sábado, dezembro 27, 2014

Comparação 2014 e 2015 e as projeções para 2015.

O que projetamos para 2014 e algumas projeções para 2015.
Vamos ver o que aconteceu de verdade em 2014 e confirmar ou não as projeções para 2015 para fazermos o que sempre fazemos no final de ano.

Projeções feitas para 2014:

IGPM 8,4%
IPCA  6,2%
Câmbio US$=R$ 2,60
Selic: 10,25%
PIB: 2%
Produção Industrial: 2,1%
Balança Comercial: US$ 13 bilhões
Desemprego 5,7%

O que aconteceu de fato:

IGPM 3,78%
IPCA  6,38%
Câmbio US$=R$ 2,65
Selic: 11,50%
PIB: 0,13%
Produção Industrial: -2,5%
Balança Comercial: US$ 1 1,8
Desemprego 4,8%

Erro feio para o PIB, a Selic e a Produção industrial que acabaram por influenciar outros indicadores como o IGPM que caiu muito e o desemprego que continua baixo apesar do baixo crescimento.

E para 2015?

IGPM 5,72%
IPCA  6,54%
Câmbio US$=R$ 2,75
Selic: 12,50%
PIB: 0,55%
Produção Industrial: 1,1%
Balança Comercial: US$ 4,8 bilhões
Desemprego 6,5% ( este é por minha conta)

Podemos inferir e concluir que 2015 será um ano pior do que 2014. Fora os EUA (o que ajuda muito) estar bombando, isso trará reflexos no câmbio e pode nos atrapalhar.
O preço baixo do petróleo ajuda o mundo em geral, mas aqui foi tiro no pé do pré sal e pode afetar muito nossa combalida economia.
Vamos acompanhar.
Meus receios para 2015:

  1. O ministro Joaquim Levy não aguente a mulher muito tempo
  2. O PT não consegue cortar despesas e precisamos de ajustes
  3. Haverá aumento de impostos, quais? CIDE, CPMF ou outra sigla que vai aumentar nossa sopa de letrinhas já com 92 tipos de tributos de toda ordem.
  4. Crise política institucional, dependendo do que aparecer no caso Petrobrás e agravada pelo baixo desempenho de nossa economia. Nuvens negras vão rondar em Brasília.
  5. O setor elétrico pode passar por problemas mais graves como um racionamento, e a conta deve ficar muito mais salgada.
Vamos torcer pelo Brasil. Antes de críticos somos brasileiros.

Quem se interessar, esta aqui a publicação do último Boletim Focus de 2014- Clique e leia

Vou colocar em vermelho o que acertei e alertei e que os indicadores foram confirmados.

Projeções para 2014 e 2015:

