quarta-feira, dezembro 25, 2013

Projeções econômicas para 2014 e algumas de 2015. Algumas considerações.


Como sempre faço, gosto de colocar as projeções do mercado para o ano vindouro. Depois comparo. Este ano, temos mais informações, inclusive, porque recebi uns 2 relatórios muito bons e temos o Focus do BC, na verdade é síntese de mercado com consulta a vários atores (corretoras, bancos, agências, etc.).
Quem quiser ver é só vir aqui: Boletim Focus Bacen

Vamos lá, deixarei aqui registradas algumas impressões e previsões do mercado e minhas, me antecipando ao mercado como sempre tento. Não acerto todas, mas erro pouco. modéstia as favas. Sou estudiosos do assunto, cito minhas fontes e não analiso com paixão (coisa que defensor de governo faz, muitas vezes sem conhecer o assunto), mas tento ter a honestidade e isenção intelectual, elogiando e criticando quando for o caso. A maioria destas projeções são fruto de consultas diversas, estudos e do meu conhecimento do tema.
Uma coisa garanto, tem ficado difícil elogiar e acho que perdemos o rumo, o modelo de crédito e consumo do PT e Lula esta esgotado, mas nada tem sido feito, pelo menos é o que parece. A defesa deles que o Brasil melhorou, tiraram gente da miséria e distribuíram renda é falacioso e sofisma puro. A justiça social se dá com crescimento econômico e oportunidades para todos. O Brasil seguindo seu rumo, sem interferências politicas e partidárias, teria tirado milhares da pobreza, assim como o mundo vem fazendo desde os anos 90.

Projeções para 2014 e 2015:

