quarta-feira, maio 25, 2022

A primeira reunião de Castelo Branco como presidente pós 64

 



Meu livro vai até 31/03/1964, não entro no Regime Militar. Sim, foi uma ditadura, muitos erros foram cometidos pela linha dura. Existiam dois grupos nas FFAAs, um legalista e outro linha dura.

Não podemos esquecer que a Guerra Fria estava no auge, o terrorismo aqui no Brasil financiado pela URSS, China e Cuba (meu livro conta detalhes) e a situação econômica era um caos. Isso era combustível para a linha dura.

Não há defesa para os equívocos do Regime Militar, podemos até entender pelo momento e conjuntura, mas nunca terão justificativas, outros caminhos poderiam ser tomados.

A cassação injusta de muito políticos, entre eles JK, foi um erro imperdoável. 

Posso afirmar que Castelo Branco era legalista e ficou extremamente constrangido com a cassação de JK (que o havia promovido a General), mas foi vencido pela Linha Dura comandada por Costa e Silva naquele momento. 

É a história sendo revelada e conhecida a cada momento.

Vejam os relatos de Lira Neto sobre a primeira reunião de Castelo Branco. Páginas 411 e 412 do livro  Castello: A marcha para a ditadura 

O cenário não era animador. A inflação projetada para o ano já rompera a marca dos 100%. Os índices de crescimento despencavam enquanto os investidores estrangeiros, escaldados pela política externa independente e pelas Reformas de Base de Jango, haviam sumido do mapa. O país, portanto, estava à beira da insolvência. 

— O Brasil ficou entre um capitalismo sem incentivos e um socialismo sem convicção — sentenciou Roberto Campos, Ministro do Planejamento.

Muitos ministros chegaram a se encolher nas cadeiras. "Sou o síndico de uma massa falida", escreveria o próprio Castello ao filho, Paulo. A terapêutica sugerida por Roberto Campos era amarga: arrocho salarial, para conter a procura e para sinalizar um panorama favorável aos empresários; extinção dos subsídios sobre o petróleo e o trigo; fim dos tabelamentos que provocavam o desabastecimento nas prateleiras dos supermercados; incentivo às exportações, por meio da desvalorização do cruzeiro em relação ao dólar; e, por fim, para atrair investidores internacionais, estímulo ao capital de risco no país. As medidas, estava claro, não seriam nada populares.

Castello foi advertido por Roberto Campos de que o receituário ortodoxo geraria inevitáveis ondas de insatisfação em meio à opinião pública. Chegou-se a argumentar, na reunião, que somente um presidente eleito por vias indiretas teria mesmo condições de levar a cabo um programa rigoroso daqueles. De qualquer modo, apesar de o Ato Institucional garantir a aprovação de projetos do governo por decurso de prazo, o Congresso precisaria ser convencido da necessidade imediata das medidas econômicas, que deveriam ser postas em prática com a maior urgência possível.

Ou seja, a população que apoiou o Golpe, ou Contra Golpe, agora sentiria na pele as medidas que precisavam ser tomadas para consertar o rumo econômico do Brasil.


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