sábado, maio 12, 2018

O memorando da CIA que acusa Geisel e Figueredo de execuções




Vamos lá. Não tenho procuração para defender os militares, mas acho que uma notícia destas neste momento precisa ser melhor entendida.

O tal memorando pode ser lido aqui, em uma página disponibilizada pela CIA. Clique e leia.
No final colocarei o testo do memorando também.

Vamos fazer algumas considerações para reflexão:

  1. Este memorando é do diretor da CIA para Henry Kissinger, mas não cita a fonte de sua informação. Claro que deve ter sido uma agente, mas não podemos imaginar que este agente tenha participado de uma reunião entre as pessoas citadas. Parece que o agente pode ter ouvido de alguém, relatado ao diretor que fez o memorando ao secretário. Não carecia de mais detalhes para atestar a veracidade? Quer dizer que documentos da CIA agora são a verdade dos fatos sem questionamento? 
  2. O Brasil estava em guerra contra o terrorismo. Os militares aquela altura ganhavam a guerra, mas ainda existia a Guerrilha do Araguaia que só terminou em 1975. Ou seja, em uma guerra inimigos devem ser mortos, faz parte. O regime militar endureceu muito por causa do terrorismo, isso já é fato revelado e entendido. O terrorismo não lutava contra o regime militar, mas a favor do regime comunista e com financiamento de Cuba, URSS e China. Escrevo sobre isso, pesquisei e estudei muito o tema, vou mostrar documentos e fatos no meu livro que está quase pronto.
  3. O memorando fala em inglês:  He emphasized that Brazil cannot ignore the subversive and terrorist threat, and he said that extra-legal methods should continue to be employed against dangerous subversives. Vamos traduzir isso? Ele enfatizou que o Brasil não pode ignorar a ameaça subversiva e terrorista, e disse que métodos extra-legais devem continuar a ser empregados contra subversivos perigosos. Ou seja, ele não fala de opositores do regime, mas de terroristas e subversivos perigosos. A interpretação dada sem esclarecer este ponto me parece muito estranha, como se as ordens fossem para "executar todo mundo". No memorando fica claro que ele fala em terrorismo e subversivos e isso era a regra do jogo. 
  4. Mais uma parte do sumário: would limit executions to the most dangerous subversives and terrorists. Explicitamente Terroristas e subversivos perigosos. Não seriam os que atacavam a sociedade e os militares? Os soldados do outro lado da guerra? Os inimigos?
  5. A ilação de que Wladmir Herzog , capa das chamadas da mídia, foi morto por ordem de Geisel é mentirosa e falaciosa. Este episódio acabou gerando um problema grave no sistema militar e Geisel demitiu o comandante do III Exército após as mortes de Herzog e Fiel, um metalúrgico morto em condições suspeitas. Clique e veja a matéria. REITERO que não defendo as mortes e a tortura, e a "tigrada" como eram conhecidos os membros da linha dura, ainda eram fortes neste momento, principalmente com todos atos de terrorismo nos anos anteriores.
  6. Porque soltaram este documento agora se ele existe desde 2015? Porque a tal Comissão da Verdade nem sequer mencionou? Esta repercussão agora parece endereçada a queimar as Forças Armadas e ressuscitar o fantasma do Regime, chamado de Ditadura Militar, mas que não foi tão dura assim. 
  7. Para mim querem atingir Bolsonaro que lidera as pesquisas e tem chance real de ser eleito presidente.
  8. A mídia, que na sua maioria tem um lado esquerdista, repercute com uma interpretação que atinge os objetivos de quem quer denegrir as forças armadas.
  9. Os citados estão todos mortos, sem chance de se defender, outro fato lastimável e desrespeitoso.
  10. A Anistia de 1979 foi para os dois lados e não vale ressuscitar defuntos de um lado só. Houve mortos e feridos de ambos os lados e negar isso é negar a história.
  11. O escarcéu feito pela média vai acirrar os ânimos ainda mais e no meu sentimento, vai acabar ajudando ainda mais Bolsonaro. Deram um tiro no pé, na minha opinião.
Escrevo sobre o tema 1964. Estudei e pesquisei muito. Não posso negar os erros da Revolução de 1964, mas não podemos ultrapassar o limite de que estes fatos já foram, são história.
Nenhuma ditadura pode ser justificada, mas tem gente que defende e elogias outras ditaduras e possam de democratas. Nossa ditadura, com todos seus erros e mazelas, ainda fez muitas coisas para a nação e muitos a chamam Ditabranda. Veja este artigo que escrevi sobre: Democracia x Ditadura, clique e leia


