terça-feira, dezembro 26, 2017

O que aconteceu na economia em 2017 e para 2018?


Quase caímos no abismo depois do estrago populista, mas agora estamos saindo do buraco, ainda demora, mas já foi um alivio.
Como sempre faço, vamos conferir o que foi previsto e o que aconteceu.
Clique e veja 2016 para 2017: Clique e leia

Vamos ver as projeções para 2018:


Vejamos o que aconteceu:


Os indicadores são infinitamente melhores.
Saímos da recessão, dominamos a inflação, os juros caíram, os saldos melhoraram, tudo foi positivo.
Destaco para 2018 algumas coisas:
  1. Acho que os juros podem cair mais.
  2. A inflação e o câmbio podem ficar acima do previsto.
  3. PIB pode ficar maior
  4. Investimentos externos serão maiores.

Mesmo sendo ano eleitoral e de copa do mundo, que sempre atrapalham o Brasil, sou otimista para 2018.
Na questão política, apesar do Temer e os problemas políticos, conseguimos consertar algumas coisas graças a qualidade e competência da equipe econômica e da mudança de rumo.
Temos chance de continuar a limpeza e mazelas da política. Que continue assim.

Desejo a todos 2018 cheio de saúde e realizações. 

Viajo o mês de janeiro todo para China e EUA, trabalhando. Bom começar o ano assim. Tanks God



sábado, dezembro 23, 2017

Inflação- Artigo de 2009, mas muito atual.

Artigo escrito em 2009. Era fácil enxergar, mas não fizeram nada, ao contrário, fizeram mais bobagens.

