segunda-feira, dezembro 10, 2007

Leilão da energia amazônica

Hoje começa a guerra- Clique e veja

Estamos no momento do leilão da usina de Santo Antônio no Rio Madeira com 3.150 MW. Este é um dos grandes empreendimentos de geração hidrelétrica na região Amazônica idealizado pelo setor elétrico. O total de energia potencial para os rios na região são de 42.260 MW, sendo que 13.650 estão em inventário e 28.610 já em previsão para leilão até 2.010, a usina de Santo Antônio é a primeira, digamos, será um teste. Trata-se de senhor volume de energia, entretanto algumas considerações são necessárias:
(1-) Todos estes projetos foram planejados há muito tempo, quando o rigor ambiental já era incipiente, mas não com as exigências atuais.
(2-) Belo Monte, no Rio Xingu com 11.000 MW arrasta-se desde a década de 80 e as barreiras vão ficando intransponíveis, poucas pessoas no setor acreditam que esta usina sairá do papel.
(3-) A extensão das linhas de transmissão até o centro de carga no Sudeste vão esbarrar em problemas ambientais sérios, cortar estados e florestas, além do custo ser a principio proibitivo. A previsão de custos para trazer a energia de Santo Antônio é quase o preço de outra usina. Alguém consegue imaginar 2.500 km de linha de transmissão da Rondônia a São Paulo, sem problemas ambientais?
(4-) A visão atual do mundo sobre a Amazônia com as questões do aquecimento global e o agravamento dos impactos ambientais são crescentes. A oposição ambiental será aguerrida não se limitando as fronteiras nacionais.
(5-) Os grandes empreendimentos hidrelétricos estão cada vez mais complicados, por questões dos custos da mitigação dos impactos ambientais.
(6-) Quando maior for a necessidade de alagamento de áreas, maior é a complicação de licença ambiental, é exatamente o caso deste belo potencial energético. No caso de Santo Antônio existe suspeita da invasão de terras bolivianas. Isso ainda vai dar o que falar. Aguardem o cocaleiro Evo Morales.
(7-) A logística para execução destas obras com as questões ambientais crescentes são outro complicador que pouco deve aparecer neste momento de planejamento, mas surgirá como vendaval no decorrer das obras.
Se dependermos destas obras para sanar o problema que se avizinha, estamos perdidos.
O cerne da questão não é ser contra os a favor do aproveitamento do potencial energético da Amazônia, mas as alternativas que temos a esta situação que ambientalmente parece anacrônica.
A exploração do potencial energético na Amazônia deveria ser pautada por pequenos aproveitamentos, buscando atender a carga local, sem necessidade de alagamento de área com florestas, a fio dágua como é definido tecnicamente.
Um empreendimento deve ser sempre comercialmente viável, ambientalmente sustentável e socialmente responsável. Não consigo enxergar estas premissas no aproveitamento energético da Amazônia como está descrito.
Espero estar errado, mas meu lado ambientalista tem falado mais forte que o de economista. Tenho certeza que existem alternativas.

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