quinta-feira, agosto 06, 2015

Agosto de 2015- Ecos da crise institucional- A história se repete?

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Agosto no Brasil é marcado por vários episódios da vida política do Brasil. Muitos consideram mau agouro, mas a vida segue. Coincidência ou não, estamos vivendo mais um mês de agosto com sinais de que teremos muitas turbulências.
Escrevi outro dia no FB: A dinâmica da política não permite que fatos sejam repetidos de forma idêntica e com os mesmos efeitos, até porque os personagens mudam. Entretanto é possível fazer analogias. Digo isso porque na crise que estamos vivendo vai ter um episódio que pode ser análogo a crise de 93 que tirou Collor do poder.

Collor foi a TV e conclamou o povo para vestir verde e amarelo e mostrar apoio ao seu governo. O povo foi para rua de preto e colocou lenha na fogueira do Impeachment.
 

Escrevi isso quando foi anunciado o programa que o PT fará na TV, exatamente hoje dia 06/08. Segundo conversas o conteúdo deste programa será uma comparação entre os anos do PT e a era FHC. Sem entrar no mérito, é um tremendo sofisma e desonestidade intelectual comparar governos sem traçar as referências de comparação. Com todo respeito aos acertos do PT ( e foram muitos), eles erraram muito mais, a conta esta ai e todos pagaremos. Apesar dos erros crassos cometidos na economia o Brasil avançou. Diria que poderíamos ir mais surfando na onda da prosperidade global do inicio do século XXI -2000 a 2010, tirando 2008 e 2009 que tivemos a crise.

O cenário hoje é apavorante, nunca fui alarmista, mas coloquei a imagem de uma explosão porque estamos vivendo uma crise institucional e econômica sem precedentes.

Projeções econômicas já dão 3% de queda do PIB e inflação de 2 dígitos, isso é configurada uma estagflação, um desastre econômico. Andam culpando "crise mundial", Lava Jato, etc, mas no fundo o que aconteceu foi na verdade erros e equívocos cometidos pelo populismo e politicagem.

Quando o executivo culpa o congresso pela tal "agenda Bomba" ele só acirra os ânimos e complica cada vez mais sua situação. Não existe mais base aliada do governo esta é a verdade.

Neste cenário tudo fica ruim, salário perde poder de compra, desemprego aumenta, arrecadação cai, etc...uma bola negativa vai crescendo retroalimentado as projeções negativas e os efeitos ruins na economia real.

Ontem em Brasília ouvi no congresso de alguns prefeitos a queda brutal na arrecadação via FPM ( Fundo de Participação dos Municípios), para muitas prefeituras a única fonte de renda da cidade.

Só um exemplo, real, sem citar o nome da cidade: Arrecadação prevista e orçada para Julho era de R$ 270 mil, o repasse foi de R$ 70 mil. Dá para imaginar o estrago que isso faz?

Atraso de salários e fornecedores, isso repercute no comércio da cidade que acaba repercutindo em outros segmentos da cadeia produtiva e econômica.

O problema chegou a ponta do sistema. Eu não consigo imaginar o tamanho desta encrenca, mas será grande. A mídia e a população ainda ouve falar aqui e acolá que estamos em crise, muito ainda não sentiram no bolso, mas o "bicho" está chegando.

Pois bem, o reflexo disso, instintivamente por alguns, dolorosamente por outros, com base em informações e conhecimento de outros tantos a popularidade na Dilma despenca e chega a 8% de aceitação. Dados de hoje da pesquisa Datafolha. É a maior taxa de reprovação de um presidente já registrada na série histórica do Datafolha desde 1990. Clique e veja

O quadro político que senti em Brasília:

  1. Pedalas fiscais e a grande probabilidade da rejeição das contas dela pelo TCU dará gancho para abertura de um processo de impeachment. Não podemos ainda afirmar que irá acontecer, mas diria que a chance da instauração deste processo é de 90% hoje. O rito deve se dar pelo plenário e depois começará a correr o processo. Não será Eduardo Cunha somente, será o Congresso e acho que com o apoio de muitos petistas.
  2. A chance deste impeachment passar não pode ser precisa, mas a chance é grande. A aceitação dela pela população, os graves problemas econômicos que demanda uma quebra deste ciclo perverso são mais do que motivações para este desfecho. Diria que é hoje mais do que 60%, sem reconhecer que ela vai lutar, não dá para saber em quanto tempo isso vai acontecer e será uma batalha feroz.
  3. Hoje haverá "panelaço" no programa do PT, mais forte que o anterior com certeza. As pessoas não só da elite (como alguns querem afirmar) já estão sentindo os efeitos da crise.
  4. Dia 16/08 está sendo convocada manifestação pública e este episódio pode ser o divisor de águas para a deflagração definitiva do impeachment.
  5. Não sou a favor de  impeachments, mas chegamos um ponto que o futuro do país e a governabilidade são mais importantes para nosso futuro. Eu hoje digo que com Dilma lá a crise só aumenta e a dor será maior para toda população.
  6. Outras opções ao impeachment seriam um parlamentarismo (acho pouco provável porque hoje já está acontecendo de fato), a renúncia dela? Seria, mas acho neste momento ainda improvável, apesar de que se ela sentir que não tem jeito pode seguir este caminho. Dirá como Jânio Quadros em 1961 que forças ocultas fizeram-na tomar esta decisão. Hoje acho que ela não faria, até pelo seu estilo de "xerifona", mas não seria impossível e aliás, seria bom para o país.
  7. No congresso alguns deputados advogam a convocação de novas eleições, seria a melhor alternativa para o Brasil estancar a hemorragia desta crise econômica e política, mas também acho pouco provável, mas não impossível.
Vamos acompanhando, mas diria que a contagem regressiva para começar o impeachment começou, mas reitero que qualquer previsão de resultado ainda é prematura, mas começando a ficar bem clara. Vamos esperar dia 16 e as próximas ações do Congresso.

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