Falando com o coração não é preciso preparação. O improviso
de uma fala está sempre ligada a emoção que o interlocutor e os ouvintes
sentem. Confesso que nunca me intimidei com a fala improvisada, mas hoje não
tive a habitual coragem. Tinha certeza que a emoção e por que não saudade me
deixariam inseguro, por isso preparei uma fala, simples mas verdadeira com as
palavras que saem do meu coração e com certeza represento os de todos
presentes.
Aqui estamos todos
sintonizados. Na sintonia da lembrança e da sauidade.
A saudade não é de todo ruim, ela mexe com a nossa alma, com
nossas lágrimas e nos fazer viver, sentir que estamos vivos, que temos pessoas
queridas e somos queridos.
Assim como a distância, que não impede que as relações se
percam, nem que as histórias se apaguem.
Me lembro muito bem, dos natais na casa da D. Gelcira e a
vinda de todos os filhos e netos. As páscoas, onde a Geralda e a vovó escondiam
ovos de galinhas cozidos para que procurássemos, sob o olhar atento dos filhos
Murilo e Francisco, noras Lúcia e Lucy e Filhas Maria Tereza e Yolanda e o genro Belmiro.
Todos nós crianças, alguns ainda em sonhos dos pais, mas a
simplicidade e a vontade de D. Gelcira em agradar sua família deixou a marca
indelével.
O Dr. Badaró era sisudo e sério, de poucas palavras, olhar e
presença que impunham respeito, mas que escondiam uma presteza e bondade em
ajudar todos.
Minas Novas, querida por ele e por seu filho Murilo foi o
tormento da D. Gelcira e da D. Lucy, muitas vezes, mas que conseguiram na
saudade e tristeza criar seus filhos e apoiar seus maridos na luta política.
A tradição política é longa, com muitos feitos e legado
inquestionável, mas a vocação pública da história política foi a marca deixada
e com certeza herdada por todos nós.
Uma família vai crescendo, agregando pessoas, mas algumas
marcas não mudam com a mistura cultural que as pessoas que chegam trazem para o
seio familiar. Estes agregados queridos ajudam na conservação da tradição e na
depuração dos defeitos.
A marca dos encontros constantes em uma fase da vida e
depois um aparente distanciamento é a marca do crescimento da família e multiplicação da genética,
percebemos isso quando vamos crescendo e nos distanciando de nossos queridos.
Seguindo outros núcleos familiares, formando nossos próprios.
Não é preciso falar que só existem virtudes, todos temos
defeitos e erros no decorrer de uma vida, mas a marca da tradição e da cultura
não se misturam a estes. Os Badarós são marcados por muitas coisas, entre elas,
a beleza física, modéstia as favas como dizem, mas a ligação com a cultura, com
o comprometimento nas ações profissionais, na seriedade e honestidade de suas
mulheres, e muito mais que isso, que estão dentro de nós e não seriam as
palavras a dimensionar estasquaidades
Este encontro que no passado era rotina na casa simples e
querida da D. Gelcira e a inesquecível Geralda Pelegrina ficou anos sem acontecer, mas agora temos a
chance de relembrarmos e culturamos a memória da família, principalmente dos que
se foram, Dr. Badaró, D. Gelcira, Geralda, Francisco e Murilo. Falo com propriedade e testemunho o quanto o
Dr. Murilo queria fazer este encontro, mas com certeza eles estão entre nós.
Não saberia dizer quantos estão aqui, o quanto a família
cresceu para vários lados, mas a emoção e a reverenciação das nossas tradições
vale e marca estas virtudes dos Badarós.
Aqui estamos só pelo lado do Badaró Junior, mas a família é
grande, lutadora e vencedora em diversas atividades e segmentos da sociedade,
temos vários, engenheiros, advogados, médicos, empresários , até a
carreira religiosa temos entre os
Badarós.
A tradição política tenho certeza não está esquecida, talvez
adormecida pelos desmandos e qualidade dos atores que vivem este mundo atual.
Na destruição das instituições e de valores nacionais. Na indignação e revolta que todos temos com o
que assistimos no Brasil pode estar este afastamento que tenho certeza será
temporário, ainda vejo um Badaró em futuro próximo que dará segmento a
tradição. Não é que fugimos da luta, é que esta luta não é da altura de nossa
vocação e cultura política.
O excesso de dinheiro e o queda de moralidade e ética na política entraram em
conflito com a nossa tradição, tenho certeza. Os Badarós têm defeitos diversos,
como todas as pessoas, mas na sua mais forte tradição que é a política, eles
nunca denegriram a imagem ou o nosso nome no tratamento da causa pública.
Aqui temos gente de
todas as idades, de várias gerações, alguns mais ligados pela idade, pela
proximidade e até pela afinidade, mas não importa, todos temos a carga genética
que traz muito mais qualidades do que defeitos, isso todos temos certeza.
Nem todos estão aqui, por motivos pessoais ou até alheios a
vontade, mas com certeza gostariam de estar tenho certeza.
A emoção e a lembrança fazem parte da vida e nos deixam
vivos, recordar é viver como diz um
poema. A alegria e a diversidade de pessoas e idades, todos que carregam um
pouco do sangue que nos une aqui é motivo de orgulho e fortalecimento de nossas
crenças e tradições.
Este encontro ficará marcado na vida de todos, para as crianças e mais jovens que mal entendem ainda o mundo é motivo de compreensão do que é uma família
tradicional com valores e princípios que não são destruídos.
O Duga deixou esta frase
no FaceBook, aliás esta ferramenta da modernidade que tornou mais fácil a gente
se encontrar aqui, ela diz:
" A saudade é o
passar e o repassar das memórias antigas" de Machado de Assis
Eu mudaria para, “ A vida
é vivida com o passar e repassar das
memórias antigas”.
E para encerrar declamo este poema:
Soneto 30 ~
Quando à corte silente do pensar
Eu convoco as lembranças do passado,
Suspiro pelo que ontem fui buscar,
Chorando o tempo já desperdiçado,
Afogo olhar em lágrima, tão rara,
Por amigos que a morte anoiteceu;
Pranteio dor que o amor já superara,
Deplorando o que desapareceu.
Posso então lastimar o erro esquecido,
E de tais penas recontar as sagas,
Chorando o já chorado e já sofrido,
Tornando a pagar contas todas pagas.
Mas, amigo, se em ti penso um momento,
Vão-se as perdas e acaba o sofrimento
Quando à corte silente do pensar
Eu convoco as lembranças do passado,
Suspiro pelo que ontem fui buscar,
Chorando o tempo já desperdiçado,
Afogo olhar em lágrima, tão rara,
Por amigos que a morte anoiteceu;
Pranteio dor que o amor já superara,
Deplorando o que desapareceu.
Posso então lastimar o erro esquecido,
E de tais penas recontar as sagas,
Chorando o já chorado e já sofrido,
Tornando a pagar contas todas pagas.
Mas, amigo, se em ti penso um momento,
Vão-se as perdas e acaba o sofrimento
Obrigado
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