Clique e leia- 



O perigo da inflação já ronda o Brasil e pode destruir o futuro promissor.
Winston Churchill dizia que quando mais se recua na observação do passado, mais se avança na visão do futuro. Ele estava corretíssimo. A crise econômica de 2008 foi debelada pela ação firme que surgiu a partir do aprendizado com a crise de 1929. Um fantasma do passado ronda alguns países, principalmente os ditos emergentes.
O mundo viveu momentos inflacionários terríveis que hoje estão provados e com asserção de que não foram provocados pelas guerras, mas ao contrário, causaram guerras. A República de Weimar, Alemanha após a primeira guerra, é o caso mais notório. Uma combinação de impostos insuficientes e gastos excessivos criaram déficits nos idos de 1919 e desaguou na terrível e conhecida hiperinflação que teve pico de 182 bilhões por cento, isso mesmo. Na Hungria a inflação chegou a 4,19 quintilhões por cento em 1946, nem dá para imaginar este número.
A combinação da depreciação do marco alemão na ilusão de pagar as indenizações da guerra elevou as importações, aumentaram o consumo e os preços saíram do controle. Após a festa na floresta da explosão de consumo e da produção, vem a escassez e o desemprego, a quebra da confiança, calotes e uma espiral de problemas, sociais e políticos.
Como diz o historiador Niall Ferguson, se as hiperinflações fossem explicadas pelas indenizações de guerra era fenômeno fácil de ser entendido.
Milton Friedman diz que inflação é fenômeno monetário, mas hiperinflação é fenômeno político, e sempre por má gestão, tendo como protagonistas principais governos populistas e irresponsáveis.
Mais um exemplo, Argentina, em 1913, um dos dez países mais ricos do mundo. A Argentina chegou a crescer mais que Alemanha e Estados Unidos. Capital estrangeiro jorrava como as águas do Rio De La Plata, o futuro era promissor e positivo. Entretanto, a história mostra se não fosse em 1946, com a assunção de Juan Perón ao poder, a Argentina poderia ser um dos grandes e prósperos países mundiais, comparáveis aos Estados Unidos talvez. Populista e irresponsável, gastos públicos sem controles, calotes nas dívidas e desmandos que levaram a golpes diversos fizeram a Argentina penar até os dias atuais, com inflação e crises monetárias gravíssimas, planos de governos fracassados e até uma guerra. A inflação foi o seu maior flagelo nestes anos todos. Na volta de Perón em 1973 existia uma espiral inflacionária global e todos os países pagaram, ele acaba provando do veneno que inaugurou na década de 40.
Considerando que inflação é complexa, mas pode ser causada principalmente por déficit público, má gestão, aumento de consumo e depreciação monetária, vamos avaliar um pouco o caso do Brasil atual.
Enfrentamos a crise inflacionária causada pelo choque do petróleo na década de 70, mas ofuscada pelo milagre econômico, só voltaríamos a percebê-la nos anos 80, inclusive em 1989 experimentamos 80% ao mês de inflação. Esta década penalizou diversas gerações.
Ainda em escala mundial a inflação taxou em diversos países todas as classes sociais, Estados Unidos, Inglaterra e todo primeiro mundo experimentaram os dois terríveis dígitos de um indicador de inflação. O pior imposto que existe é o inflacionário. Na confusão e luta por interesses próprios, classes de trabalhadores, governo, funcionalismo público e entidades de classe criam um clima de idas e vindas que acabam beneficiando alguns, mas que acaba sendo ilusão pelos problemas futuros que as mazelas e confusão inflacionária causam a sociedade.
No Brasil, a Lei de Responsabilidade Fiscal (lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000), estabeleceu um conjunto de regras de controle sobre as finanças públicas. Isso foi um tremendo avanço, freio nos governantes irresponsáveis. Mesmo passando despercebido pela grande maioria, podemos inferir que foi um dos grandes avanços conseguidos na mudança de comportamento gerencial das contas públicas junto com a estabilização da moeda. Isso não parece ter sido suficiente.
O Brasil vive no século XXI um momento impar, de prosperidade e estabilidade. O governo do PT teve responsabilidade em diversas ações de gestão pública e surfando nas ondas globais de riqueza passamos incólumes pela crise de 2008 e somos a " bola da vez" com a Copa de 2014, Olimpíadas de 2016 e o tri campeonato em "investment grade" conseguido nas três melhores instituições avaliadoras. A euforia é total, com razão.
Porém, um fato tira o sono de economistas sérios e preocupados com o futuro tão promissor deste país. O descontrole de gastos públicos, principalmente nas despesas correntes.
Luz amarela acessa: O governo central registrou déficit primário de 7,632 bilhões de reais em setembro de 2009, o pior resultado para o mês desde o início da série, em 1997. Se ao menos fosse a elevação dos investimentos, mas não é.  Vemos pelos problemas ainda recorrentes na saúde, educação e infra-estrutura, principalmente estradas e portos, que o gasto é despesa pura, sem o devido retorno a todos os contribuintes, mas privilegiando algumas categorias.
A herança de Lula pode ir pelo espaço. Ele tem altos índices de popularidade, o Brasil perspectivas positivas, seu legado ainda é protegido por algumas medidas que mesmo questionáveis, traz algum resultado social.
O cuidado deve ser redobrado na gestão das finanças públicas, este tem sido o seu calcanhar de Aquiles. O BC tem feito seu papel, Meireles é craque, mas existem correntes dentro do governo antagônicas no cuidado com o gasto público.
As taxas de juros em declínio, a apreciação do real, um aumento de consumo das famílias e o aumento constante dos gastos públicos nas despesas correntes podem ser combustível para a chama inflacionária que começa se encetar no país.Vários alertas estão sendo dados.
Se o monstro inflacionário voltar, deverá ser diferente, mas destruirá o sonho deste promissor futuro e causará danos que penalizará muitas gerações futuras.
Sempre olhei com otimismo a nova mudança da ordem econômica, as novas premissas, o aprendizado com problemas passados e as ferramentas de gestão atuais jamais nos deixaram voltar a viver os perigos inflacionários como no passado, mas todo cuidado é pouco.
Uma coisa deve ficar clara. Não devem se repetir os mesmos  efeitos dos percalços inflacionários decorridos, mas as causas ainda devem ser as mesmas, as consequências podem vir de forma modificada, mas ainda assim maléficas e causadoras de problemas políticos e sociais mais a frente.
A luz amarela está acessa há algum tempo, a euforia é saudável, mas a responsabilidade e competência na administração da potencial prosperidade são mais importantes que o sonho a ser vivido. Sempre digo, não podemos confundir o estado brasileiro com governo do Brasil, são coisas distintas e não podem ser misturadas. Ganhos políticos atuais podem significar problemas grandes no futuro, sempre foi assim.


