segunda-feira, dezembro 12, 2016

O Brasil apodreceu. A delação do fim do mundo.


Clique e veja a delação do executivo da Odebrecht - Clique e leia

A classe política está em apuros, a moral e a ética em chamas e a nação apodrecida.

Serão mais 76 delações de executivos da Odebrecht, sem contar outras tantas que estão em curso e algumas em negociação.
Na delação é preciso provas, além da acusação, quem delata deve ter provas, portando não dá para imaginar que os delatores mentem. O que a justiça fará é outro assunto, mas tenho convicção que estamos virando uma página e a dinâmica desta operação limpeza não vai parar. Uma brilhante geração não se curvou a corrupção ou a interesses políticos e faz a limpa.

A Odebrecht corrompeu tudo que tinha direito. Comprou medidas provisórias, fez enxertos em leis para benefício próprio, armou concorrências e ganhou obras. Se ela fez, outras fizeram com certeza.
Não adianta falar em corruptores, porque eles não existiriam se não existissem aos corruptos.

O ciclo vicioso das caras campanhas políticas que acabam "justificando" a corrupção e apodridão do sistema surgiu nos anos 80 e 90 se consumaram.
Sou de uma família de políticos que atuam desde a primeira constituinte em 1890 após a Proclamação da República. Depois do meu bisavô, veio meu avô e meu pai. Todos com muito espirito público que sempre norteou a maioria dos políticos destas gerações.
Meu pai foi "expulso" da política nos anos 90 pelos famosos compradores de votos. Não vou citar nomes, sempre foram conhecidos e alguns ainda permanecem ai na ativa. O povo do Vale do Jequitinhonha assolado pela miséria é mais suscetível a isso, mas não é só lá.

A geração dos homens públicos vocacionados é "expulsa" pelo dinheiro, campanhas milionárias que extrapolam o racional. Milhões e milhões que depois demandam ataque aos cofres públicos para repor o dinheiro gasto ou atender interesses dos financiadores das campanhas.
Este ciclo é perverso e quanto mais caras, mas necessidade de corrupção.
Marqueteiros e programas eleitorais a peso de ouro, com estratégia de "venda" dos políticos que só estavam lá para outras finalidades. O espirito público estava desaparecendo.

O jargão: SEMPRE HOUVE CORRUPÇÃO, É O SISTEMA.

É falso. Falácia.

No mundo todo há corrupção, no Brasil sempre houve, mas não retroalimentada pelo sistema político. Nada se compara ao que vivemos nos últimos anos. Culpa do sistema? Não, as pessoas fazem o sistema.

A lentidão da justiça e a impunidade são combustíveis, Acho que isso está mudando agora, Espero.

O Brasil está podre, precisa de mudar muita coisa. A CF de 88, a tal constituinte cidadã, criou um monte de armadilhas que bagunçaram o Brasil em paralelo a podridão do sistema eleitoral.

Ainda teremos muitas bombas. Mais delações. Na defesa no projeto bilionário do submarino com os franceses, no BNDES, naos fundos de pensão, em todos os lugares há o rastro da corrupção. A  Petrobrás foi só a ponta do iceberg, e que ponta.

Um país com tantas carências e desigualdades não pode aceitar isso, estamos em processo de depuração? Acho que sim. Muitos ainda precisam ser punidos, mas o caminho está ai. A inércia da força desta geração tem o apoio da sociedade.

Ainda muita gente não enxergou, algumas pessoas culpam a elite, a mídia e a vingança pelo que aconteceu com o PT e o chefe da quadrilha Lula, mas agora extrapolou as hostes esquerdistas, todos estão envolvidos, a maioria da elite política brasileira.
Nos anos 50, 60 e 70, tínhamos poucos corruptos e uma geração de políticos bons e vocacionados, hoje a lógica se inverteu.
Temos poucos políticos sérios e a maioria que se locupleta com a desculpa dos custos de campanha.

