sexta-feira, janeiro 18, 2008

A herança maldita e a oportunidade perdida II

Com base nas assertivas acima, vamos especular algumas situações interessantes:

Segundo Laurentino Gomes em 1808, no cerco de Napoleão a Portugal em 1807, D. João VI, o príncipe regente, teria três opções, a saber:
1. Enfrentar Napoleão, hoje quase constatado que teria grandes chances de sucesso. O flagelo de Napoleão começa por ali. O perfil do príncipe, medroso e indeciso, não deixou esta alternativa vingar
2. Aderir a Napoleão onde então seria bombardeado pela poderosa Inglaterra, assim como foi a Dinamarca por ter sido cooptada por Napoleão sem resistência. Neste caso, alem do bombardeio, haveria chance de invasão do Brasil pelos ingleses, já pensaram o Brasil colonizado pelos ingleses de 1800 até hoje, a maravilha que seria?
3. A opção então foi a fuga ao Brasil que acabou escrevendo a história dos dois países

Sem pensar duas vezes afirmo que o Brasil seria outro caso fossemos colonizados pelos ingleses.
D. João VI é citado pelos seus defeitos, inclusive físicos, mas é consenso a sua importância na integração e preservação da união nacional e na formação da brasilidade. D. Pedro I, fanfarrão, licencioso e depravado teve seu papel na independência e no final da vida surpreendeu a Europa com a tomada do reino de Portugal, ocupado pelo Rei D. Miguel, seu irmão, déspota apoiado pela mãe Carlota Joaquina, uma verdadeira cobra. Com 6.000 soldados tomou Portugal que tinha 80.000 mil. Especula-se que toda estratégia foi inspirada no gênio militar de Napoleão que era seu contra parente.
A Figuraça, culto, estudioso, preparado e homem público fica com D. Pedro II, preparado desde os 8 anos, foi um exemplo para este país. Abolicionista e liberal, com uma simpatia pela república, D. Pedro II era o mais peculiar dos Branganças.
Segundo o historiador Roderick Barman, citado no livro 1808, o Brasil sem a integração seria dividido em três outros países:
1. Um país chamado República do Brasil com as atuais regiões Sudeste e Sul, projetado hoje seria os estados de Minas, Rio, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso.
2. Um segundo, República do Equador com os estados do Nordeste, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
3. Ainda um terceiro na região Norte com Maranhão, Pará e Amazonas.

O Piauí poderia ficar aqui ou no segundo “país”. Barman faz uma análise baseada no comportamento político, revoltas e tentativas de revolução e posição nos episódios históricos da época.
Imagine o “país” Brasil o que seria atualmente, e ainda se fosse sob a colonização inglesa? Não precisa nem comentar nada.

Uma reflexão fria e racional: muitas diferenças entre países estão nestas heranças dos primórdios da colonização.
Tudo bem que a história foi do jeito que estamos agora, temos uma grande nação, mas é inegável nossa herança maldita, com todo respeito aos portugueses.
Quando vejo o último levantamento do TSE, Tribunal Superior Eleitoral sobre o perfil do eleitor e constatamos que mais de 50% são analfabetos ou quase analfabetos, podemos concluir que ainda levaremos trezentos anos para tentar ser um dia um país de primeiro mundo.
Triste constatação e arrependimento. O destino da nação foi este, mas o futuro pode ser modificado e só a consciência do povo com educação, cultura, tecnologia pode mudar o quadro. A ética e a moral são fatores vitais para que o processo avance.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não podemos condenar os feitos ou defeitos dos portuuese que aqui aportaram. Acredito que as consequencias em que hoje vivemos, não se deve particularmente aos portuguese, mas sim dos homens que ficaram e marcaram a nossa história. Os ingleses por sua vez, fizeram de fato uma colonioa de povoamento no atual Estado Americano do Norte, mas e outros países de colonia inglesa que não prosperaram? É um fato relevante, de que, não sabemos se seríamos uma nação próspera como a Americana é e foi.

Anônimo disse...

Cezar Augusto
Agradeço seu comentário. Na verdade escrevi este post com o impacto da leitura das mazelas deste país desde o império, inclusive o Livro de Eduardo Bueno, Entre a Cruz e a Espada mostra que pelo menos algumas coisas ruins os portugueses nos deixaram.
A colonização ingleza poderia ser outro caminho, mas jamais saberemos. Mais pela forma de colonização do que pela cultura do seu povo.
Os portugueses nos deixaram muitas heranças boas também.
Concordo que os homens foram mais responsáveis pela nossa herança de corrupção e impunidade, mas vemos que na cultura inglesa estas premissas são inaceitáveis, apesar de existirem.
Os ingleses não vingaram em muitos lugares, com certeza, mas talvez pela forma equivocada de colonizar com a exploração e expropriação das riquezas.