Eu sou testemunha, fui várias vezes a China desde os anos
90...acompanhei o desenvolvimento e as mudanças que começaram com Deng Xiao
Ping em 1986 e se não fosse isso o caldeirão teria explodido. A pobreza e a
miséria, típicas de regimes autoritários e comunistas era a marca da China. Sou
testemunha de tudo, inclusive da virada de página para um crescimento médio de
11% a.a. durante anos. O Tigre asiático acordou, ouvi de um chinês com muita
propriedade.
A China vem enfrentando problemas, os ciclos econômicos são
inexoráveis. Não vou entrar em detalhes técnicos, mas mesmo com muitas
contestações acadêmicas, eles são fato.
Em 2019 escrevi sobre os protestos de Hong Kong e alertava
sobre a questão política e econômica se cruzarem de forma negativa, aliás é assim
que qualquer país. A economia e a prosperidade ditam os rumos da tranquilidade
política. Povo satisfeito, com emprego e renda não quer fazer revolução e nem
mudanças, nem deve fazer.
Leia artigo de 2019-
Clique e leia Protestos em Hong Kong , avant premier do que pode acontecer na
China?
Quando as crises começam a incomodar para valer, um regime
autocrático aumenta seus riscos, vide a questão de Taiwan , que vira e mexe
aparece na pauta de discussões chinesas. O mundo anda tenso na geopolítica e a China é um dos protagonistas dessa tensão.
Pandemia, crise imobiliária, inflação, desemprego, queda do
crescimento médio de 11% para 5% (ainda ótimo, mas talvez não para padrões
chineses) convivem com a falta de informações e transparência. O mundo não sabe
a real de lá. Infelizmente.
O potencial da China ainda é enorme, mas as crises
econômicas que podem desaguar em crises políticas são riscos atuais.
Não nos cabe julgar as medidas chinesas sempre tomadas para
melhorar a economia, até porque não temos informações confiáveis. Apostaram na
expansão imobiliária, foi excelente, mas agora está esgotado. Construções e geração de emprego aos
milhões. A China era um canteiro de obras nos anos 90, eu vi, sou testemunha.
Não só a questão imobiliária, mas as obras de infraestrutura transformaram a
China em país de primeiro mundo, só quem conhece sabe o que estou dizendo.
A falta de liberdade é arrefecida com aplicativos chineses
que competem com os ocidentais (lá eles têm o WhatsApp, o Facebook, o
Instagram, o Google e até o Amazon, locais, chineses). Menos mal.
Agora apostam na questão da industrialização, tomara que dê
certo, apesar de que o mundo hoje é movido a tecnologia e produtividade. Já deu
certo um plano deste tipo (na URSS foi onde criou a pujança até a queda do mudo
em 1989). O mundo agora é outro, mas a criação de emprego e renda é base para
prosperidade e se o projeto (deve focar isso) funcionar, o objetivo pode ser
atendido.
As alianças em formação sendo exploradas pela mídia (Rússia
e China x EUA e EU) são vias de mão dupla, só não podem descambar para o
irracional de por exemplo, escalar as guerras como a Rússia fez com a Ucrânia,
a China tentar invadir Taiwan, ou a entrada (dos principais) no milenar
conflito do orienta média.
A postagem aqui fica para registro das novas iniciativas de
Xi Jinping. Tomara que funcionem. Podemos criticar ou elogiar, ainda é cedo.
Como conheço em e estudo sempre a China, fico preocupado e
esperançoso sempre com movimentos chineses. Ainda acredito que os ciclos são
inexoráveis e uma hora a China vai bradar por liberdade e democracia. Só espero
que isso ainda demore, eles têm duas idiossincrasias políticas e econômicas e
precisamos respeitar. O mundo precisa que a China fique bem, sempre. Simples
assim.