Escrevi este artigo em 2006. Olhem ai.
Segunda-feira, 17 de Julho de 2006
A penalização de várias gerações A diferença entre o remédio e o veneno é o tamanho da dose ministrada! Axioma popular.
Vamos fazer um protesto bem pragmático. Alguns números serão colocados até por serem bem interessantes e demonstrarem as assertivas e ilações desse texto.
Defendo há muito a tese que minha geração e as que me sucederam foram perdidas no contexto econômico e das oportunidades. Isto acaba desaguando em outras tragédias sociais como desemprego, aumento da violência, etc. Quem viveu o “milagre econômico” de 70 sabe do que se trata.
A análise baseia-se em dados do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que nada mais é que a soma de todas as riquezas do país.Se estivermos produzindo e gerando riqueza é fácil enxergar os atores e seus papeis. Quando o país cresce, as dificuldades da população quase sempre desaparecem ou são reduzidas. Claro que governar não é só fazer crescer um país, pois existem fatores exógenos, crises mundiais, fragilidade do estado, inflação e outras variáveis que determinam a qualidade e competência de um governante e sua equipe.
Existe estudo do Professor Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, muito interessante. Ele mede um índice denominado IDP (Índice de Desempenho Presidencial) e leva em consideração parâmetros para avaliação e julgamento dentro do critério estabelecido.Sem entrar em questões muito acadêmicas e técnicas, busquei somente o PIB, assumindo a premissa que ele por si só é alicerce para grandes benefícios a população, principalmente tratando-se de oportunidade, perspectivas de futuro, emprego e renda. Levantei o PIB médio dos governos passados de 1930 para cá. Por que? Pessoas nascidas antes de 1930 estão em sua maioria aposentadas ou fora do mercado. Queria demonstrar que pessoas nascidas na geração conhecida como “Baby Boom” (década de 50 e 60) foram penalizadas com crises econômicas e no caso do Brasil por desmandos e incompetência de governos.Quem nasceu em 70 e 80 ainda não enxergou o que é prosperidade apesar de sua plenitude para o trabalho. È clara como a luz do sol a questão que demonstra que de 1980 até 2005 tivemos pífios indicadores do PIB, excetuando 3 anos do governo Itamar em 92, 93 e 94.O que por si só não representa nada como geração de emprego e renda. Olha o quadro abaixo que fica clara a afirmação supra.
Presidente
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Período de governo
|
PIB Médio nos anos governados
|
Getúlio
|
30/34-34/45-51/54
|
4,8%
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Gaspar Dutra
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46/51
|
7,6%
|
Nereu Ramos/Café Filho
|
54/55
|
8,8%
|
JK
|
56/61
|
8,2%
|
Jânio
|
61
|
8,6%
|
Jango
|
61/64
|
3,5%
|
Castelo Branco
|
65/67
|
4,2%
|
Costa e Silva
|
67/69
|
7,8%
|
Médici
|
69/74
|
10,88%
|
Geisel
|
74/79
|
6,69%
|
Figueiredo *
|
79/85
|
2,51%
|
Sarney
|
85/90
|
3,28%
|
Collor
|
90/92
|
-1,3%
|
Itamar **
|
92/95
|
5,3%
|
FHC
|
95/2002
|
2,4%
|
Lula***
|
2003/2007
|
2,5%
|
* - Aqui começa o calvário das gerações nascidas em 50, 60, 70 e 80. Pois quem nasceu em 80 e hoje se encontra com 25 anos não viu o país crescer, perdendo suas oportunidades em plena capacidade de trabalho.
** - Aqui tivemos três anos de prosperidade com a estabilização da moeda e o Plano Real. É muito pouco para um país continental como o nosso com índices demográficos e vegetativos altos. O Brasil precisaria crescer no mínimo 3,5% ao ano para atender suas demandas de justiça social, geração de emprego e renda atendendo a população entrante.
*** - A Projeção para o Governo Lula é nebulosa. Com índices projetados para o ano que vem, o máximo que atingiria seria um crescimento médio de 2,5%. Isso se o Brasil crescer 3,5 % ano que vem. Se acontecer problemas como os verificados agora, podemos ter a média ainda mais baixa.
Os números falam por si só. Quem viveu momentos de prosperidade no Brasil sabe do que estamos falando e das potencialidades perdidas desde 1980 até os dias atuais.A recente queda do PIB em contrafluxo da economia mundial e a potencialidade perdida são estarrecedores. Exemplos fulgentes como China e Korea do Sul e recuperação de vários paises sul-americanos que poderiam ser comparados a nós no contexto analisado são a prova que andamos na contramão.
Podemos afirmar que pelo PIB médio, os piores presidentes do Brasil de 1930 para cá foram: Collor, Figueiredo, FHC, Lula (tudo projeta assim) e Sarney. Nota-se que tudo isso aconteceu de 1980 para cá. Por estudos do Professor Reinaldo Gonçalves, de 1900 até 2005, poucos fariam parte desta tenebrosa lista dos campeões do flagelo econômico do Brasil.
Neste momento temos ventos favoráveis na economia mundial e aqui no Brasil queda e decepção com nossos indicadores. É um momento de refletirmos se não estamos vivendo algo de errado há muito tempo, precisamente 20 anos. O que mais dói é nossa capacidade de assistir tudo isso, com a sensação de ter o tempo perdido sem mais ser alcançado.
Se até nossos filhos foram penalizados por crises políticas e desmando dos dirigentes, só nos resta torcer que nossos netos possam buscar e viver um país melhor.
Não podemos ter ilusão que estados assistencialistas recursos abundantes para investimentos voltarão a existir, mas a esperança que alguma saída seja encontrada é grande. O maior imposto e juros que existem são os colocados para o jovem brasileiro, com a desesperança e falta de perspectivas. As oportunidades, a geração de emprego e renda são peças fundamentais no combate a pobreza. O que assistimos há muitos tempos são discursos e programas assistencialistas que funcionam nas lousas dos ministérios em Brasília e nas estatísticas que convêm aos pares que as divulgam.Se não crescemos pelo menos 3,5% ao ano, estamos cometendo a injustiça social com nossos jovens e entrantes no mercado de trabalho e não podemos permitir mais. Afinal somos vítimas desta arma.
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