terça-feira, agosto 14, 2007

Qual a dimensão da crise?

O premio Nobel de economia de 1976, Milton Friedman escreveu em conjunto com Anna Schwartz o livro: Uma história monetária dos Estados Unidos demonstrando, por “a mais b” que o FED (Federal Reserve), Banco Central americano, foi o maior responsável pelo “crash” da bolsa americana e a depressão que se seguiu esfacelando a economia americana na década de 30, deixando milhares desempregados e uma perda de valor de 45% no PIB ianque. Nesta época surgiria a figura de Keynes e elevaria o presidente Rossevelt pela administração do famoso “New Deal” que recuperou a economia americana.
O atual presidente do FED Bem Bernanke dá mão a palmatória assumindo a importância dos bancos centrais na administração de crises de liquidez como a atual lastreado na tese de Friedman.
Sabe-se que o BCE(Banco Central Europeu)já colocou 74 bilhões de Euros extras - clique e leia para segurar a liquidez do mercado, o Canadá, Japão, EUA e outros estão fazendo a mesma coisa.
Uma coisa é certa, estão administrando a crise mundial com a perda de valores nas bolsas mundiais. Estas bolsas são termômetro de mercado e dependendo do tamanho do problema pode chegar ao mundo real, das transações correntes e comércio dos países interferindo na economia local. Neste caso a gestão do problema é mais complexa e as conseqüências mais nefastas. Esta contaminação é a principal razão da interferência dos bancos centrais, caso contrário seria mais fácil deixar o problema e prejuízos para alguns bancos, corretoras desavisadas e especuladoras.
Muitos atribuem a crise atual ao problema da bolha imobiliária americana, mas na verdade o problema extrapola o mercado americano. O excesso de liquidez gerado pela prosperidade mundial em ciclo virtuoso desde 2000 é sim a causa da liquidez e “alavancagem” acima do real. Funciona mais ou menos assim: a máquina econômica, crescimento forte, comércio pujante, vai gerando recursos e riqueza mais rapidamente. Estes recursos vão firmemente e com forte pressão compradora para papeis e títulos nas bolsas e nos bancos. A pressão compradora eleva o preço sendo criado um valor irreal que não corresponde ao mundo real, é como se o mercado criasse moeda, mas na verdade cria um valor inexistente, motivado pela pressão compradora. Exemplo: Só a Goldman Sachs, grande banco de investimento, possui ativo 25 vezes maior do que o valor de seu patrimônio líquido, ou seja, sem cobertura real, sem lastro financeiro. Se todos os clientes resolvessem de uma hora para outra acertar as contas trocando papel e título por moeda o que aconteceria?
Em certa hora o mercado perde a força compradora e existe uma realização de lucros. Soma-se a isso “papeis podres” (como os subprime do mercado imobiliário americano) com altas taxas de especulação e ganância, todos sabedores que este fluxo uma hora será invertido, estes papeis são os primeiros a perder a liquidez.
As perdas são inevitáveis para alguns, normalmente os retardatários, quase sempre os incautos que acreditam na perenidade de um ciclo econômico. Lembrem-se sempre, tudo na economia é cíclico e ajustes são necessários, para realização de lucro, para equalização valor nominal com o valor real, etc.
O resultado desta mudança de rota, saindo de pressão compradora para vendedora apavora todo mundo. O mercado perde trilhões, só na Europa cerca de US$ 3 trilhões viraram pó. Na verdade parte deste valor é artificial, criado pela enxurrada no mercado comprador.
A conseqüência nesta mudança de fluxo é grande problema, quase sempre sem se saber ao certo o momento da ruptura. O risco de contaminação do mundo real é enorme, suscitando a ação dos bancos centrais como temos visto.
Aprendemos com erros. Os erros de crises passadas ensinaram a grande maioria dos países pobres e ricos. A velocidade e a globalização do mercado fazem com que estes movimentos e interferência devam ser rápidos. O lastro e fundamentos macroeconômicos domésticos são a vacina pela não contaminação da crise mundial, mesmo assim sempre haverá prejuízo para alguns e lucro para outros.
A dimensão da crise? É incerta, mas a realidade hoje é outra e várias economias importantes no cenário mundial estão consolidadas internamente, é o caso do Brasil.
Esta crise é mais tranqüila que outras, pelo menos até agora.
Vamos esperar os próximos capítulos do espetáculo econômico mundial, mas para muitos já era esperado ajuste e correção de rumos, estes sim são os ganhadores do dinheiro que era irreal, mas saiu com valor real da mão de uns, para cair em suas mãos. Os operadores que acertaram o momento da ruptura fizeram grandes fortunas. Talvez ai exista uma mistura de competência e sorte, sempre com muita informação.

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