sábado, maio 20, 2017

Renuncia Temer, o Brasil não pode parar agora.


Não dá mais. Infelizmente.
O Brasil precisa consertar o estrago populista e estávamos indo lentamente para recuperação.
A situação política se agrava com a delação da JBS.
Aécio, Lula e Dilma estão fora, precificados pelo mercado e liquidados, mas Temer não, a situação dele impacta muita coisa.
Não tinha achado nada demais nas gravações, mas quando vi a sequência  com filmagem e gravaçao do seu assessor deputado e supostamente preposto, não deu para aliviar. Temer está moribundo politicamente.
Por mais que as gravações tenham sofrido edição, e parece que sofreram com um erro infantil da PGR e STF de não averiguar, isso só alivia a barra dele juridicamente, pode aliviar.
Politicamente ele está na UTI.
Temer vinha conduzindo as coisas, mesmo com baixa popularidade, mas freou no seu passado.
Agora já deu.
Erros crassos em receber na calada da noite um empresário investigado, indiciado e enrolado não e nada republicano, mas talvez o seu passado corrobore a sua boa vontade com ele.
Editorial do Globo pede a Renúncia- Faço dele minhas palavras - Clique e leia

Pela primeira vez na nossa história um presidente é investigado com autorização do STF. Só isso seria suficiente para justificar o pedido de renúncia dele.
Como falo muitas vezes, na política a versão muitas vezes é muito mais importante do que os fatos. A realidade dos fatos com provas, gravações e filmagens e mortal.

O Brasil precisa seguir o rumo com as reformas que agora estão comprometidas. Não há como negar.

Os escândalos e o que muitos chamam de imponderável da Lava Jato continuam fazendo estragos, mas infelizmente a guerra das torcidas continua, principalmente pelos vermelhos da CUT e afins.
O chamado pelas diretas é legitimo, mas na prática é sonho. O máximo seria uma antecipação da eleição e que depende do congresso com 2/3 do membros.
Em 1961 quando Jânio renunciou e os militares vetaram a posse de Jango, o congresso fez em poucos dias a emenda que implantou o parlamentarismo. Deus certo pelo impasse do momento, mas não durou muito. Meu próximo livro conto estas histórias e outras mais.
O Congresso pode antecipar a eleição , e hoje é muito plausível, até na luta de sobrevivência de Temer.
Se obedecida a CF a eleição com a provável queda de Temer será indireta e ai mora outro problema:
Quem será eleito?
Algumas considerações sobre esta possível eleição:

  1. Não precisa ser necessariamente congressista
  2. Não existe regulamentação ainda e o congresso precisa fazer isso rápido.
  3. A eleição indireta será por maioria absoluta em primeiro escrutínio e se não atingida, mais duas chamadas (se necessárias) de votos já com maioria simples.
Nomes falados hoje: FHC, Nelson Jobim, Henrique Meirelles, Carmem Lúcia e outros que não teriam tanta notoriedade e muito menos chances.
Acho muito pouco provável, mas não impossível que seja um membro do congresso. O desgaste deles é enorme e a delação da JBS agravou isso.

Gosto de deixar registrada aqui previsões, na verdade palpites porque se tivesse bola de cristal estaria operando na bolsa de Wall Street e não aqui.
  1. Temer não se sustenta, infelizmente. Quanto tempo dura? Será rápida a saída dele.
  2. Nome como Henrique Meirelles seria ótimo, mas a esquerda rejeitará. Ele passou incólume por todo vendaval e pode ser o tocador das mudanças necessárias e em curso.
  3. O nome da Carmem Lúcia cresce muito e apostaria nela hoje. O consenso e sua figura de magistrada ajuda neste momento em que mesmo não tendo a participação da opinião pública diretamente, ela pode e deve pesar. Carmem Lúcia transmitirá confiança, eu acho.
  4. Outros nomes serão colocados, FHC e Nelson Jobim têm transito político e podem surpreender.
Estamos virando uma página, não me canso de dizer. Dolorida e assustadora, mas real e necessária.
Não existem complôs, acho que as coisas caminham como devem e convém. Uma geração de procuradores, delegados e juízes competentes e idealistas fazem sua parte, como devem fazer.
Uma grande aliada nesta mudança toda é a tecnologia.
A maravilha da interação em tempo real e velocidade da informação não deixam as coisas escondidas ou embaixo do tapete por muito tempo.
Vamos esperar o que acontecerá, agora estamos neste nevoeiro de dúvidas e incertezas, mas com uma certeza pelo menos. O Brasil está mudando e será para melhor. #prontofalei

sexta-feira, maio 19, 2017

Delação da JBS e depois?