Leia mais em: https://www.webartigos.com/artigos/a-inflacao-esta-rondando-o-brasil/27227#ixzz524RI7STj

domingo, novembro 26, 2017

quinta-feira, novembro 16, 2017

A 7ª maior economia do mundo e sem problemas colossais não poderia flertar com o fracasso

Excelente artigo. recomendo.



A 7ª maior economia do mundo e sem problemas colossais não poderia flertar com o fracasso: Por que, apesar da crise política, a economia voltou a crescer? Porque as empresas e a sociedade deram as costas para Brasília, onde sobram burocratas e falta sociedade civil

domingo, outubro 29, 2017

quarta-feira, outubro 18, 2017

A máfia dos bancos e a usura dos juros cobrados!


O Peso Do Estado E A Farra Da Banca

Artigo escrito em 2008. A máfia dos bancos ainda manda e muito. Com inflação deste ano em 3%, eles ainda cobram juros de 5% a.m. e cartões chegam a 15%. ASSALTO a Mão Armada.


Precisamos mudar isso.

Sábado na manhã, depois do tênis, gosto de verificar algumas coisas econômicas relacionando o passado ao presente, sempre com foco nas distorções que o estado brasileiro provoca. O estado e não governantes quero deixar claro. Neste período tivemos vários governos, de 1985 até hoje. O estado é o mesmo, os governantes foram Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula, bem ecléticos na ideologia e na competência, mas deixemos de lado esta questão.
Vamos ao cerne da minha ilação: A farra da banca.
Na minha visão, indignada por sinal, a súcia dos banqueiros monta no estado desde a década de 80,no governo Sarney. Não preciso lembrar que no final do governo Sarney, em 1989, a inflação chegou a 80% ao mês, alguém se lembra?
Esqueçamos o lado negro da inflação e dos planos mirabolantes, do Cruzado, Bresser, Collor, etc, e chegamos finalmente ao Plano Real (1994) e a Política de Metas Para a Inflação (1999). Este sim, o Real, o baluarte da estabilização até hoje, muito pela conjuntura mundial e responsabilidade dos governantes.
Fiz uma conta simples: US$ 10.000,00 dólares em março de 1985 valia (Cruzeiro) CR$ 39.510.000,00. Atualizado até abril de 2008 pelos índices oficiais (ORTN, OTN, BTN, INPC, UFIR até 1996 e depois a SELIC) chego ao seguinte número: R$ 61.189,00. Este número convertido pelo câmbio atual (US$ 1 = R$ 1,66) dá exatamente US$ 36.860,84. Ou seja. Quem tinha US$ 10 mil em março de 1985 e aplicou só nos papeis lastreados em títulos oficiais teria agora quase US$ 37 mil. Sabe quanto foi o reajuste? 369%.
Considerando que a década de 90 até aqui foi mundialmente de inflação baixa, imaginem o ganho real em US$.
O PPI Índex (um dos indicadores americanos de inflação) não ficou em 50% no período de 23 anos que analisei.
Quem é o maior emprestador? Adivinhou, a banca. Isso mostra como eles ganhavam com a inflação e ganham sem inflação. As razões são várias, mas o estado é o maior tomador de recurso, gasta mal e tem ânsia arrecadadora, cria estes mecanismos e enche a burra dos potentados.
Tudo bem que alguém pode dizer que sofismei pela conversão ao câmbio e hoje nossa moeda, o Real, está forte. Se ainda assim o US$ estivesse mais forte e a paridade fosse R$ 3,00, o ganho real ainda seria o dobro da média dos EUA.
Além de bancar o governo, eles extorquem os incautos com a farra do crédito, sem risco no caso consignado.
Hoje temos 30% do PIB na mão de analfabetos matemáticos que pagam "spreads" absurdos. Podem escrever ai: Teremos na primeira crise mundial que arrastar o Brasil, uma crise do "sub prime" do crédito brasileiro.
A minha revolta é antiga, mas a cada momento constato que de boas intenções estamos cheios, mas as coisas não funcionam como deveria, dentro de preceitos democráticos e da justiça social. Montesquieu do "Espírito das Leis" escreveu: "Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as que lá existem são executadas, pois boas leis há por toda parte." Aqui tudo parece funcionar, mas as distorções são enormes. O Banco Central só pode ser refém da banca, a questão das tarifas é caso de polícia.
Meu sábado segue em frente, mas com a triste sensação de que somos um povo abençoado e acomodado, que aceitamos calados as mazelas e nos contentamos com as migalhas que sobram.
O Brasil nunca chegará onde deveria estar. Não com a classe política sempre eleita nos enganos ao povo e do povo eleitor.
Murilo Prado Badaró- Empresário- Economista- mpbadaro@terra.com.br


Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/o-peso-do-estado-e-a-farra-da-banca/5625#ixzz4vqo1W7iH

sexta-feira, agosto 18, 2017

Roberto Campos 100 anos


Este ano ele completaria  100 anos. Como fã do liberalismo, ainda em tempo faço aqui a minha homenagem a ele.

Roberto de Oliveira Campos foi um economista, diplomata e político brasileiro. Ocupou os cargos de deputado federal, senador e ministro do Planejamento no governo de Castello Branco.
Assessorou JK, se não engano ali começa sua carreira quando ajudou e acompanhou JK na sua viagem ao exterior como presidente eleito em 1956.
Nasceu em 17 de abril de 1917, e morreu em 9 de outubro de 2001, 

Fui um privilegiado por ter várias vezes almoçado com ele e meu pai no Senado quando ambos eram senadores.

O pregador do liberalismo- Clique e leia

Recebi este texto pela Internet. Repasso aqui

As comemorações dos 100 anos de Roberto de Oliveira Campos (1917-2001), representam uma excelente oportunidade para resgatar as suas ideias em defesa do liberalismo e contra o comunismo, o socialismo e o esquerdismo de botequim.

Confira algumas das frases impagáveis criadas pelo diplomata, economista e político do País, em mais de 50 anos de vida pública.

Roberto Campos em 18 ‘pérolas’:

1ª. “Segundo Marx, para acabar com os males do mundo, bastava distribuir. Foi fatal. Os socialistas nunca mais entenderam a escassez”.

2ª. “Fui um bom profeta. Pelo menos, melhor que Marx. Ele previra o colapso do capitalismo; eu previ o contrário, o fracasso do socialismo”.

3ª. “O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar”.

4ª. “Uma vez criada a entidade burocrática, ela, como a matéria de Lavoisier, jamais se destrói, apenas se transforma”.

5ª. “Continuamos a ser a colônia, um país não de cidadãos, mas de súditos, passivamente submetidos às ‘autoridades’ – a grande diferença, no fundo, é que antigamente a ‘autoridade’ era Lisboa. Hoje, é Brasília”.

6ª. “Nossa Constituição é uma mistura de dicionário de utopias e regulamentação minuciosa do efêmero”.

7ª. “O PT é um partido de trabalhadores que não trabalham, estudantes que não estudam e intelectuais que não pensam”.

8ª. “A mágica agora é o denuncismo do ‘pega corrupto’. Esquecemos as razões profundas da corrupção, a falência múltipla do Estado, obsoleto, corporativo, ocupado por interesses espúrios, cuja ineficiência tem por maiores vítimas, os pobres e indefesos”.

9ª. “O doce exercício de xingar os americanos em nome do nacionalismo nos exime de pesquisar as causas do subdesenvolvimento e permite a qualquer imbecil arrancar aplausos em comícios.”

10ª. “Nossas esquerdas não gostam dos pobres. Gostam mesmo é dos funcionários públicos. São estes que, gozando de estabilidade, fazem greves, votam no Lula, pagam contribuição para a CUT. Os pobres não fazem nada disso. São uns chatos”.

11ª. “A primeira coisa a fazer no Brasil é abandonarmos a chupeta das utopias em favor da bigorna do realismo”.

12ª. “Sou chamado a responder rotineiramente a duas perguntas. A primeira é ‘haverá saída para o Brasil?’ A segunda é ‘o que fazer?’ Respondo àquela dizendo que há três saídas: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo. A resposta à segunda pergunta é aprendermos de recentes experiências alheias”.

13ª. “O mundo não será salvo pelos caridosos, mas pelos eficientes”.

14ª. “Admitir o ‘liberalismo explícito’, num país de cultura dirigista, é coisa tão esquisita como praticar sexo explícito em  público. Não dá cadeia, mas gera patrulhamento ideológico. A etiqueta de ‘socialista’ ou ‘centro-esquerda’ dá um ar de respeitabilidade a qualquer patife ou imbecil, animais abundantes na praça”.

15ª. “O que certamente nunca houve no Brasil foi um choque liberal. […] O liberalismo econômico assim como o capitalismo não fracassaram na América Latina. Apenas não deram o ar de sua graça.”

16ª. “A melhor maneira de promover a eficiência no uso de recursos é a concorrência interna e externa. Donde ser a oposição à abertura econômica e à globalização – em nome do combate ao neoliberalismo – uma secreção de cabeças suicidas. Ou talvez, o perfume de flores assassinas que mesmerizam mosquitos ideológicos.”

17ª. “Todo mundo sabe que o dinheiro do governo é gasto para sustentar universidades ruins e grátis, para classes médias que podem pagar. Nada melhor. Garante comícios das UNEs da vida, ótima preparação para futuros políticos analfabetos”

18ª. “É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar: bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo burguês. São filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola”.

quarta-feira, agosto 02, 2017

Democracia x Ditadura?


Democracia x Ditadura?

Há muito tempo está atravessado na minha garganta o uso da democracia no discurso oportunista de muitos, mas com fins absolutamente distintos dos conceitos e da finalidade dela.
A antítese da democracia é a ditadura em seus conceitos básicos.
Para Maurice Duverger, a ditadura pode ser definida como um regime político autoritário, mantido pela violência, de caráter excepcional e ilegítimo.
A democracia foi Idealizada na Grécia antiga, sendo Clístenes ou  Péricles considerados os pais do conceito, a democracia é definida por um sistema político com o poder sendo exercido pelo povo através do sufrágio universal.
Ambos os regimes ou sistemas políticos têm suas lideranças que conduzem estes processos, sempre com a ascensão ao poder em seu nome, seja por golpes de estado ou eleições em um caso e no outro.
O caso da Venezuela atual é o flagrante uso da democracia para estabelecimento de uma ditadura. Um país destroçado pelo populismo, com inflação de 700% ao ano e escassez de produtos básicos tem um filhote do ditador Hugo Chavez convocando uma Assembleia Constituinte para mudar mais uma vez a constituição do país em benefício próprio. O desfecho desta história será a guerra civil, infelizmente.
Assim como a Venezuela ainda não pode ser definida como uma ditadura para alguns, os meios democráticos estão sendo usados para a implantação de uma ditadura, que se não pode ainda assim ser considerada é uma questão de tempo, só aumentando o sofrimento do povo venezuelano.
Tomando como prumo o caso da Venezuela e conceitos de ditadura e democracia, principalmente considerando as atitudes e postura de governantes, vamos abordar um tema aqui do Brasil. Quero reiterar que este artigo não é um tratado filosófico dos conceitos em questão.
Escrevo sobre 1964 um novo livro. Conhecendo a história que antecedeu o regime militar que durou de 1964 até 1985, considerado uma ditadura, e o período posterior conhecido como a volta da democracia, sou testemunha, participei e vou fazer algumas considerações.
Se em algum momento passado este artigo poderia ser considerado politicamente incorreto e receber uma enxurrada de críticas, tenho certeza que ainda será polêmico, mas agora muito menos por tudo que vivemos nos últimos anos no Brasil.
Não há muitos argumentos de defesa para uma ditadura, mas critico veementemente o nome da democracia usado de forma indevida e oportunista. Se uma ditadura faz mal, a deturpação da democracia faz tão ou mais mal quanto.
O Regime Militar brasileiro foi implantado na verdade em 02 de abril de 1964 com a deposição de João Goulart após o golpe de 31 de março do mesmo ano. Vigorou a até o colégio eleitoral, eleição indireta feita com base na Constituição de 1967, de 15 de janeiro de 1985 quando Tancredo Neves se elegeu. Com a grave crise econômica dos anos 80 após a crise do petróleo de 1979 e ainda várias ações dos militares chamadas de “distensão”, os políticos criaram a Frente Liberal e se uniram a oposição. O regime estava esgotado e muitos militares de alta patente insatisfeitos ajudaram para dar a vitória a Tancredo Neves em 1985 encerrando o período conhecido como Ditadura Militar.
Para nivelar e expor minhas considerações será preciso traçar cronologicamente alguns episódios desde 1964:
