domingo, abril 21, 2024

A economia chinesa- Eu sou testemunha

 



Eu sou testemunha, fui várias vezes a China desde os anos 90...acompanhei o desenvolvimento e as mudanças que começaram com Deng Xiao Ping em 1986 e se não fosse isso o caldeirão teria explodido. A pobreza e a miséria, típicas de regimes autoritários e comunistas era a marca da China. Sou testemunha de tudo, inclusive da virada de página para um crescimento médio de 11% a.a. durante anos. O Tigre asiático acordou, ouvi de um chinês com muita propriedade.

A China vem enfrentando problemas, os ciclos econômicos são inexoráveis. Não vou entrar em detalhes técnicos, mas mesmo com muitas contestações acadêmicas, eles são fato.

Em 2019 escrevi sobre os protestos de Hong Kong e alertava sobre a questão política e econômica se cruzarem de forma negativa, aliás é assim que qualquer país. A economia e a prosperidade ditam os rumos da tranquilidade política. Povo satisfeito, com emprego e renda não quer fazer revolução e nem mudanças, nem deve fazer.

Leia artigo de 2019- Clique e leia Protestos em Hong Kong , avant premier do que pode acontecer na China?

 E agora? Xi Jinping assumiu em 2013 e mantém com mão de ferro e sob forte controle a “Nomenklatura” chines, esta palavra russa derivada do latim) era como se designava a "burocracia", ou "casta dirigente" da União Soviética. Ela incluía altos funcionários do Partido Comunista da União Soviética e trabalhadores com cargos técnicos, artistas e outras pessoas que gozavam da simpatia do Partido Comunista. A perspectiva de crise pode ter lhe dado ferramentas para isso. Falar sobre o regime econômico da China (capitalismo de estado) é tema para outro post, deu resultados, mas até quando? O regime político é uma dura ditadura com partido único e sem eleição. Ditadura comunista? Não é mais, mas guarda suas origens.

Quando as crises começam a incomodar para valer, um regime autocrático aumenta seus riscos, vide a questão de Taiwan , que vira e mexe aparece na pauta de discussões chinesas. O mundo anda tenso na geopolítica e a China é um dos protagonistas dessa tensão.

Pandemia, crise imobiliária, inflação, desemprego, queda do crescimento médio de 11% para 5% (ainda ótimo, mas talvez não para padrões chineses) convivem com a falta de informações e transparência. O mundo não sabe a real de lá. Infelizmente.

O potencial da China ainda é enorme, mas as crises econômicas que podem desaguar em crises políticas são riscos atuais.


Clique e leia a matéria

Não nos cabe julgar as medidas chinesas sempre tomadas para melhorar a economia, até porque não temos informações confiáveis. Apostaram na expansão imobiliária, foi excelente, mas agora está esgotado. Construções e geração de emprego aos milhões. A China era um canteiro de obras nos anos 90, eu vi, sou testemunha. Não só a questão imobiliária, mas as obras de infraestrutura transformaram a China em país de primeiro mundo, só quem conhece sabe o que estou dizendo.

A falta de liberdade é arrefecida com aplicativos chineses que competem com os ocidentais (lá eles têm o WhatsApp, o Facebook, o Instagram, o Google e até o Amazon, locais, chineses). Menos mal.

Agora apostam na questão da industrialização, tomara que dê certo, apesar de que o mundo hoje é movido a tecnologia e produtividade. Já deu certo um plano deste tipo (na URSS foi onde criou a pujança até a queda do mudo em 1989). O mundo agora é outro, mas a criação de emprego e renda é base para prosperidade e se o projeto (deve focar isso) funcionar, o objetivo pode ser atendido.


Planejamento central, que seria discutível, não se aplica lá. Sempre foi assim. Recursos e potencial eles têm e agora só nos resta torcer para que dê tudo certo. O mundo não pode prescindir da economia chinesa indo bem, nem a locomotiva (EUA) e nem o resto do mundo.

As alianças em formação sendo exploradas pela mídia (Rússia e China x EUA e EU) são vias de mão dupla, só não podem descambar para o irracional de por exemplo, escalar as guerras como a Rússia fez com a Ucrânia, a China tentar invadir Taiwan, ou a entrada (dos principais) no milenar conflito do orienta média.

A postagem aqui fica para registro das novas iniciativas de Xi Jinping. Tomara que funcionem. Podemos criticar ou elogiar, ainda é cedo.

