quarta-feira, dezembro 20, 2006

A crise anunciada da energia!

Há muito tempo venho falando nisso. A mídia se antecipa sempre e isso vem ocorrendo desde o início do primeiro mandato. A crise da Bolívia agravou o problema. O país não deve crescer a 4% ao ano, mas mesmo assim ainda vamos precisar de energia. As duas matérias abaixo mostram claramente a situação.
Não será brincadeira e o governo deve agir rápido. Um novo apagão vai custar muito caro ao Brasil.
Quando vai ocorrer? As previsões do setor são para 2010 ou 2011, mas acredito que pode ser antes, ainda no governo Lula. Se São Pedro não ajudar a coisa vai ficar feia. As metas da EPE são irreais, os preços até aqui praticados nos leilões são artificiais. No último leilão o preço da energia velha chegou a R$ 104,00 por MWh. Absurdamente alto. A tendência de alta é clara e vai sobrar para o consumidor antes de um apagão.
Têm pessoas competentes lá, mas elas precisam agir. Torço a favor, sou do setor e acho que a crítica só vai ajudar.

19 / 12 / 2006 -- O apagão vem aí - Fonte: O Globo
Durante todo o primeiro mandato do presidente Lula chamamos a atenção, até de uma forma bastante veemente, da ausência total de uma agenda microeconômica que fornecesse as diretrizes e elaborasse as políticas que permitissem a entrada com segurança dos investimentos, em particular, no setor de infra-estrutura. A conseqüência principal dessa falta de agenda serão os apagões com que iremos conviver durante o segundo mandato do presidente Lula. No caso do gás natural e da energia elétrica a situação é bastante crítica. Além disso, o país possui um parque de usinas de geração térmica a gás que, segundo dados da Aneel, chega a 9,9 GW ou 10% da capacidade de geração instalada no Brasil. No setor elétrico essa escassez de gás natural levará a uma elevação nos preços e um aumento do risco de déficit. Recentemente, a falta de gás impossibilitou o despacho pleno de usinas térmicas chamadas a operar pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Isso levou a Aneel a publicar uma resolução mostrando a indisponibilidade de gás para atender às térmicas. Como a resolução daria um enorme impacto nos preços e elevaria drasticamente o risco do déficit, a Aneel voltou atrás e preferiu efetuar testes entre 11 e 23 de dezembro para verificar, segundo a agência, o estado verdadeiro da oferta de gás natural. Mesmo que esses números melhorem ao longo do teste, o aumento dos preços da energia elétrica nos próximos anos é inevitável, bem como a possibilidade de apagão. Diante desse quadro, é preciso tomar providências urgentes no sentido de aumentar a capacidade de energia elétrica. Para que o país tenha um crescimento médio de 4% a.a. nos próximos quatro anos será necessário um aumento médio anual da capacidade de no mínimo 3.500 MW. Segundo dados da Aneel, se considerarmos apenas as usinas sem qualquer tipo de restrição, o aumento da capacidade média anual será de apenas 1.175 MW no período 2007-2010. No período 1990-1999, que antecedeu o racionamento de 2001, a capacidade anual média era de 1.591 MW. Os números são parecidos e os problemas poderão ser os mesmos. Infelizmente o governo tem mostrado um total despreparo na gestão do setor de energia, e caminhamos para uma situação semelhante à que estamos passando no setor aéreo. Os próximos apagões serão o do gás natural e o da energia elétrica.

18 / 12 / 2006 Aneel avalia capacidade das térmicas do Sul e Sudeste- Fonte: Valor Econômico
Testes preliminares em usinas térmicas no Sul e no Sudeste do país apontam que a disponibilidade de energia é quase 3 mil megawatts inferior à capacidade de geração das unidades instaladas nas duas regiões, afirmou na última sexta-feira o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Gerson Kelman. Segundo ele, os testes realizados durante quatro dias na semana passada confirmaram as previsões de déficit das usinas térmicas. Os testes devem durar 12 dias, ao todo. A capacidade de geração das 13 usinas analisadas é de aproximadamente 4.8 mil megawatts, mas elas só estariam gerando cerca de 1.8 mil megawatts, por conta dos problemas no fornecimento de gás. "As usinas tinham que gerar mais de 4 mil megawatts. O teste agora não está revelando muita diferença em relação ao que foi observado em agosto e setembro." "O planejamento do sistema deve ser feito com base nos recursos energéticos realmente disponíveis. A Aneel fez um teste para orientar o Operador Nacional do Sistema (ONS). Máquinas para gerar nós temos, não temos é o gás para abastecer as usinas", disse.

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