Comentários meus:
  1. Inflação continua ameaçando e crescimento ainda é baixo, vi projeções do nosso PIB que variam de 1,5% a 2,5%, inclusive o FMI fala em 2,5%, o menor dos países emergentes. Meu palpite, apesar de ser ainda cedo, é algo em torno de 2%, repete este ano. A copa do mundo não vai garantir crescimento do PIB, anotem ai.
  2. O FMI projeto 3,9% o crescimento mundial, 3,7% e, 2014 e 3,9% em 2015. MELHORANDO.
  3. EUA cresceu 1,7% e, 2013, projeta-se 2,5% e, 2014. Lá inflação baixa, desemprego em queda e deficit fiscal em baixa. VÃO BOMBAR, já havia falado isso aqui no começo deste ano.
  4. EUA bombando diminui a compra de ativos, isso pode interferir no nosso câmbio, aliás no mundo todo. A locomotiva segue firme e os países devem fazer seu dever de casa.
  5. China cresce 7,6% em 2013 e projeta-se 7,7% em 2014 e 8,2% em 2015. Inflação lá ainda em alta, mas administrada. Mudanças políticas importantes que fazem a máquina acelerar. Vão bombar.
  6. Na UE também as perspectivas são ótimas. Crescimento de 0,4% em 2013, projeção de 1,2% em 2014 e 1,7% e, 2015. Inflação baixa e ainda alguns riscos para os PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia (o pior deles) e Espanha. Inflação baixa, estabilidade financeira melhorando e deficit fiscal melhorando também.
  7. Análise fria: Não tem como ficar mais claro que estamos na contramão do mundo. Conjuntura mundial favorável já perdemos nos anos 2000 com Lula e seu messianismo, Dilma precisa acordar, o problema só deve agravar se não forem tomadas medidas.
  8. Vamos ao caso do Brasil:
  • Devido a melhora mundial pelo crescimento de todos e a locomotiva em pleno vapor e ao nosso câmbio melhor vamos reduzir o déficit no Balanço de Pagamentos de US$ 81 bilhões em 2013 (3,7% do PIB) para projeção de US$ 72 bi em 2014 (3,4% do PIB)  e US$ 79 bi em 2015 (3,7% do PIB).
  • Na balança comercial  espera-se saldo positivo de US$ 13 bi em 2014 e US$ 20 bi em 2015 exatamente pelo ambiente mundial favorável e o cambio favorecido.Ou seja aumento das exportações com certeza. Importamos 30% da China e EUA e devemos manter estes números.
  • Investimento externo em 2013 foi de US$ 63 bilhões, deve cair para US$ 55 bi em 2014 e US$ 60 em 2015 - Devemos perder recursos de fora pela falta de credibilidade no país (mudança de regras, déficit fiscal alto e incertezas).
  • Reservas se mantém boas na ordem de US$ 375 bilhões podendo chegar a US$ 380 em 2015 mesmo com a "administração" do câmbio pelo BC. Definitivamente este não é nosso calcanhar de Aquiles e nunca foi na verdade fora do discurso político.
  • Com relação ao PIB podemos inferir (baseado nas informações que estamos estudando e com quase certeza devem se confirmar):
  1. Agronegócio que sustentou nosso PIB em 2012 e 2013 deve piorar- Parte pela infraestrutura e pelos custos Brasil, não obstante a melhora mundial.
  2. Inflação com viés de forte alta. Alimentos em alta (pela expansão mundial e concorrência interna), fim de desonerações, aumento do salário mínimo de 6,85% (acima da produtividade). Preços administrados teve alta de 1,5% em 2013 (segurou a inflação em 6%), para 2014 a projeção é de 4,3%, ou seja inflação represada e perigosa.