Bolsa caiu muito, 10% e circuit break acionado porque cairia mais.
Dólar sobe 8%.
Rumores e fofocas de todas as formas ecoam no país.
Brigas das torcidas continua e os que atacavam a Globo como mentora da "perseguição" engolem o que disseram.
Teorias de complôs e conspiração de todas as matizes.

Para mim o que ocorreu foi mais um capitulo da limpeza e amadurecimento por que passa a nação.
As instituições reagiram aos desmandos que vinham acontecendo de todas as formas. 
Vamos sobreviver a esta crise. Já passamos por outras.

A bolsa deve voltar em breve e o dólar ocupará seu lugar que o mercado sereno conduzir.

Politicamente ainda creio que pode haver antecipação das eleições como uma saída para arrefecer os anseios da opinião pública.
Renúncia de Temer? Só se vier mais bomba. Sinceramente, ouvi a fala dele e me parece que fizeram uma tempestade em copo dágua. 

Qual é o cenário juridico?

Vivendo e aprendendo. Não sou jurista. Olha isso:

art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
Quer dizer.
Se ele renunciar ( chance pequena ) a eleição será indireta. 
Se ele for impedido, por qualquer motivo , a eleição será indireta.
Ou seja. Temos 3 situações.
1- Renúncia- eleição indireta
2- Impedimento - eleição indireta
3- antecipação da eleição- depende do congresso.


Tudo indica que Temer vai tentar levar isso até a eleição. 
A possibilidade de cassação da chapa pelo TSE existe, mas eles têm muitas ferramentas para protelar isso e jogar para frente. A justiça nossa é assim.

Não perco a fé e confiança que estamos virando uma página. Depuração na classe politica e amadurecimento das instituições. 
Vamos superar tudo isso, pena que foi a um custo muito alto de nosso futuro.

quinta-feira, maio 18, 2017

E agora Temer? Como fica a situação do Brasil?


Inegável. Uma bomba explodiu ontem em Brasília.
Na verdade vivemos uma grave crise politica há muito tempo, ontem foi mais um capitulo.
Podemos dizer que uma página da nossa história está sendo virada, mas infelizmente o resultado não será rápido e só começará em 2018 com a depuração (pelo menos parcial) de parte da classe política.
Aécio aumenta seu calvário e Temer entra no centro do furacão.
Confirmadas as gravações de Temer (tudo indica que sim) ele está em maus lençóis.
E agora? O que pode acontecer?

Vamos pensar:

  1. Impeachment de Temer - Já foi pedido, mas a chance é pequena. Além de ter necessariamente o aceite de Rodrigo Mais (o que não aconteceria), isso demanda tempo e poderia chegar na véspera da eleição do ano que vem.  Chance quase nula.
  2. Temer renunciar- Acho que pode ser uma opção, mas ele ainda vai brigar muito para ficar onde está. A renúncia é um ato unilateral dele. Não acho que ele se encaixe neste perfil de fugir da raia do embate politico. Chance muito pequena.
  3. Chapa Temer é cassada - Neste caso Rodrigo Maia como presidente da CD assume e convoca eleição em 30 dias. Acho que esta hipótese passou a ser mais considerável agora, mas não acredito ainda. Quem seria o nome? O desgaste da classe politica e de imagem do país não recomendam esta situação. Chance pequena, mas aumenta agora.
  4. Antecipação das eleições - Existia um movimento para prorrogar os mandatos de todos até 2022 para coincidir as eleições. Eu até acho que a coincidência das eleições uma boa opção para o Brasil, mas agora isso não aconteceria. O que pode acontecer e ganha força é a antecipação das eleições de 2018. Esta solução depende do congresso e , são 2/3 para uma PEC. Uma solução que agradaria a opinião pública. Chance muito boa de acontecer.
  5. Michel Temer sai (por renúncia ou  impeachment)- Rodrigo Maia, Eunício de Oliveira e Carmem Lúcia são a linha sucessória. Ele saindo as eleições indiretas devem ser convocadas em 30 dias. A solução que agrada muitos, a de Carmem Lúcia (como presidente do STF) assumir não aconteceria. Rodrigo Maia e Eunício teriam que renunciar. Eles têm acusações e me parece estão indiciados o que favoreceria Carmem Lucia. Existe chance, mas acho que muito pequena.
  6. Parlamentarismo - Seria uma ótima solução, mas depende de PEC que são na prática votos de 2/3 do congresso. Muito difícil pelo momento. O calendário eleitoral de 2018 apagaria este movimento. Chance muito pequena.
  7. Intervenção militar - Chance nula. Eles não estão articulados para isso como ocorreu em outros momentos da nossa historia. 
Tivemos várias crises na nossa história, mas nada se compara ao momento atual.
Vivíamos grave crise política, econômica e institucional.  A politica foi arrefecida com o impeachment, a econômica com as boas perspectivas e a institucional ainda reverbera, mas as instituições têm funcionado.