1964 – O Brasil vivia grandes problemas econômicos e políticos, inflação alta e recessão, a guerra fria entre os EUA e a URSS no auge. Os militares tomam o poder. Desde 1945 quando derrubaram Vargas os militares estavam organizados e preparados para uma ação política.
1964-1966 – A ideia pós-deposição de Jango era a manutenção da eleição de 1965, mas ainda sob o fantasma  e ameaça da guerra fria, a linha dura força para manutenção da situação com os militares no comando. Houve uma séria divisão entre grupos que queriam a volta da democracia plena e outros que queriam a linha dura.
Houve a extinção dos partidos e o pluripartidarismo com MDB e Arena que durou de 66 a 80.Na minha visão um dos grandes erros dos militares. O pluripartidarismo volta nos anos 80. Hoje o pluripartidarismo, uma farra na verdade com 35 partidos, é um dos grandes problemas políticos que o Brasil enfrenta pela completa distorção da essência partidária e os propósitos a que servem partidos políticos. Sempre existiram partidos em funcionamento durante o regime militar.
1965-1968 – Recrudesce o regime militar. Segundo muitos historiadores o endurecimento se dá pela ação cada vez mais ousada de guerrilheiros financiados por URSS, China e Cuba que será tema do meu livro. O atentado em 25 de julho de 1966 visando a comitiva do General Costa e Silva no Aeroporto de Guararapes em Recife foi a gota dágua. Muitos que depois vieram a assumir o poder político nos anos 90 e 00 lutavam não contra o regime militar, mas a favor de seus patrocinadores. A democracia era o que menos importava para estes grupos de terroristas, autoritários travestidos de democratas.
1968- O AI- 5 – Ato Institucional número 5 pode ser considerado realmente o marco real do endurecimento do regime  e do autoritarismo com a censura prévia na imprensa e cassação de direitos políticos. O AI 5 durou de 1968 a 1978 quando começa a chamada “distensão” que culmina com a anistia de 1979.
Falar de muitos feitos elos militares não é tão dificil. Eles fizeram muito pela infraestrutura do Brasil. O Milagre Econômico nos anos 70, com média de crescimento econômico de 11% chegando a 14% em 1973 foi um dos grandes momentos de Justiça social de nossa história. Só se consegue a desejada justiça social com a prosperidade e este foi um período virtuoso na nossa história, quer queiram ou não os críticos.
Existem os que chamam a Ditadura Militar de "Ditabranda", mas vamos ver bem se estes fatos corroboram esta definição:
  1. Dos 21 anos do período militar o congresso deixou de funcionar durante 10 meses em 1968 e duas semanas em 1977. Houve derrotas célebres dos militares em algumas votações.
  2. Os partidos políticos existiram. Nos 21 anos houve o bipartidarismo em 14 anos, de 66 a 80, e pluripartidarismo no restante, de 64 a 66 e de 80 a 85. Nunca houve partido único, umas das características marcantes das ditaduras.
  3. Houve eleições em todo período. Só não houve eleição para presidente, governadores a partir de 1970 e prefeitos de capitais. Tivemos eleições em 1965, 1970, 1972, 1974, 1978 e 1982. Principalmente em 1974 e 1982 houve fragorosa derrota do PDS, partido base do governo militar no congresso.
  4. O AI 5 durou de 1968 até 1978, foram 10 anos que poderiam ser considerados de chumbo, mas para muitos reflexo do crescimento das ações de terrorismo de grupos que diziam lutar contra o regime, mas na verdade lutavam a favor dos regimes comunistas e ditaduras soviética, chinesa e cubana, inclusive financiados por eles. Um fato lamentável e de exceção foram as cassações de vários mandatos de políticos, muitos injustiçados que sofreram perseguição política de adversários aliados dos militares. As cassações começaram em 1964 e foram até 1979.
  5. 1979 houve uma anistia ampla que beneficiou muitos destes cassados que retornaram ao Brasil. Alguns exercem mandatos políticos, outros se beneficiaram de uma medida chamada “Reparação aos danos causados pelo Golpe Militar”, alguns destes ganharam milhões em indenizações e recebem pensões milionárias como reparação de torturas e prisões. As vítimas destes terroristas não foram beneficiadas. Os números da história dão conta de 120 mortes e 345 feridos pelo lado dos militares e inocentes.
