O Corona vírus e os
ciclos econômicos
Os
conceitos econômicos existem desde os primórdios da civilização, de maneira
empírica e instintiva, claro.
Os
primeiros economistas, todos filósofos e viraram economistas, sendo os
principais, Adam Smith, David Ricardo e Stuart Mill, mostraram a força do livre
mercado e que o capitalismo teria fim, sabem porquê? Por causa dos ciclos, que
vieram a ser estudados posteriormente. Outra coisa interessante, eles previam
as distorções e injustiças do mercado livre.
Jevons
foi o primeiro a falar nos ciclos. Usou a astronomia pelo instinto com certeza.
O
estudo que Jevons fizera dos ciclos comerciais e das manchas solares parecia excêntrico
em sua conclusão, não para o momento onde o empirismo e a busca por respostas
para várias questões eram possíveis. A pesquisa da economia dos ciclos
comerciais, e do que precisamente eles envolviam, apontou o caminho para outros
estudos futuros que foram feitos.
Falamos
aqui o século XVII e XVIII.
A primeira bolha conhecida foi em 1602 na Holanda, com a famosa crise das tulipas. Mercado comprador, muita liquidez, até que bolha estoura. Imprevisível naquela ocasião, os economistas nem existiam ainda.
A primeira bolha conhecida foi em 1602 na Holanda, com a famosa crise das tulipas. Mercado comprador, muita liquidez, até que bolha estoura. Imprevisível naquela ocasião, os economistas nem existiam ainda.
Quando
a matemática foi aplicada à economia, muitos acharam que as doutrinas, e teses
e teorias seriam definitivamente provadas ou rechaçadas. Ledo engano, a
matemática provou e ajudou muito a economia.
Entretanto
começaram a ver que a economia nunca poderia ser precisa, como a matemática e
física, em suas projeções ou previsões.
Outro
economista, Veblen percebeu que a economia envolvia muito mais do que as
teorias desenvolvidas e a matemática, fatores exógenos e comportamentais
poderiam mudar muitos rumos e relativizar muitas coisas.
Já
no final do século XIX e começo do século XX a economia estava mais estruturada
e científica.
Os
ciclos econômicos, mesmo sendo controversos, começam a ficar claro no ambiente
econômico.
Schumpeter
chegou a duas explicações em seu livro Business Cycles, um trabalho de mil
páginas, em dois volumes, publicado em 1939. Ele atribuía a severidade da
depressão, em parte ao fato de não haver um, mas sim três tipos de ciclos
econômicos — um de duração muito curta, um segundo com um ritmo de sete a onze
anos, e um terceiro com pulsação mais ampla, de cinquenta anos, associada às
invenções da época, tais como a locomotiva a vapor ou o automóvel — e que esses
três ciclos tinham chegado em seu período de baixa ao mesmo tempo. Ou seja,
fatores exógenos e imprevisíveis, que ele cita como a Revolução Russa e ações
de governos, poderiam interferir nos ciclos econômicos.
O
que quero contextualizar aqui?
Tivermos
muitas crises e ciclos na economia, da prosperidade a recessão e depressão
total, posso listar várias bolhas aqui.
A bolha das tulipas (1602), a do Mississipi
(1721), das ferrovias (1857), depois crash da bolsa (1929), guerra dos 6 dias
(1967), crises do petróleo (1973 e 1979), crise Iraque invade Irã (1980) , a Segunda-feira Negra (1987) ,a
crise do peso mexicano(1994), a crise dos Gigantes Asiáticos (1997), a
crise do rublo (1998), a crise das pontocom (2000), as Torres Gêmeas (2001), a
crise argentina (2001-2002), a Grande Recessão (2008) e a crise da dívida
na Europa ( 2009-2010).
Só para citar as mais importantes que
conseguiram abalar o globo, alguns países sofrendo mais ou menos.
Para economistas, as piores foram 1929
e 2008 que poderia ter sido a mais grave, mas a experiências de economistas e
ações de governos arrefeceram o estrago.
Reparem uma coisa o tempo entre as
bolhas foi encurtando.
Em cada país temos crises domésticas
motivadas por erros, inflexão de ciclos, problemas políticos, sempre fatores
exógenos que precipitam ou não os ciclos.
As bolsas são o termômetro disso tudo.
Pela reação dos mercados sentimos o efeito e o impacto de cada crise.
No Brasil o IBOVESPA caiu 15% em um só
dia, é muita coisa. Ação da Petrobrás perdeu 30%, nunca soube de uma queda
deste tamanho.
O mercado é assim, mas vejam como os
ciclos existem, principalmente nas bolsas. As bolsas vão se recuperar, assim
como a produção em choque em alguns países como a China.
Ou seja, não há bem que dure para
sempre e nem mal que nunca termine.
Os mercados estavam com muita
liquidez, aqui no Brasil e no mundo. Uma hora precisa de ajustes e correção de
rumos, no mercado chamamos de realização de lucro. O jogo para funcionar
precisa disso.
Os especuladores dão liquidez ao
mercado, e eles fazem a festa nestes momentos de pânico.
Outro fato que colaborou para o
desastre atual da Bolsa foram a entrada de muitos neófitos, que com a queda dos
juros e da renda fixa resolveram se aventurar no mercado acionário. Sem
experiência, engrossaram a manada.
Efeito manada é o nome disso, pode ser
positivo, mas é raro.
Por definição, efeito manada é a
tendência humana de repetir ações feitas por outras pessoas, ainda mais se
estas forem influentes, esperando assim ter o melhor resultado possível em um
mar de escolhas. Extrapola a teoria dos jogos e do caos. É sempre imprevisível
e não raro causa pânico como assistimos agora.
Quero dizer com isso, o CODVID-19 e a
queda de 30% do preço do petróleo não seriam suficientes para causar este
pânico na economia mundial. Outros fatores precisam estar presentes e eu aponto
um: a liquidez.
Todos os anos têm vírus novo da Ásia,
porque este seria diferente? Oscilações no petróleo são parte do jogo, mas
talvez os dois fatores somados podem ter aumentado o pânico.
Podem apostar que não será o primeiro
e nem foi o último alarde global na economia, o detalhe que cito é o encurtamento
dos prazos entre um ciclo e outro. Pode ser a disrupção tecnológica, pode ser
as redes sociais e a comunicação em tempo real na aldeia, de fato, global e
conectada.
Temos que aprender a conviver com
isso. Agora é contar os mortos e tratar os feridos e esperar a próxima crise, mas o risco de uma recessão mundial acende a luz amarela.
Os governos, a exemplo de 2008, uma das piores crises da história, estão colocando recursos e esforços para mitigar o problema, arrefecer o pânico e diminuir a histeria, que no fundo é normal para estes momentos.