terça-feira, janeiro 29, 2019

O DESASTRE de Brumadinho, porque não pode ser chamado de tragédia.


Imagens do antes e depois do desastre em Brumadinho - Clique e veja

Não há palavras para descrever o que aconteceu. Uma sucessão de erros, depois de Mariana, que também não foi tragédia, foi desastre, explico porque.
Tragédia é algo que não depende e não tem a interferência humana, terremoto, tsunami, erupção de vulcão, enfim, desastres naturais não antrópicos.
Ali, como em Mariana, foi um desastre, acidente, pior em Brumadinho porque era para terem aprendido com os erros. Fora o estrago no meio ambiente, as vidas ceifadas, agora um número que pode chegar a 500. Triste. Abominável.
Existem sim culpados, não uma pessoa talvez, mas algumas. Um acidente assim ( não tragédia) não acontece se não houver uma sucessão de erros. Incompetência, má fé, corrupção, falha involuntária, enfim, a mão do homem estava lá e foi a causadora de tudo.
Não há muito o que falar. A Vale foi multada em bilhões, mas o prejuízo é incalculável, sem falar nas vidas perdidas, estas não têm preço.
Precisamos sim rever alguns protocolos acadêmicos das construções de barragens de rejeito de minério. Hoje quase todo processo é a seco, mas e as barragens existentes? Dizem que existem 790 barragens parecidas com esta no Brasil, em Minas Gerais 450.
Claro que há ainda riscos de rompimento de mais barragens. Algo precisa ser feito, aprendido com os 2 acidentes (tragédia não).
Existe no meio ambiente, na questão de análise de riscos e prevenção de acidentes dois conceitos que podem parecer sinônimos, mas não são: risco e perigo.
Risco é a probabilidade do evento ocorrer, as chances de acontecer um problema, inclusive tragédias (acidentes naturais). Existem modelos matemáticos para prever alguns eventos. Uma idéia básica: Qual a chance de jogar uma moeda e tirar cara ou coroa? 50%. A estatística é usada:
Assim, se num fenômeno aleatório as possibilidades são igualmente prováveis, a probabilidade de ocorrer um evento é medida pela divisão entre o número de eventos favoráveis e o número total de resultados possíveis:
Probabilidade
Sendo:
P: probabilidade
na: número de casos (eventos) favoráveis
n: número de casos (eventos) possíveis

Já o perigo é igual ao tamanho do dano causado se ocorrer o evento.
Para avaliação de riscos é preciso cruzar estas variáveis.
Em exemplo: Uma usina nuclear tem uma probabilidade baixíssima de ter um acidente pois os riscos são mitigados, exatamente porque o perigo é enorme.

O mesmo deveria ter sido aplicado a estas barragens. A probabilidade de acontecer era alta e o perigo era enorme como vimos. Muito mais deveria ter sido feito para mitigar e proteger os sites.

Agora é contar os mortos e aprender com os erros, mas a punição, pecuniária, civil e criminal precisa ser considerada. Não podemos permitir mais isso.

Um detalhe, a mineração é parte da alma de Minas Gerais, não podemos prescindir dela, mas estamos descuidando de nossa joia da coroa. Os custos vão aumentar, com certeza, mas faz parte. Quando um acidente de avião(e não tragédia) acontece, muitos equipamentos e procedimentos de segurança e prevenção são revistos e implantados.
A tecnologia está a nosso favor, precisamos explorar mais as ferramentas de predição e prevenção de acidentes, desastres e porque não, tragédia, como o Japão faz para mitigas não os riscos de acidentes naturais, mas seus perigos.
Não há muito a falar, mas a se indignar e aprender com os erros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário