terça-feira, novembro 19, 2019

Protestos em Hong Kong , avant premier do que pode acontecer na China?


Hong Kong , ex-colônia britânica, é um território autônomo no sudeste da China. Foi colônia da Inglaterra do século 19 ate 1997 quando o governo chinês "devolveu" a "autonomia", portanto, teoricamente, Hong Kong e um país independente e os chineses precisam de visto para entrar em HK e vice versa.
Eu já estive, por ofício, muitas vezes a China, desde os anos 90. Sempre passei por Hong Kong, a suntuosa  e bela cidade que nada parecia com a China dos anos 90 e 00. Primeiro mundo, luxo e riqueza, importante centro comercial e financeiro da Ásia.
Agora é um pouco diferente, menos na questão liberdade, democracia, no sentido político, pois na economia, acredito que a China tenha se inspirado em Hong Kong desde 1986 com Deng Xiao Ping, o grande timoneiro do progresso e prosperidade chinesa.

O que acontece lá agora?

As manifestações tiveram início em junho em repúdio a um controverso projeto de lei, apresentado em abril, que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental sob certas circunstâncias.

Clique e leia matéria da BBC - Clique e leia 


Protestos em Hong Kong: o que está acontecendo no território, explicado em 3 minutos.


Mas é muito  mais do que isso. É o clamor da liberdade, das mudanças políticas, de um sistema democrático puro, sem a tutela da China.
Com pluralidade partidária, liberdade de expressão, voto universal, ou seja, a democracia pura e simples e não nos moldes que como a China determina o rumo político. Esse é o mote.

A juventude com sua natural rebeldia e as redes sociais fizeram o restante da articulação. Foi assim na Primavera Arábe de 2011. Para quem não se lembra: Primavera Árabe É o nome dado à onda de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe que eclodiu em 2011. A raiz dos protestos é o agravamento da situação dos países, provocado pela crise econômica e pela falta de democracia. Países envolvidos Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Iêmem e Barein.

Abalou o mundo islâmico e foi contido onde foi possível na total repressão.

Acredito que em Hong Kong não será diferente, aliás não está sendo, mas a semente estará plantada.

A falta de liberdade com a crise econômica é combustível certo para revoltas. O mundo é assim. O antídoto sempre foi a repressão ou a queda do governo atacado. O final é incerto, mas é previsível, pelo menos enquanto houver gordura econômica para queimar.

Sabe por que digo isso? Eu sempre disse que em algum momento a China terá movimentos e sedição dessa natureza. Quando a economia fraquejar, quando o ciclo da prosperidade, que para o bem mundial, ainda durará, tem gordura para queimar, os protestos vão tomar conta de lá. Os jovens com a ferramenta tecnologia, hoje disseminada na China e o governo com sua máquina de guerra e a repressão.

Em 1989 no tal massacre da Paz Celestial foi assim. Após a abertura de 1986, econômica, que fique bem claro, a juventude achou que poderia ir além nas questões da liberdade e da democracia. Foram massacrados.

A abertura de 86 foi necessária, a China era um barril de pólvora. Funcionou até aqui, tem muito ainda pela frente. A liberdade e a democracia são relativizadas, mas ainda sem agredir a população, ou  a maioria, enganadas pela prosperidade e geração de riqueza que existe por lá.
Funciona, não há como negar, mas até quando?
Para mim, essa questão de HK é avant premier do que acontecerá na China, não dá para precisar quando e não como será o desfecho.

Falo isso como testemunha, da prosperidade, dos avanços relativos nas questões da internet e da liberdade, democracia nada.

Sou testemunha e posso contar. Posso fazer projeções porque não é difícil imaginar a inflexão para baixo da economia em um determinado momento, e aliada as redes sociais e a rebeldia juvenil, escrevam ai: Não tem erro. Só espero que dure muito.



2 comentários:

  1. Muito lúcido.Esclarecedor e verdadeiro.Parabéns ao autot

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  2. Parabéns, tema super atual, rezar para essa bomba tardar a explo
    dir!

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