Não gosto de fazer previsões, mas o governo Temer pode não chegar a 2018.
Não é bom para o Brasil. Precisamos de uma transição e ele poderia ser. Tenho minhas dúvidas hoje com o que aparece nas delações. Ainda teremos muita lama para sujar o Brasil apodrecido.
Infelizmente.
Crise política, econômica e institucional que para consolo promove esta limpeza, a muito custo e com muita dor. Gerações estão perdidas, mas espero que para o futuro, este país seja efetivamente a nação do futuro. Desde os anos 80 esperamos por isso e o futuro nunca chegou. A culpa é da elite política com toda certeza.

segunda-feira, dezembro 05, 2016

Pensamentos de Ferreira Gullar sobre a esquerda, socialismo e afins



Ferreira Gullar soube reconhecer seus erros do passado e criticar com muita sabedoria e propriedade o que a esquerda representa.

Alguns pensamentos dele:

Sobre a esquerda

“Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é.”
Sobre o capitalismo

“O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível. A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento.”
Sobre a “exploração” capitalista

“A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a relação capital-trabalho. O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produz a riqueza é o trabalhador, e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas. A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista.”
Sobre a desigualdade social

“A própria natureza é injusta e desigual. A justiça é uma invenção humana. Um nasce inteligente e o outro burro. Um nasce inteligente, o outro aleijado. Quem quer corrigir essa injustiça somos nós. A capacidade criativa do capitalismo é fundamental para a sociedade se desenvolver, para a solução da desigualdade, porque é só a produção da riqueza que resolve isso.”
Sobre a militância no Partido Comunista durante a ditadura militar

“Eu fui do Partido Comunista, mas era moderado. Nunca defendi a luta armada. A luta armada só ajudou mesmo a justificar a ação da linha dura militar, que queria aniquilar seus oponentes. (As pessoas do partido Comunista) não lutavam por democracia, mas pela ideologia Comunista, e estavam sinceramente equivocadas. Você tem de ter uma visão crítica das coisas, não pode ficar eternamente se deixando levar por revolta, por ressentimentos. A melhor coisa para o inimigo é o outro perder a cabeça. Lutar contra quem está lúcido é mais difícil do que lutar contra um desvairado.”

Sobre o socialismo

“O socialismo fracassou. Quando o Muro de Berlim caiu, minha visão já era bastante crítica. A derrocada do socialismo não se deu ao cabo de alguma grande guerra. O fracasso do sistema foi interno. Voltei a Moscou há alguns anos. O túmulo do Lênin está ali na Praça Vermelha, mas, pelo resto da cidade, só se veem anúncios da Coca-Cola. Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem no contrário. Se o socialismo entrou em colapso quando ainda tinha a União Soviética como segunda força econômica e militar do mundo, não vai ser agora que esse sistema vai vencer.
O socialismo acabou, estabeleceu ditaduras, não criou democracia em lugar algum e matou gente em quantidade.”
Sobre a ideologia marxista

“Frequentemente me pergunto por que certas pessoas indiscutivelmente inteligentes insistem em manter atitudes políticas indefensáveis, já que, na realidade, não existem mais. Estou evidentemente me referindo aos que adotaram a ideologia marxista, que, de uma maneira ou de outra, militaram em partidos de esquerda, fosse no Partido Comunista, fosse em organizações surgidas por inspiração da Revolução Cubana.”

Sobre Cuba

“Não posso defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um regime em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo. Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que nunca deu certo.”
Sobre a política de “psiquiatria democrática” adotada pelo governo (Ferreira Gullar teve dois filhos com esquizofrenia)
“Existe uma política que o governo adotou, chamada ‘psiquiatria democrática’, que é um absurdo. Impede a internação. Eles acabaram com mais de quatro mil leitos. Por que chama “psiquiatria democrática”? Porque não interna. Mas é uma bobagem, ideológica, cretina, que não tem nada a ver com essa doença real. Eu, que lidei com essa doença, sei muito bem que não tem nada disso. Quando uma médica veio com essa conversa, perguntei: ‘É a sociedade que adoece o doente mental? A doença mental não existe? É a sociedade que faz ficar doente? O fígado adoece e o cérebro não adoece? Por quê? É o único órgão divino?’”

Sobre o mundo atual e a poesia

“O mundo aparentemente está explicado, mas não está. Viver em um mundo sem explicação alguma ia deixar todo mundo louco. Mas nenhuma explicação explica tudo, nem poderia. Então de vez em quando o não explicado se revela, e é isso que faz nascer a poesia. Só aquilo que não se sabe pode ser poesia.”