Ainda afirmo que 1964 foi contragolpe e meu livro provará isso, com fatos e documentos.
Ainda não defini meu voto, quero ver todos os candidatos, mas não posso deixar de analisar o ataque subliminar a Bolsonaro. Os lideres de pesquisa apanham mais, mas vamos interpretar os fatos com seriedade e sem emoções.

99. Memorandum From Director of Central Intelligence Colby to Secretary of State Kissinger 1

SUBJECT

  • Decision by Brazilian President Ernesto Geisel To Continue the Summary Execution of Dangerous Subversives Under Certain Conditions
1. [1 paragraph (7 lines) not declassified]
2. On 30 March 1974, Brazilian President Ernesto Geisel met with General Milton Tavares de Souza (called General Milton) and General Confucio Danton de Paula Avelino, respectively the outgoing and incoming chiefs of the Army Intelligence Center (CIE). Also present was General Joao Baptista Figueiredo, Chief of the Brazilian National Intelligence Service (SNI).
3. General Milton, who did most of the talking, outlined the work of the CIE against the internal subversive target during the administration of former President Emilio Garrastazu Médici. He emphasized that Brazil cannot ignore the subversive and terrorist threat, and he said that extra-legal methods should continue to be employed against dangerous subversives. In this regard, General Milton said that about 104 persons in this category had been summarily executed by the CIE during the past year or so. Figueiredo supported this policy and urged its continuance.
4. The President, who commented on the seriousness and potentially prejudicial aspects of this policy, said that he wanted to ponder the matter during the weekend before arriving at any decision on [Page 279]whether it should continue. On 1 April, President Geisel told General Figueiredo that the policy should continue, but that great care should be taken to make certain that only dangerous subversives were executed. The President and General Figueiredo agreed that when the CIE apprehends a person who might fall into this category, the CIE chief will consult with General Figueiredo, whose approval must be given before the person is executed. The President and General Figueiredo also agreed that the CIE is to devote almost its entire effort to internal subversion, and that the overall CIE effort is to be coordinated by General Figueiredo.
5. [1 paragraph (12½ lines) not declassified]
6. A copy of this memorandum is being made available to the Assistant Secretary of State for Inter-American Affairs. [1½ lines not declassified] No further distribution is being made.
W.E. Colby
  1. Summary: Colby reported that President Geisel planned to continue Médici’s policy of using extra legal means against subversives but would limit executions to the most dangerous subversives and terrorists.
    Source: Central Intelligence Agency, Office of the Director of Central Intelligence, Job 80M01048A: Subject Files, Box 1, Folder 29: B–10: Brazil. Secret; [handling restriction not declassified]. According to a stamped notation, David H. Blee signed for Colby. Drafted by Phillips, [names not declassified] on April 9. The line for the concurrence of the Deputy Director for Operations is blank.

3 comentários:

André Brennand disse...

Parabens! Jornalismo honesto.

roberto viana disse...

Ditadura é quando uma pessoa ou grupo de pessoas tomam o poder em benefício próprio. Assim a única ditadura que houve no Brasil moderno foi o estado novo de Getúlio Vargas que tomou os três poderes constituidos. Sob pressão do povo(marcha da familia), OAB, igreja, imprensa e das próprias FFAA, Jango abandonou o poder e como a constituição da época não previa substituto para o vice o congresso foi obrigado a decretar a vacância do cargo exigindo a presença das FFAA como guardiã da constituição . Esta claro assumiu o poder inteirinamente em 31/03. Em 11/04/64 Castelo Branco foi eleito presidente por um congresso legalmente constituído e o judiciário funcionando normalmente. Por isto a ONU reconheceu como regime militar e não ditadura e por contar com o apoio de quase todos é que não houve um tiro sequer nesta tradição. A guerrilha armada só começou em 1968 e não poderia ser recebida com flores.
No mais ótimo texto

roberto viana disse...

Transição