Em queda de 0,42%, dólar comercial chega ao menor valor em nove meses -
Folha Online -06/02/2007 - Clique e leia mais
A proposta do governo é ter câmbio flutuante e isso tem ocorrido, não 100%, pois a intervenção do BC está acontecendo, caso contrário o dólar estaria mais baixo. Ontem bateu R$ 2,08.
Algumas coisas para reflexão:
1- Nossas reservas aumentam e estão próximas de US$ 100 bilhões. O BC compra dólar e segura a queda, aumenta a reserva, mas e dai? Não chegamos a um nível aceitável e razoável?
Muitos setores não são sacrificados em função desta reserva?
2-O fluxo de entrada de dólar se dá de duas formas, dinheiro de fora atraído pela maior taxa de juros do planta e das exportações. A balança comercial continua de vento em popa mesmo estando o dólar supervalorizado. Não deveria então haver mais importação que exportação? Claro que sim, nossas importações crescem, mas as exportações também. A prosperidade mundial tem elevado preços e demanda por vários produtos e dai o aumento do fluxo de entrada de dólar. Na média o mundo cresce 4,5% a.a., mas os preços sobem 12%, o Brasil não cresce na taxa média, mas arrebanha o aumento dos preços. Detalhe, cresce preço e demanda.
Estamos com distorções sérias já dando sinais na questão cambial e várias indústrias já pensam em ir para China e adjacências. Se pelo menos o Brasil crescesse forte!
3- O estrangeiro nada de braçada. Recebe a taxa de juros maior do globo, em uma economia com bastante consistência macroeconômica e ainda ganha na desvalorização. Exemplo em conta de padaria como dizem: O gringo investe US$ 10.000, converte para reais a taxa de R$ 2 por exemplo, aplica os R$ 20.000 recebidos na troca. Aplica a uma taxa real de 10%, ou seja, no final do período receberá R$ 22.000. Se o câmbio estiver a R$ 1,5 por exemplo, na conversão a sua moeda ele receberia: US$ 14.600. Quanto foi sua taxa? 47%. Bacana não é?
Isso tem atraído mais dinheiro especulativo e paradoxalmente porque estamos bem consistentes em fundamentos macroeconômicos. O nível de risco Brasil atual é baixo e coloca gasolina na fogueira da entrada de capital especulativo.
O que passa da medida é a não concatenação das consequências com ação para administrar. Na economia tem uma figura chamada "stop and go", muito conhecida, é chegada hora da entrada em operação do método "stop and go".
Quero dizer o seguinte: A não intervenção é boa, mas ela vem ocorrendo já. As consequências do fluxo de entrada de capitais externos está distorcido e desta forma ficamos mais vulneráveis a crises externas. Uma crise externa se avizinha em todas as previsões globais.
A questão é crucial, mas de certa forma simples, como os livros de economia e medicina ensinam: A diferença entre o remédio e o veneno é a dose ministrada.
Um comentário:
Querido, adorei essa postagem, nunca vi na blogsfera ninguém falando a respeito com tanto conhecimento. Eu aprendi muito hoje aqui, e agradeço.
Tenho a sensação de que nosso Real está hiper valorizado frente ao dolar, e vários amigos estão aproveitando para viajar para os EUA e trazer mil coisas de lá, muito mais baratas do que aqui no Brasil. A lógica me diz que se o dolar compra o que o real não consegue comprar, algo tem que estar muito errado!
Adorei mesmo, valeu amigão!!!!
Beijos,
SÔniaSSRJ
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