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sábado, outubro 26, 2019
Porque fracassam as nações. Excelente livro.
Vou sempre que possível colocar passagens desse livro, coisas que considero relevantes, apesar do livro sem todo relevante, com contexto histórico e da colonização de vários países, mostrando claramente porque alguns progridem e outros fracassam.
No caso aqui, vou falar sobre a URSS que até 1989 parecia ser o sonho de regime econômico, a panaceia da igualdade. Depois o sonho acabou e a saca ruiu.
Trecho do livro na página 131:
Até 1928, a maioria dos russos vivia no campo. A tecnologia usada pelos camponeses era primária e poucos eram os incentivos à produtividade. Com efeito, os derradeiros vestígios do feudalismo russo só foram erradicados pouco antes da Primeira Guerra Mundial.
Um imenso potencial econômico irrealizado foi despertado ao realocar-se tamanho volume de mão de obra da agricultura para a indústria. A industrialização stalinista foi uma maneira brutal de liberar esse potencial.
Por decreto, Stálin desviou aqueles recursos tão mal empregados para a indústria, onde seriam
utilizados de forma mais produtiva, ainda que a indústria em si fosse organizada de maneira muito ineficiente, sobretudo se comparada ao que se poderia ter alcançado.
De fato, entre 1928 e 1960 a renda nacional cresceu a uma taxa de 6% ao ano, provavelmente o mais agressivo surto de crescimento econômico já registrado até então. Esse rápido crescimento econômico foi consequência não de uma mudança tecnológica, mas da realocação de mão de obra e da acumulação de capital, por meio da criação de novas ferramentas e fábricas.
O crescimento foi tão abrupto que mesmerizou gerações de ocidentais, não só Lincoln Steffens. A Agência Central de Inteligência americana, a CIA, ficou mesmerizada. Os próprios líderes soviéticos deixaram-se fascinar – como aconteceu com Nikita Khrushchev, que se vangloriou, em 1956, num discurso a diplomatas ocidentais: “Vamos enterrar vocês [o Ocidente].” Ainda em 1977, um economista inglês defendia, em um livro de referência muito considerado nos meios acadêmicos,
que as economias ao estilo soviético eram superiores às capitalistas em termos de crescimento econômico, sendo capazes de proporcionar emprego pleno e estabilidade de preços e até de injetar na população motivações altruístas. O pobre e velho capitalismo ocidental cansado de guerra só se saía melhor mesmo na concessão de liberdades políticas.
Vamos comentar isso:
Impressionante o crescimento de 6% a.a. durante quase 35 anos. Alguém pode querer comparar á China atual, mas são contextos diferentes, não cabe a comparação.
Stalin errou muito, mesmo quando incentivou a produtividade via bônus e outras medidas, não funcionou. Faltou a criatividade, a destruição criativa e mesmo com avanços tecnológicos, a falta de liberdade não deixou que esses avanços fossem adiante.
Nota-se, já escrevi antes, que até 1989 com a queda do Muro de Berlim e desnudado o regime comunista, ainda não sabíamos dos estragos que o regime era capaz.
Na verdade o regime faliu muito antes de 1989, desde 1985 Mikhail Gorbachev , visionário, previu o fracasso e tentou implantar a Perestroika, uma mudança na economia que acabou derrubando o regime.
A centralização e a mão forte do estado foi responsável pela falsa prosperidade que depois não se sustentou, como temos vários exemplos.
Os recursos foram utilizados e o potencial de crescimento explorado, mas sem sustentabilidade pela falta de liberdade e criatividade.
A manutenção dessa prosperidade na URSS custou milhões de vítimas, prisões e opressão. Quando a produtividade desejada por Stalin não foi atingida, eles tentaram a repressão e punição aos operários relapsos que não tinham motivação alguma para produzir mais e mais.
Por hoje comento isso, sempre que achar algum tema colocarei aqui.
Recomendo com força esse livro. Sensacional.
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