Comentários meus:
  1. Inflação continua ameaçando e crescimento ainda é baixo, vi projeções do nosso PIB que variam de 1,5% a 2,5%, inclusive o FMI fala em 2,5%, o menor dos países emergentes. Meu palpite, apesar de ser ainda cedo, é algo em torno de 2%, repete este ano. A copa do mundo não vai garantir crescimento do PIB, anotem ai.
  2. O FMI projeto 3,9% o crescimento mundial, 3,7% e, 2014 e 3,9% em 2015. MELHORANDO.
  3. EUA cresceu 1,7% e, 2013, projeta-se 2,5% e, 2014. Lá inflação baixa, desemprego em queda e deficit fiscal em baixa. VÃO BOMBAR, já havia falado isso aqui no começo deste ano.
  4. EUA bombando diminui a compra de ativos, isso pode interferir no nosso câmbio, aliás no mundo todo. A locomotiva segue firme e os países devem fazer seu dever de casa.
  5. China cresce 7,6% em 2013 e projeta-se 7,7% em 2014 e 8,2% em 2015. Inflação lá ainda em alta, mas administrada. Mudanças políticas importantes que fazem a máquina acelerar. Vão bombar.
  6. Na UE também as perspectivas são ótimas. Crescimento de 0,4% em 2013, projeção de 1,2% em 2014 e 1,7% e, 2015. Inflação baixa e ainda alguns riscos para os PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia (o pior deles) e Espanha. Inflação baixa, estabilidade financeira melhorando e deficit fiscal melhorando também.
  7. Análise fria: Não tem como ficar mais claro que estamos na contramão do mundo. Conjuntura mundial favorável já perdemos nos anos 2000 com Lula e seu messianismo, Dilma precisa acordar, o problema só deve agravar se não forem tomadas medidas.
  8. Vamos ao caso do Brasil:
  • Devido a melhora mundial pelo crescimento de todos e a locomotiva em pleno vapor e ao nosso câmbio melhor vamos reduzir o déficit no Balanço de Pagamentos de US$ 81 bilhões em 2013 (3,7% do PIB) para projeção de US$ 72 bi em 2014 (3,4% do PIB)  e US$ 79 bi em 2015 (3,7% do PIB).
  • Na balança comercial  espera-se saldo positivo de US$ 13 bi em 2014 e US$ 20 bi em 2015 exatamente pelo ambiente mundial favorável e o cambio favorecido.Ou seja aumento das exportações com certeza. Importamos 30% da China e EUA e devemos manter estes números.
  • Investimento externo em 2013 foi de US$ 63 bilhões, deve cair para US$ 55 bi em 2014 e US$ 60 em 2015 - Devemos perder recursos de fora pela falta de credibilidade no país (mudança de regras, déficit fiscal alto e incertezas).
  • Reservas se mantém boas na ordem de US$ 375 bilhões podendo chegar a US$ 380 em 2015 mesmo com a "administração" do câmbio pelo BC. Definitivamente este não é nosso calcanhar de Aquiles e nunca foi na verdade fora do discurso político.
  • Com relação ao PIB podemos inferir (baseado nas informações que estamos estudando e com quase certeza devem se confirmar):
  1. Agronegócio que sustentou nosso PIB em 2012 e 2013 deve piorar- Parte pela infraestrutura e pelos custos Brasil, não obstante a melhora mundial.
  2. Industrial deve melhorar pelo câmbio e bons ventos mundiais
  3. Servições deve piorar, pela inflação e esgotamento do setor que na minha opinião ainda sustenta o paradoxo baixo crescimento x desemprego em baixa.
  4. Exportações melhoram pelo câmbio e pelo cenário mundial
  5. Consumo governo tende a melhorar
  6. Consumo das famílias (base da estratégia do PT) deve piorar, pelo esgotamento e pelo alto endividamento já sinalizado pela projeção de redução do crédito pelos juros altos e alto endividamento existente, quase 45% da renda média comprometida. Inadimplência deve cair por estes fatores (esgotamento do modelo).
  7. Desemprego deve aumentar
  8. Inflação com viés de forte alta. Alimentos em alta (pela expansão mundial e concorrência interna), fim de desonerações, aumento do salário mínimo de 6,85% (acima da produtividade). Preços administrados teve alta de 1,5% em 2013 (segurou a inflação em 6%), para 2014 a projeção é de 4,3%, ou seja inflação represada e perigosa.
  9. Energia com sérios problemas. Pela mexida no marco, pela discussão das concessões das distribuidoras, pela uso das UTEs( Usinas Térmicas) e pelo preço do PLD (mercado spot) com viés de forte alta.  O preço baixo foi um pouco "forçado", o mercado reage agora, somando-se a isso o baixo nível dos reservatório. Chove muito, mas no lugar errado, ainda tem janeiro (e já aconteceu antes) para normalizar, mas senão, as UTEs vão rodar forte e vão encarecer muito a conta de energia, a não ser que o governo faça alguma "mágica", mas correndo o risco de arrebentar ainda mais nossa credibilidade com investidores.
  10. Nossos indicadores não estão bons, alguns péssimos, dentre os emergentes podemos dizer que somos os piores em 2013 e seremos em 2014 e 2015. TOMARA QUE EU ESTEJA ERRADO.
  11. Nosso deficit nominal (Receitas - despesas) em 2013 foi 3,3% do PIB. Em 2014 deve ser de 4,3% (maior desde 2003) e 3,7% em 2015. ISSO É GRAVE.
  12. Divida total de 34,5% do PIB em 2013, projeção de 34,5% em 2014 e 35% em 2015. Dívida não é ruim se temos como administrar.  Nos países ricos a dívida chega a 100% ou mais do PIB, mas eles têm equilíbrio fiscal e perspectivas de pagamento. Dai os juros são baixos e a dívida administrável. Aqui por conta disso, deterioração do déficit fiscal (gasta mais que arrecada e vai no mercado buscar) nossa imagem vai decaindo, o risco soberano (das agências de riscos) deve piorar e entramos no ciclo vicioso que só corrobora os maus presságios para 2014 e 2015.
  13. Ainda falando em Déficit , a arrecadação deve aumentar (pelo cenário mundial) mesmo com a volta das desonerações (que em contrapartida pressionam a inflação). LOAS A ELES, NOSSA CARGA TRIBUTÁRIA DEVE BATER 40% PIB. QUALQUER DESONERAÇÃO É BEM VINDA. Já falaram em Belindia (Mistura de Bélgica e Índia) hoje somos o INGANA- Impostos da Inglaterra e serviços de Gana.
  14. Os gastos públicos em expansão são o maior problema do Brasil. Da despesa total, 80% é com salários, benefícios previdenciários e transferências, sendo que 32% é na seguridade, 18,9% com pessoa, 18,4% transferências aos estados  e municípios (muito pouco e por isso a tese do pacto federativo de Aécio tem forte apelo junto a prefeitos). Investimentos, pasmem, são só 4,8%.
  15. Por conta do déficit fiscal e altas despesas (gasta mais do que arrecada) nosso endividamento é alto, não deve cair e depende da Selic , juros que combatem a inflação, mas remuneração da grana que o governo levanta para rolar suas dividas. No ambiente de alta da Selic (por conta da inflação) só podemos concluir que nosso endividamento só deve aumentar. 
  16. Nossa dívida é de 60% do PIB, cruzando isso com outras variáveis do Brasil é perigoso, mas em países de primeiro mundo, a dívida chega a 100% ou mais do PIB. Sem problemas quando é bem gerido na política fiscal. Temos a maior dívida pública (proporcional ao PIB) entre os emergentes.
  17. Para exemplificar o que falo de desperdício (ou pode ter outra motivação política, quase certa) o número de ministérios era o seguinte: Collor 16, Itamar 28, FHC primeiro governo 26 e depois 23, Lula primeiro governo 34 e segundo 37, Dilma 39. ESTA EXPLICADO?
Estamos em sérios riscos. Dilma é favorita para ganhar a eleição, meu medo é que o problema se agrave para ela em 2014 e 2015 principalmente. Seja quem for, é preciso ajustes, sérios e responsáveis na condução da política econômica do governo. O modelo esgotou. O Brasil já funcionou e hoje não funciona mais, cria a ilusão de que tudo pode estar bem. O discurso (esperto e oportunista) da distribuição de renda e redução da miséria traz a conta para ser paga, esta ai.
Se nos comparam com pares nossos, os emergentes, estamos em flagrante desvantagem nos indicadores, não é ilação minha, são dados que podem ser vistos aqui e em diversas publicações.
Nossa saúde é um caos, nossa infraestrutura também, nossa educação perde feio no ranking mundial e o que me dói é que:


ESTA NAÇÃO JÁ FUNCIONOU UM DIA.



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