Não tenho procuração para defender os militares, mas não posso me calar quando demonizam o Regime Militar. A história está já fazendo seu julgamento e fará justiça, pelo menos aos acertos do regime.
Muitos dos que execram o Regime Militar  se proclamam arautos da democracia, mas apoiam as atitudes de Maduro na Venezuela e se omitem nas críticas a terríveis e notórias ditaduras como Cuba e Coréia do Norte. Dois pesos e duas medidas?
A democracia plena restabelecida trouxe muitas coisas boas, sem dúvida, mas muitas mazelas vieram a reboque. O pretexto de “retirar o lixo autoritário” como dizia na época inventaram a tal Constituinte de 1988. A CF de 88 foi um dos grandes equívocos de nossa história e até hoje colhemos os frutos podres e as mazelas do populismo e oportunismo de muitos grupos que se aproveitaram do momento de transição e da fragilidade da nação.
A primeira eleição presidencial em 1989 desde 1955 culminou em grave crise com o impeachment de Collor. Os anos 90 e os anos 00 foram marcados pelas eleições diretas para presidente, já que ainda em 1982 foi restabelecida pelos militares a eleição de governadores e prefeitos.
Considero desonestidade intelectual comparar governos em épocas diferentes, todos têm erros e acertos, vícios e virtudes. A população é a beneficiária dos resultados e acertos e paga pelos erros. Pessoas acima de 50 anos viveram os anos do regime militar e a volta da democracia em 1985, hoje conseguem fazer algumas comparações entre os períodos citados.Questões básicas que o estado deve suprir ao cidadão, segurança, educação, saúde e infraestrutura só pioraram desde os militares, sou testemunha e posso contar.
Óbvio que não existe relação causal entre este declínio nestes quesitos e a volta da democracia que poderíamos chamar de plena, isso é fato.
O que pode ter acontecido então?
Na minha visão, a qualidade dos políticos e forma de gerenciar o futuro distinguem os militares dos políticos atuais. Enquanto os primeiros tinham projeto de futuro e de nação, os segundos, na democracia atual, pensam nos projetos de poder e na manutenção dos grupos e partidos para ganhar as próximas eleições.
A corrupção? Ela existe na humanidade, em todos os países, mas os fatos recentes no Brasil mostraram que a coisa aqui é mais séria. A institucionalização da corrupção, agora combatida com vigor e rigor, foi uma mancha eterna na nossa história. Estes personagens protagonistas do escândalo serão julgados como políticos pela história e como criminosos pela justiça. Já estão sendo e assim esperamos que continue.
Atores públicos de nossa história política passada, inclusive todos os generais presidentes, foram homens íntegros, honestos e imbuídos com grande espírito público. Algumas exceções sempre existirão para confirmar as regras, mas os ruins eram minoria no passado.
A ética, a seriedade e moral eram pilares na formação e atuação deles. A história esta ai para mostrar e comparar.
A honestidade não era uma qualidade do político, era pré-requisito, uma obrigação inerente ao homem público, que ele recebia na sua formação básica e familiar.
Não dá para ficar calado com tantas distorções da democracia e do uso dela.
Muitos atacam a  “Ditadura” do Regime Militar que teve muitas virtudes e não há como negar, mas fecham os olhos para regimes crueis e autoritários. A democracia é vilipendiada por muitos, que em seu nome querem e acham que podem tudo.
Faço aqui meu papel de “advogado do diabo”. Atacar os excessos da democracia e relativizar amenidades da ditadura não é fácil. Faço de consciência tranquila e serena. Muitos hoje estão ao meu lado e vão concordar comigo. Nada melhor do que a comparação entre o que acontece aqui hoje e o que aconteceu no passado.
Sempre levarei comigo dois axiomas que aprendi na minha formação política: O preço da liberdade é a eterna vigilância e o direito de um termina onde começa o do outro.
Relativizar estes axiomas  é má intenção ou inocência.
A visão crítica pode ser pessoal como a minha, mas os resultados e as consequências são medidas  e sentidas pela sociedade, pagando mais ou menos por erros e acertos dos  governantes, em qualquer regime ou sistema político. Isso não há como negar, seja na ditadura ou na democracia.
Quem quiser ver outro artigo sobre Democracia: A Democracia precisa de revisão