos de países que viveram problemas e saíram de crises, como Chile, México, Canadá e até Suécia. Todos, sem exceção, reduziram a carga tributária como solução para a crise, aqui estamos na contramão mais uma vez.

Existe a teoria da Curva de Lafer, resumidamente, quanto mais quer arrecadar e aumenta d carga tributária, menos se arrecada.


Veja o vídeo.



Estamos ai com a origem e a essência de nosso problema.
A perda do grau de investimento recente pode agravar porque faltará recursos esternos, ou ficarão mais caro. Se não temos aqui, gastamos mal e muito, o que faremos?

Só o conserto das contas públicas, reorganização de gastos públicos e pensamento no médio e longo prazo. No curto estamos ferrados e pagaremos caro pelos erros cometidos. Infelizmente.

A origem e a essência do problema econômico do Brasil (1)



Estamos vivendo séria crise no Brasil, alguns ainda não querem enxergar. Já vivemos crises no passado e como sempre sairemos desta. A resiliência e o potencial do Brasil são maiores do que as crises, os políticos e a incompetência que causa estas crises. O problema como sempre, é o custo disso para a sociedade, as futuras gerações e o tempo de sofrimento.

Acabo de ler o Livro O Mito do Estado Grátis de Paulo Rabello de Castro. Escrito em 2014, o autor foi de uma precisão para mostrar nossos erros, apontar soluções e comparar exemplificando como outros países viveram e enfrentaram seus problemas econômicos.


Recomendo a leitura para todos que queiram conhecer mais nossos problemas e entender o que estamos vivendo. SENSACIONAL o livro e por isso mesmo faço desta postagem alguns trecho que considero claramente a explicação pelo problema que estamos vivendo.

Já disse inúmeras vezes que o primeiro governo Lula foi bem, seguiu a cartilha da estabilização da moeda (Plano Real) e tendo a frente o excelente Henrique Meirelles no Banco central tocou o barco. Fica a observação de que o mundo "bombava", prosperidade total.

A partir do segundo governo e pós Mensalão, ai começou nosso flagelo. Ele cedeu aos populistas e as bobagens começaram. Este gráfico, extraído no livro, mostra bem onde a ineficiência do estado e o tamanho dele começa a interferir no setor produtivo e "sugar" as potencialidades.



O desmonte da nossa indústria que vislumbraria a recessão começa a ficar clara. Como definiu 

Alexandre Schwartsman o Brasil adota a política econômica do CCC, Crédito, Consumo e Commodities.

Explico: Expansão do consumo e crédito e apoio no boom mundial da China com demanda e preço das commodities no espaço. Claro que isso não duraria para sempre e as ações no crédito e consumo deveriam ter sido administradas e até sofrido correção de rumos.

A expansão dos gastos públicos, tirando cada vez mais capacidade da sociedade e setor produtivo dde gerar renda (para poupança e investimento) continua firme e forte. Vejam isso:

Clique para ler, mas o resumo é que nossa carga tributária é perversa, temos 63 taxas, tributos, impostos e contribuições (não sei se outro país tem este tanto) e mesmo com as desejadas e bem intencionadas desonerações acabou por não trazer efeito algum.
Além disso temos vários impostos que incidem em cascata no setor produtivo, que é terrível e mortal.
Vale lembrar que o AUMENTO do estado e da arrecadação vem desde o governo FHC, que mesmo com a privatização, acertada por sinal, ainda aumenta gastos públicos.
Vale anotar que o governo FHC teve vícios e virtudes, principalmente a consolidação do Plano real e a estabilização da moeda, mas viveu diversas crises mundiais, ao contrario dos petistas que só tiveram a de 2008, aliás gravíssima. Ainda alguns reverberam "crise mundial", que acabou em 2010, inclusive para nós. Restam países com resquícios do populismo, mas em franca recuperação como a Grécia. Clique e leia sobre as crises mundiais no século XX e XXI.

É só clicar na figura para ver a evolução da carga tributária e a "iterferência" no setor produtivo e na sociedade.



O governo torna-se sócio majoritário na produção reduzindo a capacidade e potencial de crescimento e melhorias.