Temer perde força para aprovar as necessárias medidas, isso e inegável, mas o congresso não pode fugir a luta. 
O pais sofre com isso, mas no processo de amadurecimento na nação isso faz parte. Ja sobrevivemos a coisa pior.

As velhas figuras políticas protagonistas até aqui estão todas liquidadas. Isso é parte da depuração do processo que vivemos.

E agora José? 

A bolsa hoje despenca, nossa imagem global estremece, as torcidas se engalfinham nas redes sociais e teremos um pico da intolerância e a cegueira de muitos, principalmente da claque que defende a esquerda e Lula. A acusação de complô perde força e a Rde Globo acusada de ser a "mentora" agora passa a ser elogiada por eles.
Não, isso não favorece Lula, nem ninguém. Todos nós perdemos, mas nunca o ditado No Pain, No gain fez tanto sentido no Brasil.

Na política devemos sempre nos lembrar de uma máxima: Na maioria das vezes a versão e muito mais importante do que os fatos. 
Não há como lutar contra isso na política.
A realidade e os fatos estão ai, agora é esperar a poeira abaixar e rezar pelo nosso Brasil. #prontofalei 

domingo, maio 07, 2017

O rentismo faz mal ao capitalismo? Uma reflexão



O rentismo faz mal ao capitalismo?
Rentismo é usado para quem vive de renda. Nada contra. E quero esclarecer que sou totalmente a favor do lucro e da liberdade de mercado, cada um deve ter liberdade de colocar e fazer o que quiser com seu dinheiro e sua renda. Sou um verdadeiro discípulo da escola austríaca de economia. Minhas críticas devem ser encaradas como reflexão porque tudo em excesso sempre leva a consequências sempre negativas e a virtude estará sempre no meio.
Eu sempre fui um crítico feroz da situação  no Brasil relativa a taxa de juros, spreads bancários e o monopólio do sistema financeiro. Desde os anos 80 quando tivemos a famigerada inflação de 89% ao mês, isso mesmo, não estou errado,  89% ao mês , o rentismo toma força e os lucros financeiros de instituições são exponenciais. Reitero mais uma vez, nada contra o lucro, que deve ser sim crescente, mas é preciso refletir quando ele toma parte e sufoca o setor produtivo e concentra-se acumulando riqueza que não gira a máquina econômica como deveria. No Brasil além dos bancos temos a excessiva carga tributária que chamo de engana: Impostos da Inglaterra e serviços de Gana. Isso e outro grave entrave a produção aqui, mas é tema para outro artigo e não entraremos neste tema aqui.
A minha indignação sempre foi pensando que isso era uma jabuticaba, só existe aqui no Brasil. Minha surpresa foi tamanha quando lendo o livro de Philip Kotler, Capitalismo em Confronto, constato que o problema do rentismo não foi um fenômeno tupiniquim, nos EUA o problema é crescente.
Como já escrevi que o capitalismo precisa de ajustes, dentro de sua própria dinâmica, o rentismo é outro fenômeno que precisa ser olhado com muito cuidado porque ele pode ferir de morte o capitalismo. Na medida em que o setor produtivo que deve girar forte criando emprego e renda passa a ser subjugado e perde força, uma luz amarela está acessa.
Vou tentar fugir de termos muitos técnicos e da crítica à concentração de renda, senso comum de críticos ao capitalismo. Reitero que este artigo é uma reflexão ao que está acontecendo na sociedade moderna.
É óbvio que o consumo é preferencial como combustível na máquina econômica, mas em excesso ele gera problemas como a inflação, o pior imposto que pode existir. O capitalismo não pode prescindir do consumo como alicerce a sua força.
O crédito é outra ferramenta importante na máquina econômica, assim como a poupança que é  base de muitas virtudes macro ou micro econômicas.
Estas variáveis são dinâmicas e podem ser administradas pelos atores públicos, mas não é simples e sempre um caminho pode ser tomado em detrimento de outro gerando problemas. Em excesso e fora de controle  estas variáveis podem fazer mais mal do que bem a saúde econômica e financeira das famílias ou de um país.
No Brasil 42,43% do orçamento público são gastos com juros. O desmanche das contas públicas iniciado na CF de 88 foi o grande responsável. Isso mostra como faltam recursos no capital social básico, com o caótico estado de nossa saúde, educação e infraestrutura, mas enchem a burra do sistema financeiro.
