sexta-feira, novembro 28, 2014

Nova equipe econômica e o que nos aguarda em 2015 e 2016.


Não é fácil fazer previsões,mas é necessário a gente tentar se antecipar aos fatos, principalmente se eles forem negativos.
Esta figura retrata bem como deverão ser os próximos 2 anos no cenário político,econômico e institucional no Brasil. Nuvens negras no horizonte,não obstante a escolha da nova equipe econômica que merece meu aplauso e meu apoio, pelo menos pelo que representam na teoria e background.
Hoje estamos com nuvens negras,mas a expectativa da mudança para melhor pode dissipá-las e esta equipe, se tiver autonomia e as ferramentas certas, pode consertar as coisas.

Vamos falar rapidamente deles:

  1. Joaquim Levy- Fazenda - Clique e leia mais Com larga experiência e CV de primeira ele pertence a escola de Chicago e tem pensamento que é considerado ortodoxo e liberal, mas na minha opinião é o que funciona. Ele será o coordenador da equipe Veja este artigo dele: Clique e leia - O Cambio que agrada só por este trecho ele teria meu apoio irrestrito: Como não se controla a demanda externa, a variável-chave para o câmbio acaba sendo o outro componente da demanda pelos produtos nacionais, isto é, a demanda interna. A maneira mais eficaz de acomodá-la, permitindo à moeda ajustar-se, é com menos gastos públicos. Congelamento do crédito e aumento dos impostos de importação são custosos e criam ineficiências e oportunidades para a corrupção. Apesar disso, já foram usados no Brasil, sobretudo nos anos 1950, depois que se queimaram, com estatizações e estímulos ao consumo, as reservas internacionais acumuladas durante a Segunda Guerra Mundial.Essas relações validadas pela história se relacionam com o chamado tripé macroeconômico, porque este reconhece que as políticas monetária e fiscal e o câmbio andam juntos. Menos gasto do governo ajuda a fazer os juros caírem, desestimulando o excesso de entradas de capital e modulando o câmbio.
  2. Nelson Barbosa -Planejamento-  Clique e leia  Ele tem também larga experiência e há 2 anos saiu brigado com este governo por não aceitar a "contabilidade criativa" e gerar números "mágicos" para mascarar os erros. Ele ficará a cargo do planejamento. Os programas de investimentos do governo PAC, Minha Casa Minha Vida,etc podem ganhar em eficiência e para fazer o Brasil voltar a crescer precisaremos dos investimentos públicos. 
  3. Alexandre Tombini - Parece boa pessoa e técnico com boa experiência, mas foi submisso a Mantega e Dilma e não exerceu seu papel corretamente, o estouro da inflação (passando da meta ) poderia ser evitado se ele tivesse mais voz e ação.
Algumas considerações,mas para entender uma simples ilação: Quem gasta mais do que arrecada,só vai em frente se tomar dinheiro ou equilibrar as contas:
  1. O Brasil está mal pelo descontrole das contas públicas a partir do segundo governo Lula. Cansei de alertar aqui. A politicagem e o projeto de poder são a razão disso.
  2.  Muitos indicadores positivos conquistados estão indo para o ralo. Eles precisam retomar as rédeas e a credibilidade na economia e no Brasil.
  3. Joaquim Levy pode ser um interlocutor de peso e confiável. A economia precisa de um porta voz com credibilidade,coisa que não temos desde a saída de Henrique Meirelles do BC.
  4. Pela entrevista ontem,antagônica ao pensamento e a pregação da campanha de Dilma,traz alento porque é a mudança do caminho e correção de rumo, mas por outro lado traz a preocupação de como irá ser o embate entre as idéia de Dilma( que se julga economista) e esta nova linha de pensamento e ação. Os petistas mais radicais já começam a chiar. 
  5. Tudo o que foi dito na campanha eleitoral será feito em caminho contrário. A oposição se aproveita e terá munição para o ano legislativo. 
  6. Pontos chaves que notei na entrevista deles:
  • Eles combinaram o tom da conversa e todos usaram "cola" previamente feita.
  • Ficou claro que vão buscar o equilíbrio fiscal (o maior problema no momento) para evitar a perda do grau de investimento e restabelecer a credibilidade.
  • O papel dos bancos públicos será reduzido (quem diria em dona Dilma?) e portanto os novos executivos dos bancos públicos BNDES,BB e CEF são peças importantes no tabuleiro deste xadrez.
  • O desafio (sabido e cantado aqui várias vezes) é a busca do crescimento econômico sem esta falácia de crise internacional.
  • O segundo maior desafio é voltar a inflação para abaixo da meta e reduzir a meta.
  • Cortar gastos públicos (complicado para o PT),mas sem mexer muito nos investimentos públicos,também necessários neste tabuleiro de xadrez para retomar o crescimento.
Minhas conclusões,até aqui:
  1. Joaquim Levy tem voz e não deverá ser submisso a presidente que até aqui cismou em dar pitaco na economia e arrumou muita confusão e mazelas.
  2. Meu receio é o jeito dela governar e o pensamento que demonstra o antagonismo com tudo que a nova equipe parece querer e pregar. Quanto tempo vai durar isso?
  3. O mercado gostou e a linha é boa. Vamos ver agora se na prática a teoria é a mesma, ou será a mesma.
  4. A questão da corrupção endêmica parece ser atacada e pode arrefecer, eu espero.
  5. Politicamente a oposição terá que ser responsável frente a grave crise que estamos vivendo. Se o governo der resultado, ela perde a força,se não der,podemos ter mais problemas no cenário institucional,principalmente pela herança ainda não conhecida totalmente,do escândalo da Petrobras
  6. Impeachment de Dilma? Acho pouco provável pela complexidade do tema,mas existe um cenário para isso e dependendo do que aparecer ai na tsunami do escândalo Petrobras, as coisas podem mudar.
  7. Economicamente falando, fico aliviado,mas ainda cabreiro, vamos ver os primeiros 3 meses do "novo" governo.
Uma que ouvi do Edmar Bacha da Casa das Garças: Se alguém tivesse dormido no dia da eleição, antes de conhecer o resultado, e acordado ontem na entrevista da equipe econômica acharia que o Aécio tinha ganho a eleição. Faz sentido.

Quanto a presidente, ficarei com uma máxima o Barão de Itararé: O ruim não é mudar de idéias,mas não ter idéias para mudar.  Espero que ela tenha mudado de idéia de verdade. Antes de ser crítico, sou brasileiro e quero o melhor para nosso Brasil.