Como conheço em e estudo sempre a China, fico preocupado e esperançoso sempre com movimentos chineses. Ainda acredito que os ciclos são inexoráveis e uma hora a China vai bradar por liberdade e democracia. Só espero que isso ainda demore, eles têm duas idiossincrasias políticas e econômicas e precisamos respeitar. O mundo precisa que a China fique bem, sempre. Simples assim.



quarta-feira, março 06, 2024

A lei dos aplicativos no Brasil. E dai?

 


Lei a integra

O que muda com a regulamentação para motoristas de aplicativo?

Vamos lá. Vou resumir minhas considerações em forma de “bullets” como diz o americano para resumir algumas ideias chave.

De boas intenções o inferno está cheio

Foi só para motoristas, mas os outros aplicativos em breve serão envolvidos e regulados

A intervenção do estado, a princípio, é ruim, mas as vezes se faz necessária foi assim que ao longo da história corrigimos falhas no processo de mercado. Será neste caso? O tempo dirá.

O governo de um viés sindicalista foi motivado porque serão criados sindicatos e haverá arrecadação para o governo, já vi números de R$ 279 milhões de arrecada.

O BRASIL TEM 16.293 SINDICATOS E ESTADOS UNIDOS POSSUI 130, A ALEMANHA 70, INGLATERRA 90, não tem algo de errado aqui? Com a “República sindicalista” esperar o que?

Por mais que pensem nos trabalhadores e eles possam ter benefícios, a motivação não foi esta.

Como sempre a sociedade pagará a conta. Não há como não ter repasse aos preços.

É falácia dizer que as empresas são “exploradoras”, é um processo legítimo, gera muitos empregos e a liberdade de mercado impera. Pode ter problema para empresas adiante? O tempo dirá.

Pode haver desemprego? Talvez, o tempo dirá. O trabalhador perderá autonomia? O tempo dirá. Haverá aumento de burocracia? Com certeza. A intervenção e o Estado dão nisso.

Sou contra intervenção de estado, mas as vezes é necessária. Neste caso ainda haverá o congresso que pode melhorar ou atrapalhar os pontos positivos, a conferir.

Tomara que dê certo, mas eu aposto que a motivação é clara, aliás sempre a narrativa é o povo e seu bem, mas pelos personagens envolvidos nisso podemos imaginar muitas coisas “ behind de scene”. Infelizmente.


Lula assina projeto de lei que regulamenta a profissão dos motoristas de aplicativo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assina, nesta segunda-feira (4/3), o projeto de lei que regulamenta o trabalho de motoristas de aplicativo. A cerimônia de assinatura do texto, que será enviado ao Congresso Nacional, será realizada às 15h, no Palácio do Planalto. O evento contará com a presença do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e representantes de empresas de transporte, como Uber e 99.

A proposta regulamenta, por enquanto, apenas o transporte de passageiros em veículos de quatro rodas. Dessa forma, não estão incluídos motoristas de motocicletas ou entregadores de delivery e encomenda.

O texto foi criado a partir de conversas do governo federal com as empresas e de motoristas de aplicativo. O projeto de lei era uma das promessas da campanha eleitoral do presidente Lula.

Veja os principais pontos do projeto:

1.       Jornada: a carga horária estipulada é de 8h, podendo chegar a 12h se houver acordo coletivo;

2.       Sindicatos: será criado a categoria de trabalhador "autônomo por plataforma", com sindicato de trabalhadores e patronal;

3.       Salário: a remuneração será de R$ 32,09 por hora trabalhada. Destes, R$ 8,02 são referentes ao trabalho e R$ 24,07 aos custos do motorista;

4.       Benefícios: os motoristas terão direito a vale-refeição a partir da 6ª hora trabalhada, serviços médicos e odontológicos;

5.       Reajuste anual: o percentual será igual ou superior ao do salário mínimo;

6.       Exclusividade: os motoristas poderão trabalhar em mais de uma empresa de transporte de passageiros;

7.       Suspensão de motoristas: as plataformas terão de seguir regras para excluir os trabalhadores;

8.       Previdência: os motoristas pagarão 7,5% sobre "salário de contribuição" e a empresa pagará 20%.


terça-feira, janeiro 23, 2024

A FALÁCIA DO FIM DO EMPREGO. O HOMEM NÃO SERÁ SUBSTITUÍDO POR MÁQUINAS

 


Vamos adiante, muito adiante, quando o iluminismo do século XVIII abriu as portas da humanidade para a criatividade e quebra de paradigmas e dogmas.

