Economia pode surpreender
positivamente em 2019 e PIB deve superar as previsões atuais que andam entre
0,8% e 1% de crescimento.
https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus
Economista adora fazer previsões e projeções. Sempre foi
assim e sempre será.
Na verdade, existem sim padrões e muita
racionalidade, mas a economia apesar de ser uma ciência, não é física, nem
química e nem matemática, com a precisão e exatidão. A economia envolve a
ação humana, o homem não possui um comportamento previsível que possa ser
sempre antecipado. Além disso tem as ações governamentais, políticas
macroeconômicas que mudam ou podem desencadear movimentos opostos nas premissas
e variáveis estudadas que originam uma previsão e uma projeção.
Existem sistemas, algoritmos com muitas previsões
acertadas e projeções corretas, algumas mais simples, outras mais complexas.
Tem uma máxima que no meio dizem dos economistas “celebridades”. Quando um
desses erra, ele diz: Minhas previsões foram ouvidas e houve os ajustes necessários.
Quando acerta, coloca na conta do sucesso.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) sempre publica o
relatório Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês), com sua
projeção de crescimento para economia global. Aqui temos o Boletim Focus, que
reúne muitos operadores do mercado e fazem um “consenso” dos indicadores que o
mercado trabalha. Há também os bancos, corretoras, as consultorias, enfim,
palpites e revisões não faltam. Normalmente existem poucas variações no geral,
e poucos saem da curva padrão. Eu diria que a teoria da “Manada” muito usada na
economia se aplica aqui com perfeição para explicar esse “consenso”. Reitero, o
trabalho, na maioria das vezes, é sério, estudos profundos são feitos, sistemas
são usados e os algoritmos existem, cada vez mais modernos e precisos. Agora a
IA, Inteligência Artificial é novo brinquedo da turma.
Fiz esses rodeios para tentar mostrar que os erros existem,
e a própria dinâmica da economia, com ações do ser humano, interferências
governamentais e fatores exógenos globais mudam isso sempre. Vejamos algumas
considerações minhas de que economia pode surpreender, porque antes o cenário
era assim:
1.
Mudança de governo, expectativa alta, otimismo e
as coisas não foram como imaginamos no começo de 2019. A previsão de
crescimento do PIB de 2018 do FMI chegou a 2,5% em 2019 no Brasil e 3,5% no mundo.
Agora o FMI projeta 0,8% e o mundo em 3%.
2.
A guerra comercial entre URSS e EUA, segundo
alguns afetando todos os países em desenvolvimento pela incerteza e chance de
desaceleração mundial.
3.
Alto desemprego e a economia nacional patinando,
a crise forte na Argentina, parceiro comercial importante do Brasil.
Estava tudo muito claro que 2019 estava quase morto e a
esperança passava a 2020. O que começou a mudar, vou tentar mostrar com alguns
argumentos:
1.
Indicadores recentes, de setembro mostram que
houve grande redução de despesas dos governos. Por penúria com certeza, mas
houve. A deflação de setembro, mesmo sendo causada pela baixa atividade, dá gás
ao governo para medidas mais assertivas como abaixar a taxa de juros ainda mais.
2.
A ânsia arrecadatória é sempre grande quando
muda governo, e esse ano não foi diferente. Para exemplificar, a arrecadação de
junho foi a maior desde 2014 com R$ 120 bilhões e crescimento real de 4,68% comparado
a 2018. Só cresce arrecadação neste patamar com a economia em expansão
3.
A queda brutal dos juros da SELIC esse ano e que
tem hoje nosso menor patamar histórico, ainda com projeção de chegar em 4,75%
em 2019. A redução de juros tem impacto profundo no caixa do governo que
economiza no “serviço da dívida”. Quase 45% do caixa é destinado a dívida.
4.
A deflação de setembro de -0,04%, a maior em 21
anos para o mês, e a inflação acumulada em 12 meses de 2,89% dá força para
medidas mais fortes visando buscar o crescimento econômico sem preocupação com
a famigerada inflação via taxa de juros. O ponto crítico aqui é o desafio de
fazer chegar essa redução no setor produtivo, já que o sistema financeiro ainda
pratica os “spreads” criminosos que inibem o consumo e o investimento.
5.
O desemprego que gira em 12% dá sinal de queda e
em setembro apresenta indicadores que começam a reagir na contratação formal em
14 capitais, com ótimo desempenho.
6.
As vendas no comércio cresceram em agosto 0,1%,
tímidas, mas pode ser a inflexão da curva para voltar a crescer adiante,
características de final de ano.
7.
A indústria automobilística, mesmo com a crise
da Argentina, o maior parceiro, apresentou crescimento.
8.
A indústria e o consumo de cimento apresentam
crescimento moderado, mas isso é sinal que existe perspectiva para o setor
imobiliário e de infraestrutura. Com juros baixos o segmento imobiliário que
agrega muitas indústrias e é excelente gerador de emprego, tem boa expectação.
9.
A indústria ainda patina, mas dá sinais de vida,
principalmente a de bens de capital com sinal claro de que a máquina começa a
rodar.
10.
Converso com amigos do mercado financeiro, da
indústria e do comércio, gosto de sentir a opinião de quem está na frente de
batalha, no mundo real. Há quase uma unanimidade de que há sim sinais de
melhoria.
11.
A reforma da Previdência caminha e a Tributária
também, mesmo não sendo a solução ótima para muitos, alguma coisa está sendo
feita e precisava ser feita.
12.
O câmbio segue as flutuações de mercado, as
exportações vão bem, mesmo com o possível arrefecimento da economia global. Os EUA
com o menor desemprego em 50 anos e crescimento acaba influenciando a economia
global e exorcizando os fantasmas da retração que muitos ainda esperam
13.
A confiança parece que voltou, investimentos
externos na normalidade e a expectativa do leilão da tal “Cessão Onerosa” do
Pré Sal com estimativa de faturar R$ 100 bilhões, podendo ser mais pois o
leilão da ANP em outubro tem ágio de 300% com arrecadação recorde de R$ 8
bilhões. Bom presságio.
Não, ainda não estamos bem, o céu ainda não é de brigadeiro
e muito precisa ser feito, mas convenhamos, o estrago era enorme. Ainda em 2019
a estimativa do buraco é de R$ 130 bilhões. Mesmo com o tamanho do problema, todos
estes sinais positivos são alento e combustível na economia.
Não existe mágica e as soluções não saem da cartola. Uma
aparente e quase certa má vontade da grande mídia, apesar de ter perdido muito
de sua importância, a “franqueza e espontaneidade”, digamos, do presidente que
muitas vezes ultrapassa os limites do senso comum, atrapalham, mas estamos
caminhando, isso é fato.
Arrisco aqui um palpite. A partir das minhas consultas e
pesquisas que faço por conta própria, por meu interesse: O PIB esse ano será
maior do que a projeção atual de 0,8%.
Já ouvi que o PIB já medido está em 1,3% e pode chegar até a 1,8%. Faz
sentido se a onda está mesmo a favor. Final de ano sempre é momento de expansão
e crescimento com geração de emprego.
Vou cravar: 1,4% ao ano.
Não sou pitonisa, é palpite com base na racionalidade de
algumas variáveis e movimentos observados. Se fosse pitonisa estaria operando
em Wall Street, mas vale o “chute”, fica aqui registrado.
Como tenho dito em redes sociais aos críticos ferozes do
governo: Os cães ladram e a caravana passa. Detalhe, não sou governista ou
“bolsonarista”, sou patriota e quero ver o Brasil para frente, só isso. Não é
questão de otimismo ou péssimo, é observação.
A conferir se teremos boas e positivas surpresas ainda em
2019. O Boletim Focus com quase certeza fará seus ajustes.