No velho testamento, nas chamadas escrituras sagradas entregues por Deus ao profeta Moisés por volta do ano de 1300 A.C., o mandamento sétimo dizia: Não furtar e levar vantagens em tudo.
Desde os primeiro filósofos de Mileto, 585 A.C. , passando por Heráclito, Demócrito, na Grécia mais antiga, indo a Sócrates, Platão, Aristóteles, todo período Helenístico, os estóicos, hedonistas, cínicos, chegando a Jesus Cristos e transpassando a Idade Média, Renascentismo e Idade Moderna todos, sem exceção, tinham um pensamento em comum: O mandamento sétimo da lei de Deus, Não se deve roubar, espoliar, furtar, corromper.
É inegável que todo progresso da humanidade foi erguido nas filosofias e pensamentos destas escolas. Teria sido por acaso?
A corrupção é inerente do poder, corrupção deriva do latim corruptus que, significa apodrecido, pútrido. Por conseguinte, o verbo corromper significa tornar pútrido, podre. A história da corrupção é antiga, mas a intenção de combate-la também. Não existe chance de aniquila-la, mas podemos lutar contra.
No Brasil é curiosa esta celeuma. Existem registros de corrupção desde o início da colonização portuguesa, no ano de 1549 com Tomé de Souza, e sua trupe, passando pelo Bispo Sardinha e acompanhando toda nossa complexa colonização.
Rui Barbosa no início do século XX escreveu um poema: Sinto Vergonha de mim. “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Claro, este é um resumo do poema escrito por volta de 1905. O texto é bem atual, o tema recorrente.
Passamos por diversas fases, ditaduras, períodos bons e ruins, mas parece cada vez mais devastadora na sociedade atual a questão da corrupção. O Brasil que avança com os progressos da informática e da eletrônica parece que não amadurece para questões simples como a lei moral.
Evidente que a questão da impunidade e da nossa defasada legislação penal e processual acaba por dar força e combustível nesta ciranda nefasta da corrupção, banalização do roubo e furto, da vantagem a qualquer preço e qualquer custo, mas a sociedade pode mudar isso se assim desejar.
Quando assistimos mais uma operação da Policia Federal, brilhante e competente, podemos inferir que parece ser mesmo cultural a corrupção e roubo na coisa pública. Uma operação vai se sobrepondo a outra que cai no esquecimento e nos labirintos da justiça com a impunidade dos acusados. Imagine a revolta dos policiais que cumprem seu papel e assistem ao deboche dos poderosos que tripudiam também a sociedade gastando o dinheiro que faz falta a saúde e educação de um Brasil tão intrincado e com graves problemas.
Não aceito a premissa que todos fazem, portanto é permitido fazer. Não posso admitir a banalização destas coisas e esquecimento da lei moral.
A sociedade de bem não pode aceitar que a cultura do “eu tenho que me dar bem” ultrapasse a milenar lei moral. Não se trata de limpar o mundo deste mal, mas combatê-lo.
O ser humano não é santo e tem a índole complicada, o caráter suscetível a condições de formação familiar, ambiental e até genética. Por isso não teremos limites para pilares da lei moral? Vamos insistir nos erros sempre?
A formação dessas quadrilhas mostra a fragilidade de nossas instituições. Como uma doença maligna ela entranha no tecido social e político estragando, apodrecendo as instituições, ipis literis ao sentido latino.
Em todas as camadas sociais, em todos os níveis culturais, em todas as religiões e filosofias existem os indivíduos pervertidos que comprometem a essência se as pessoas de bem não reagirem. A luta contra o mal deveria ser instinto no cidadão de bem.
Quando o tema, já batido, é discutido podemos confirmar a doença social. A banalização antiética e falta de senso do discernimento entre o bem e o mal fica evidente.
A única chance é restabelecermos a lei moral. Ela levou a humanidade a frente com todos os males, maldades, mortes e fracassos, mas indiscutivelmente é pilar de nossa evolução, porque não daria certo aqui no Brasil?
Acho que a questão é mesmo cultural e devemos radicalizar por ai. Mostrar aos nossos filhos nossa indignação, mas corresponder nos atos que praticamos dia a dia.
“Faça o que faço, não o que digo” seria o mote para início da mudança.
A punibilidade tão desejada será conseqüência das mudanças que virão sem dúvida.
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