Ezoic

A evolução e inovação sempre foram travadas pelo obscurantismo e receios de alguns por medo ou ansiedade. Para corroborar minhas considerações vamos ver alguns pontos importantes.

Os gregos sempre foram pioneiros no pensamento e descobrimento de maravilhas da ciência, mas não conseguiram evoluir na prática, não obstante a grande contribuição que deram a ciência e a filosofia que depois guiaram a humanidade.

Os gregos tinham profundo conhecimento, mas tinham algumas grandes barreiras: a ideia do “desemprego tecnológico”, da produtividade gera desemprego e que a transação comercial era algo unilateral: o vendedor lucra e o comprador perde.  Uma superstição que ainda prevalece em algumas cabeças, de que o comércio exterior, as relações internacionais, criam desemprego e só exportadores lucram.  

Ezoic

Eles deixaram de considerar que a economia e sua dinâmica produzem muito mais benefícios, gera emprego, aumenta renda e consequentemente promove a verdadeira justiça social, com sustentabilidade e vigor.

O sofisma de que a produtividade e a inovação destroem empregos atrasou muito a humanidade, vejamos o contraditório.

Há 250 anos atrás a vida na terra, principalmente comparando hoje o oriente e o ocidente eram iguais. As relações sociais e econômicas pouco se diferenciavam por regiões. Sempre havia ameaça de crises, fome e miséria e grande desigualdade social sendo na idade média o mundo dividido entre nobres e vassalos.

No século XVIII, como o iluminismo principalmente e a liberdade de pensamento, a ciência em todos seus segmentos ganhou força. Os pensadores da ordem social, filosofia, engenharia, economia e tantos ramos da ciência começaram a dialética dos benefícios do progresso e não do atraso.

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A economia com Adam Smith, na Riqueza das Nações, mostrou que o mercado era o palco da evolução e paradigmas quebrados deram origem a revolução industrial na Inglaterra. Os avanços tecnológicos foram acompanhados de avanços sociais, como a redução do trabalho infantil. A mudança radical no mundo ocidental multiplicou as populações e mudaram a face da terra.

Sim, muito empregos foram destruídos quando as primeiras máquinas foram surgindo. A máquina vapor criada por Newcomen para desobstruir minas de ouro começaram a ganhar novos usos. As tecelagens ganharam teares mecânicos e artesãos quebravam as máquinas com a desculpa da extinção de empregos. Errado. Alguns empregos foram extintos, mas outros foram criados, mais nobres, demandavam instrução e especialização. A humanidade entrava em um ciclo virtuoso que originou avanços em todos os sentidos, nas relações sociais, o conhecimento das teorias econômicas e na ciência pura e simples em seus vários segmentos.

O mercado e a ciência foram responsáveis por tudo isso, mas sempre demandou a evolução das relações sociais em paralelo, muitas injustiças foram abolidas, mas ainda existem muitas a serem combatidas. Para o mercado e a dinâmica capitalista a justiça social é pilar importante porque a geração permanente de emprego e aumento de renda fazem a sua sustentação.

Portanto a evolução permanente da sociedade e da humanidade extinguem empregos, mas criam outros, novos e diferentes.

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A mão de obra humana nunca será substituída, ela vai migrar para muitos ramos, alguns ainda inexistentes.

A velocidade dos avanços tecnológicos faz milagres, da revolução industrial a nanotecnologia, passando pela internet e atualmente a biotecnologia e genética fazem com que o futuro seja imprevisível, mas sempre em benefício da humanidade.

Sim, existirão sempre rumos a serem corrigidos e cuidado com as relações sociais e antropológicas e a dialética sociológica sempre vai se contrastar ao mercado para tentar um mundo mais justo, o mercado precisa disso.

A dinâmica capitalista na economia de mercado não é projeto, é um processo inerente ao ser humano e não pode ser freado. Precisa ser vigiado para que injustiças não sobressaiam aos aos benefícios gerados.

Ezoic

Quem quiser ver mais sobre os avanços tecnológicos é só clicar:

  1. Avanços tecnológicos: https://www.webartigos.com/artigos/os-avancos-tecnologicos/6028
  2. Aumenta a velocidade dos avanços: https://www.webartigos.com/artigos/aumenta-a-velocidade-dos-avancos/6029

A falácia do discurso que a pobreza de muitos é criada pela riqueza de alguns.

 A falácia do discurso que a pobreza de muitos é criada pela riqueza de alguns.



Fonte:

1. http://www.ihu.unisinos.br/186-noticias/noticias-2017/574081-a-reducao-da-extrema-pobreza-no-mundo-desde-1820

2. https://ourworldindata.org/ “Our World in Data”, projeto da Universidade de Oxford com muitos indicadores globais.

A preocupação com relação à pobreza costuma ser confundida com a preocupação sobre diferença de renda, como se a riqueza dos ricos originasse a pobreza dos pobres e fosse razão da sua existência. Esta é uma das várias formas da falácia de soma zero.

Na verdade, os avanços tecnológicos, da própria economia e de outras ciências foram sempre combatendo a pobreza e sempre buscando a melhoria de qualidade de vida do ser humano

O gráfico acima mostra que a população mundial era de 1,08 bilhão de habitantes em 1820, com 1,02 bilhão vivendo na extrema pobreza (representando 94% da população total) e 60,6 milhões vivendo acima da linha da extrema pobreza (representando 6% do total). Em 1970, a população mundial passou para 3,69 bilhões de habitantes, sendo 2,2 bilhões na extrema pobreza (60,2%) e 1,47 bilhão de pessoas acima da linha da extrema pobreza (39,8%). Mas a partir de 1970 a população total cresceu muito, enquanto a parcela populacional vivendo na extrema pobreza caiu rapidamente.

Em 2015, a população mundial chegou a 7,35 bilhões de habitantes, com 6,6 bilhões (89,8%) acima da linha da extrema pobreza e 705,6 milhões de

pessoas (10,2%) vivendo na extrema pobreza. Em resumo, a extrema pobreza caiu de 94% do total populacional, em 1820, para 10% em 2015. Fato extraordinário

Vale destacar que os indicadores demográficos melhoram muito desde então, redução de mortalidade infantil, expectativa de vida e de forma geral a qualidade de vida da população. A pobreza não acabou e talvez nunca acabe, mas foi sendo reduzida e tem que ser sempre combatida, até pela própria sobrevivência do mercado.

Isso se deu pelo avanço tecnológico e das ciências em geral, principalmente a economia.

A pobreza e a injustiça social sempre existiram. A desigualdade e classes privilegiadas datam de 10 mil anos atrás quando o homem começa a se organizar em comunidades, deixa de ser nômade, reforça sua condição de sedentário (fixado a terra na primeira civilização ás margens dos Rios Tigres e Eufrastes).

Os primeiros pensadores da economia (Adam Smith, David Ricardo e Stuart Mill) eram filósofos e alertaram para as injustiças sociais que o livre mercado traria.

O socialismo surge na Revolução Francesa, palco da revolta contra o absolutismo e a miséria herdade da Era Feudal, e segue se intensificando na Revolução Industrial pelos abusos que o capitalismo selvagem da época promovia. Era inegável que correção de rumos e ajustes eram precisos.

Os socialistas utópicos viraram os socialistas científicos e depois as fabianos e a social democracia, mas não se conhece que alguns deles representou a panaceia para solução das desigualdades e injustiças sociais.

O capitalismo não é a antítese do socialismo, eles podem e devem conviver em um regime político com liberdade e democracia, isso sim funciona.

Demonizar o capitalismo já mostra a falácia que estes dados aqui mostram, e dizer que não precisamos olhar para as graves injustiças sociais que existem no mundo é tapar o sol com a peneira.

O capitalismo tem problemas, mas ele se regenera, ele é um processo, tem a resiliência para superar a inclinação negativa de seus ciclos.

Hoje nos deparamos com a disrupção tecnológica, rápida e implacável que mudará muitos conceitos, sempre fazendo o bem, mas podendo fazer o mal, pelo menos para menos favorecidos.

Nosso olhar tem que ser na direção de corrigir os rumos. Não acreditar que a panaceia ainda terá sua vez. O Socialismo ainda não existiu de verdade é outro discurso que demanda atenção. A democracia tem sido usada por quadrilhas, verdadeiras camarilhas, em vários cantos do planeta. Isso é muito pior do que as desigualdades que ainda existem e precisam ser combatidas.