Não é fácil fazer previsões,mas é necessário a gente tentar se antecipar aos fatos, principalmente se eles forem negativos.
Esta figura retrata bem como deverão ser os próximos 2 anos no cenário político,econômico e institucional no Brasil. Nuvens negras no horizonte,não obstante a escolha da nova equipe econômica que merece meu aplauso e meu apoio, pelo menos pelo que representam na teoria e background.
Hoje estamos com nuvens negras,mas a expectativa da mudança para melhor pode dissipá-las e esta equipe, se tiver autonomia e as ferramentas certas, pode consertar as coisas.
Vamos falar rapidamente deles:
- Joaquim Levy- Fazenda - Clique e leia mais Com larga experiência e CV de primeira ele pertence a escola de Chicago e tem pensamento que é considerado ortodoxo e liberal, mas na minha opinião é o que funciona. Ele será o coordenador da equipe Veja este artigo dele: Clique e leia - O Cambio que agrada só por este trecho ele teria meu apoio irrestrito: Como não se controla a demanda externa, a variável-chave para o câmbio acaba sendo o outro componente da demanda pelos produtos nacionais, isto é, a demanda interna. A maneira mais eficaz de acomodá-la, permitindo à moeda ajustar-se, é com menos gastos públicos. Congelamento do crédito e aumento dos impostos de importação são custosos e criam ineficiências e oportunidades para a corrupção. Apesar disso, já foram usados no Brasil, sobretudo nos anos 1950, depois que se queimaram, com estatizações e estímulos ao consumo, as reservas internacionais acumuladas durante a Segunda Guerra Mundial.Essas relações validadas pela história se relacionam com o chamado tripé macroeconômico, porque este reconhece que as políticas monetária e fiscal e o câmbio andam juntos. Menos gasto do governo ajuda a fazer os juros caírem, desestimulando o excesso de entradas de capital e modulando o câmbio.
- Nelson Barbosa -Planejamento- Clique e leia Ele tem também larga experiência e há 2 anos saiu brigado com este governo por não aceitar a "contabilidade criativa" e gerar números "mágicos" para mascarar os erros. Ele ficará a cargo do planejamento. Os programas de investimentos do governo PAC, Minha Casa Minha Vida,etc podem ganhar em eficiência e para fazer o Brasil voltar a crescer precisaremos dos investimentos públicos.
- Alexandre Tombini - Parece boa pessoa e técnico com boa experiência, mas foi submisso a Mantega e Dilma e não exerceu seu papel corretamente, o estouro da inflação (passando da meta ) poderia ser evitado se ele tivesse mais voz e ação.
Algumas considerações,mas para entender uma simples ilação: Quem gasta mais do que arrecada,só vai em frente se tomar dinheiro ou equilibrar as contas:
- O Brasil está mal pelo descontrole das contas públicas a partir do segundo governo Lula. Cansei de alertar aqui. A politicagem e o projeto de poder são a razão disso.
- Muitos indicadores positivos conquistados estão indo para o ralo. Eles precisam retomar as rédeas e a credibilidade na economia e no Brasil.
- Joaquim Levy pode ser um interlocutor de peso e confiável. A economia precisa de um porta voz com credibilidade,coisa que não temos desde a saída de Henrique Meirelles do BC.
- Pela entrevista ontem,antagônica ao pensamento e a pregação da campanha de Dilma,traz alento porque é a mudança do caminho e correção de rumo, mas por outro lado traz a preocupação de como irá ser o embate entre as idéia de Dilma( que se julga economista) e esta nova linha de pensamento e ação. Os petistas mais radicais já começam a chiar.
- Tudo o que foi dito na campanha eleitoral será feito em caminho contrário. A oposição se aproveita e terá munição para o ano legislativo.
- Pontos chaves que notei na entrevista deles:
- Eles combinaram o tom da conversa e todos usaram "cola" previamente feita.
- Ficou claro que vão buscar o equilíbrio fiscal (o maior problema no momento) para evitar a perda do grau de investimento e restabelecer a credibilidade.
- O papel dos bancos públicos será reduzido (quem diria em dona Dilma?) e portanto os novos executivos dos bancos públicos BNDES,BB e CEF são peças importantes no tabuleiro deste xadrez.
- O desafio (sabido e cantado aqui várias vezes) é a busca do crescimento econômico sem esta falácia de crise internacional.
- O segundo maior desafio é voltar a inflação para abaixo da meta e reduzir a meta.
- Cortar gastos públicos (complicado para o PT),mas sem mexer muito nos investimentos públicos,também necessários neste tabuleiro de xadrez para retomar o crescimento.
Minhas conclusões,até aqui:
- Joaquim Levy tem voz e não deverá ser submisso a presidente que até aqui cismou em dar pitaco na economia e arrumou muita confusão e mazelas.
- Meu receio é o jeito dela governar e o pensamento que demonstra o antagonismo com tudo que a nova equipe parece querer e pregar. Quanto tempo vai durar isso?
- O mercado gostou e a linha é boa. Vamos ver agora se na prática a teoria é a mesma, ou será a mesma.
- A questão da corrupção endêmica parece ser atacada e pode arrefecer, eu espero.
- Politicamente a oposição terá que ser responsável frente a grave crise que estamos vivendo. Se o governo der resultado, ela perde a força,se não der,podemos ter mais problemas no cenário institucional,principalmente pela herança ainda não conhecida totalmente,do escândalo da Petrobras
- Impeachment de Dilma? Acho pouco provável pela complexidade do tema,mas existe um cenário para isso e dependendo do que aparecer ai na tsunami do escândalo Petrobras, as coisas podem mudar.
- Economicamente falando, fico aliviado,mas ainda cabreiro, vamos ver os primeiros 3 meses do "novo" governo.
Uma que ouvi do Edmar Bacha da Casa das Garças: Se alguém tivesse dormido no dia da eleição, antes de conhecer o resultado, e acordado ontem na entrevista da equipe econômica acharia que o Aécio tinha ganho a eleição. Faz sentido.
Quanto a presidente, ficarei com uma máxima o Barão de Itararé: O ruim não é mudar de idéias,mas não ter idéias para mudar. Espero que ela tenha mudado de idéia de verdade. Antes de ser crítico, sou brasileiro e quero o melhor para nosso Brasil.