  3. Energia com sérios problemas. Pela mexida no marco, pela discussão das concessões das distribuidoras, pela uso das UTEs( Usinas Térmicas) e pelo preço do PLD (mercado spot) com viés de forte alta.  O preço baixo foi um pouco "forçado", o mercado reage agora, somando-se a isso o baixo nível dos reservatório. Chove muito, mas no lugar errado, ainda tem janeiro (e já aconteceu antes) para normalizar, mas senão, as UTEs vão rodar forte e vão encarecer muito a conta de energia, a não ser que o governo faça alguma "mágica", mas correndo o risco de arrebentar ainda mais nossa credibilidade com investidores.
  4. Nossos indicadores não estão bons, alguns péssimos, dentre os emergentes podemos dizer que somos os piores em 2013 e seremos em 2014 e 2015. TOMARA QUE EU ESTEJA ERRADO.
  5. Nosso deficit nominal (Receitas - despesas) em 2013 foi 3,3% do PIB. Em 2014 deve ser de 4,3% (maior desde 2003) e 3,7% em 2015. ISSO É GRAVE.
  6. Divida total de 34,5% do PIB em 2013, projeção de 34,5% em 2014 e 35% em 2015. Dívida não é ruim se temos como administrar.  Nos países ricos a dívida chega a 100% ou mais do PIB, mas eles têm equilíbrio fiscal e perspectivas de pagamento. Dai os juros são baixos e a dívida administrável. Aqui por conta disso, deterioração do déficit fiscal (gasta mais que arrecada e vai no mercado buscar) nossa imagem vai decaindo, o risco soberano (das agências de riscos) deve piorar e entramos no ciclo vicioso que só corrobora os maus presságios para 2014 e 2015.
  7. Ainda falando em Déficit , a arrecadação deve aumentar (pelo cenário mundial) mesmo com a volta das desonerações (que em contrapartida pressionam a inflação). LOAS A ELES, NOSSA CARGA TRIBUTÁRIA DEVE BATER 40% PIB. QUALQUER DESONERAÇÃO É BEM VINDA. Já falaram em Belindia (Mistura de Bélgica e Índia) hoje somos o INGANA- Impostos da Inglaterra e serviços de Gana.
  8. Os gastos públicos em expansão são o maior problema do Brasil. Da despesa total, 80% é com salários, benefícios previdenciários e transferências, sendo que 32% é na seguridade, 18,9% com pessoa, 18,4% transferências aos estados  e municípios (muito pouco e por isso a tese do pacto federativo de Aécio tem forte apelo junto a prefeitos). Investimentos, pasmem, são só 4,8%.
  9. Por conta do déficit fiscal e altas despesas (gasta mais do que arrecada) nosso endividamento é alto, não deve cair e depende da Selic , juros que combatem a inflação, mas remuneração da grana que o governo levanta para rolar suas dividas. No ambiente de alta da Selic (por conta da inflação) só podemos concluir que nosso endividamento só deve aumentar. 
  10. Estamos em sérios riscos. Dilma é favorita para ganhar a eleição, meu medo é que o problema se agrave para ela em 2014 e 2015 principalmente. Seja quem for, é preciso ajustes, sérios e responsáveis na condução da política econômica do governo. O modelo esgotou. O Brasil já funcionou e hoje não funciona mais, cria a ilusão de que tudo pode estar bem. O discurso (esperto e oportunista) da distribuição de renda e redução da miséria traz a conta para ser paga, esta ai.
    Se nos comparam com pares nossos, os emergentes, estamos em flagrante desvantagem nos indicadores, não é ilação minha, são dados que podem ser vistos aqui e em diversas publicações.
    Nossa saúde é um caos, nossa infraestrutura também, nossa educação perde feio no ranking mundial e o que me dói é que:

    ESTA NAÇÃO JÁ FUNCIONOU UM DIA.

domingo, dezembro 07, 2014

O cenário energético em 2015 e 2016.


O mundo ainda é movido pelo petróleo, mas isso vem mudando e desde a década de 70 as mudanças estão aceleradas. 
Algumas considerações e projeções para o petróleo:

  1. O petróleo não  vai acabar, mas os preços despencam, a oferta cresce e cai a demanda fortalecendo esta tendência.
  2. Os EUA consomem 25% do óleo mundial e é o maior importador até aqui,vai virar exportador pelo xisto- Clique e leia- Independência energética dos EUA tem potencial para mudar o mundo.
  3. Os maiores produtores não seguiram a OPEP para segurar a oferta e não deixar o preço cair. Os países fora, grandes produtores por vários motivos não puderam acompanhar também. México porque precisa expandir,Venezuela porque vive sua crise apesar de ser um dos cinco maiores. Hugo Chávez fez sua lambança com o preço alto do petróleo e agora paga a conta da lambança e do baixo preço. Rússia em crise precisa produzir principalmente depois da aventura expansionista na Ucrânia e os EUA,vão se tornar independentes com a tecnologia da exploração do xisto.
  4. O nosso Pré Sal naufraga, olhe o que escrevi em 2013,mas bem atual: Clique e leia: Reflexões sobre o Pré Sal. Quanto menor o preço, pior para o Pré Sal.
  5. A Petrobrás enfrenta problemas sérios. Além da falta da credibilidade, problemas com a justiça americana, falta de caixa, deve perder o "investment grade". Isso quer dizer custos mais altos para rolar sua bilionária divida de US$ 200 bilhões estimados, sendo 80% em US$ e 10% em EU. O câmbio deve ainda complicar a vida da Petrobras. Não se assustem se houver uma "divestiture" ( divisão em várias) ou mesmo um "default" negociado,o que vai ainda atrapalhar mais. Resumindo: Trapalhadas e politicagem do PT quebraram a Petrobrás e a saída da crise é complicada.
  6. O preço ainda cai pela mudança da fonte na matriz mundial, nestes dois próximos anos pelo arrefecimento da economia nos países emergentes e pela eficiência no consumo pelas questões ambientais. Em 1973 era de 48% sua participação hoje não chega a 33% em viés de queda pelas fontes alternativas. A tecnologia e a consciência ambiental trabalhando pela humanidade.
  7. O preço baixo do petróleo tem sua serventia,pode ajudar os países que enfrentam problemas de baixo crescimento. Alguns países que patinam por erros do passado podem surfar na onda da queda do preço do óleo.
  8. Países como Irã,Venezuela e Rússia podem ter consequências políticas e institucionais dado esta queda, mas pode ser até bom para estes países uma mudança política,mesmo que sangre no primeiro momento.
  9.  O preço hoje na faixa de US$ 60 o barril, deve cair e já há projeção para US$ 40. Vejam a curva:
O Brasil errou muito, quando o preço estava alto a Petrobras bancou parte do consumo, agora com o preço do barril baixo eleva o preço dos produtos. Alguns dizem que no setor energético os erros do PT são maiores do que na economia. Tenho que concordar e há muito  venho falando isso aqui.
Para 2015 e 2016 podemos esperar a volta da CIDE - Clique e leia sobre a CIDE-
O preço baixo e o déficit facilitam este cenário. Anotem ai que teremos mais este imposto ou algo semelhante.
Com relação ao Etanol,muitas empresas quebraram ou estão inviabilizadas pelo alto endividamento nas taxas escorchantes do país. Seguram os preços da gasolina artificialmente e isso tirou a competitividade do etanol. Agora com preços mais  baixos do petróleo a coisa pode se complicar ainda mais para eles. Falta política de governo para segurar esta importante fonte de energia que já teve excelentes momentos.

Setor Elétrico

Previsões e considerações:
  1. No verão de  2014 e 2015 já temos riscos elétricos. Apagão pelo excesso de cargas e pela quebra na chuva esperada,choveu 40% do esperado até agora.
  2.  Abril de 2015, quando voltar o período seco deve haver racionamento. Como o governo não suporta esta palavra, deve colocar nome como programa de eficientização, gerenciamento seletivo da carga, etc. O que deve acontecer de verdade é falta de energia e desligamento seletivo de cargas.
  3. Reservatórios devem continuar em níveis críticos e as térmicas rodando a plena carga sem margem para a manutenção  e encarecendo os custos.
  4. Leilão A-1 fracassou e 85% da energia das distribuidoras estão descobertas gerando mais custos para elas. 
  5. 2015 começam a renovação das concessões das distribuidoras,  vai dar muita discussão de como será o modelo da renovação. Vem ai outra MP 579? Não acredito,o estrago desta foi muito grande para repetição do erro.
  6. A bandeira tarifária é de certa forma um alívio,mas diante desta descontratação o sinal amarelo acende novamente.
  7. O PLD limitado, os limites máximo e mínimo do Preço de Liquidações de Diferenças (PLD) para o ano de 2015 em R$ 388,48/MWh e R$ 30,26/MWh, tem vantagens e desvantagens. A artificialidade da medida e mais uma intervenção são problemas sérios. Clique e leia sobre a resolução da Aneel.
  8. O PDL  mais baixo ajuda a conter um grave problema de "default" que acabaria de vez com o modelo, mas quando falta energia o preço tende ao infinito e esta é a verdade que precisa ser encarada.
  9. A modicidade tarifária tem sua serventia, mas intervenção e artificialismo em preços uma hora são penalizadas pelas leis naturais do mercado. Podem esperar que a conta chega.
Falta energia, esta é a verdade. Obras atrasadas agravam o problema, amenizado paradoxalmente pelo baixo crescimento econômico, mas não se iludam, o consumo residencial não caiu, cresce normalmente e isso será mais um problema corroborando minhas considerações.  Custos altos e riscos da escassez, esta será a toada em 2015 e muito provavelmente em 2016.