O endividamento das famílias aqui está elevado, em torno de 60%, ou seja, com taxas escorchantes de juros as pessoas pagam dividas e concentram mais recursos no sistema financeiro. Alguém vai dizer, mas o dinheiro foi gasto no consumo de bens, que geraram emprego e renda. Concordo, mas o beneficio e a concentração no sistema financeiro é maior do que o benefício gerado no consumo, aliás estancado quando o endividamento é alto e as taxas de usura são praticadas. Assistimos isso agora no Brasil, fruto de um erro dos governos petistas que exauriram o crédito sem o cuidado necessário.
Quando o endividamento é alto a poupança é baixa. Precisa haver um equilíbrio entre a poupança e o consumo para dar sustentação a maquina econômica.
Alguns dados americanos que retratam bem a situação chamada aqui à reflexão, e que devem ser semelhantes aos nossos, guardadas às proporções.
Nos anos 50 o endividamento era desprezível nos EUA, hoje chegou a 47% do PIB em 1980 e a 77% em 2012. Com certeza o endividamento teve serventia no consumo e na educação com o crédito educativo, mas com as taxas de juros altas houve grande concentração, mais uma vez no sistema financeiro. Se lá existe esta distorção, imagina aqui com as taxas de usura e agiotagem cobradas nos cartões de crédito principalmente.
Outro dado americano que fatalmente pode ser projetado para cá.  Em 1990 nos EUA, os cinco maiores bancos detinham 9,67% dos ativos financeiros e em 2013 detinham 44%. Aqui não foi diferente. Não existe crise para o sistema financeiro. Nos problemas que tivemos aqui com a quebra de alguns bancos foram por briga de sócios, fraudes ou incompetência na gestão.
Em 1947 o sistema financeiro era 2,5% do PIB nos EUA, em 2006 subiu para 8% e mesmo em períodos de crise o sistema financeiro sofre pouco, quando não recebe recursos e ajuda dos atores públicos, muitas vezes corretamente para evitar um mal maior.
O mundo mudou, a tecnologia chegou, profissões foram extintas, outras criadas, equipamentos deixaram de existir e vários se transformam em ferramentas com ganho de produtividade e eficiência na produção. Isso é inquestionável, mas o equilíbrio entre o consumo que é o grande indutor e combustível da máquina econômica não pode ficar a reboque da concentração da renda no sistema financeiro.
Este é o ponto que precisamos encarar.
Na dinâmica e na velocidade com que o mundo se move hoje, as correções de rumo precisam ser rápidas e precisas. Não gosto ou prego intervenção, mas a regulação é um dos papéis que atores públicos têm para intervir e corrigir distorções do mercado. As vezes ela pode e deve ser necessária.
Não vou entrar na crítica isolada que o sistema financeiro é um mal, mas considerando as proporções que vem tomando e sufocando o sistema produtivo e concentrando renda ele pode ser o algoz de sua própria virtude que é gerar lucros, cada vez mais.
O marcado é criativo, existem derivativos, securitização, linhas de créditos saudáveis e isso tudo faz muito bem a economia, é imprescindível que existam para proteção e sustentabilidade do processo. O cuidado é quando isso passa ser um mal para o sistema como um todo.
Não concordo com o discurso da industrialização como panaceia da humanidade ou que a globalização é a raiz de problemas de vários países. A indústria vive sua mudança, com mão de obra mais nobre e produtividade crescente e a globalização é um processo, inexorável. Não há como impedir, mas pode ser administrado por atores públicos desde que não queiram mudar a realidade.
Na medida em que o setor produtivo se concentra no sistema financeiro, a capacidade de mover esta máquina econômica  perde força. Precisamos restabelecer o equilíbrio entre as variáveis macroeconômicas.
Como escrevi no artigo anterior sobre ajustes no capitalismo, chamo a mais esta reflexão. O rentismo em excesso atrapalha o processo capitalista e precisa ser observado e melhorado.
O mundo hoje peca pela falta de profundidade nas discussões. Pela velocidade e volume das informações perdemos  chances de debater as coisas com mais conteúdo e assistimos uma verdadeira briga de torcidas. Cada um falando para seu público sem se preocupar com o contraditório e a dialética.
Sou crítico do sistema financeiro, principalmente pelos absurdos cometidos aqui no Brasil, mas não vou demonizar o que considero fundamental para a harmonia do sistema capitalista, ao mesmo tempo não vou me aquietar. Críticas são saudáveis.
Eu tento fazer minha parte. Como discípulo do liberalismo e da escola austríaca faço o mea culpa para tentar enxergar onde o próprio fruto do sistema que defendo pode fazer mal a ele próprio.